Cia Artesãos do Corpo apresenta ‘Tempo Suspenso’ na Renée Gumiel (SP)

Espetáculo 'Tempo suspenso'. Foto: Fabio Pazzini e Carol Cury

Contemplada no Programa Cena Aberta Funarte 2016, a Cia Artesão do Corpo traz para a Sala Renée Gumiel o espetáculo de dança Tempo Suspenso, que tem como ponto de partida a situação dos refugiados que chegam à cidade de São Paulo e dos espaços que os acolhem. As apresentações são gratuitas e ocorrem no período de 3 a 19 de junho de 2016.

A montagem, contemplada também no 18º edital do Programa de Fomento à Dança para a Cidade de São Paulo, nasceu de inquietações e de questionamentos sobre os efeitos que a perda e a busca de um lugar provocam no corpo, e sobre a capacidade humana de redesenhar mapas próprios. Como “partir sem olhar para trás, sem levar nada?” “Quais as últimas imagens da destruição que permanecem no olhar?” Será que as pessoas se verão novamente?”

A diretora do grupo, Mirtes Calheiros, conta que a ideia começou a se concretizar durante um período de residência na Pastoral Migrante, em São Paulo: “foi nas escadarias, ouvindo a melodia de tantos idiomas, vendo as imagens de seus celulares, e a magnífica capacidade de superar o horror que acabaram de viver, que iniciamos a criação de Tempo Suspenso. Logo descobrimos que suas necessidades prementes de trabalho, moradia e afeto se igualam às de milhares que aqui vivem”.

O espetáculo é dividido em duas partes. Na primeira, mais lenta, a movimentação dos corpos dos bailarinos apresenta um panorama dos deslocamentos. Já a segunda foca na chegada dos imigrantes em São Paulo. Para Mirtes, “o palco é o local de refúgio e acolhimento dessa geografia em trânsito, um espaço em que memórias diversas se cruzam e entrecruzam. No corpo, estão os registros dessa incessante procura por um lugar onde seja possível dançar suas histórias, lembranças e ausências”.

Ao se debruçar sobre o estudo de “estados físicos e de situações em suspensão”, a peça dá continuidade à pesquisa da companhia, que busca provocar a sensibilidade do espectador para temas de interesse no mundo contemporâneo por meio de espetáculos, intervenções e performances. A Artesãos do Corpo “já olhava para as questões da imigração e, durante uma apresentação em Portugal, na cidade de Lisboa, houve a certeza do tema para os próximos trabalhos do grupo”, conta a diretora. “O Mar Mediterrâneo começava a virar um cemitério e aquilo me tocou de uma forma diferente. A questão do refúgio é um desafio mundial e, enquanto as nações repetem velhas estratégias de exclusão do diferente, o tempo permanece suspenso”, conclui.

Sobre a Cia. Artesãos do Corpo: criada em 1999 pela socióloga e bailarina Mirtes Calheiros, a Cia. Artesãos do Corpo é formada por bailarinos, performers, atores e pesquisadores de artes cênicas. A companhia já participou de festivais em diversas cidades do Brasil e também em Portugal, na Bélgica, na Itália e na Argentina. Utilizando o palco e locais não convencionais como espaços de atuação, desenvolve uma pesquisa focada na diluição das fronteiras entre dança-teatro-performance e na investigação urbano-coreográfica dos processos de influência, alteração e diálogo entre o corpo e a cidade. Tendo como premissa a diversidade e a pluralidade na formação de seu elenco, a Artesãos do Corpo leva ao palco a cada novo trabalho um mosaico de referências estéticas e de percepções corporais distintas, criando inúmeras possibilidades coreográficas a cada tema proposto. Os principais espetáculos já apresentados foram Desnudar, Dormienti, Senhor Calvino, Valparaíso, Sobre o Começo ou o Fim, Olhar Urbano, Cecília, Cordeiro, Estudos Sobre o Desejo, Teatro na Janela e Espasmos Urbanos. Atualmente, a companhia dedica-se à pesquisa de estados físicos e meditativos que estimulem o intérprete à criação cênico-coreográfica a partir de situações de presença e de sua posterior ressignificação para a cena. Essa nova etapa tem como perspectiva os constantes processos de construção e de desconstrução do corpo. A companhia também desenvolve, desde 2006, o Festival Internacional de Dança em Paisagens Urbanas – Visões Urbanas. A proposta é criar mecanismos de intervenção da dança no cotidiano da cidade. O festival integra a rede CQD – Cidades que Dançam.

Programa Cena Aberta Funarte 2016 – SP

Espetáculo de dança: Tempo Suspenso
De 3 a 19 de junho | Sextas e sábados, às 19h30; domingos, às 18h
Sala Renée Gumiel – Complexo Cultural Funarte SP

Com: Cia Artesãos do Corpo | Direção e coordenação artística: Mirtes Calheiros | Intérpretes: Ederson Lopes, Fany Froberville, Leandro Antonio, Margarita Ma. Milagros, Mirtes Calheiros e Rodrigo Caffer | Iluminação: Carlos Gaucho | Pesquisa musical e sonoplastias: Marcelo Catelan | Orientação “MA”: Michiko Okano | Professores: José “Sensei” Bueno (aikido), Renee Lenard (chi kung), Toshi Tanaka (do-ho) e Ederson Lopes (yoga) | Objetos de madeira: Fany Froberville | Figurino: Núcleo Artístico Artesãos do Corpo, com coordenação de Margarita Ma. Milagros | Fotos: Fabio Pazzini e Carol Cury | Projeto Gráfico: Bruno Pucci | Estudos teóricos: Marcelo Haydu (migração/sociologia) | Residência artística: Pastoral do Migrante – Missão Paz.

Duração: 75 minutos | Classificação etária: 14 anos
Entrada franca

Informações ao público:
(11) 3662-5177
funartesp@gmail.com

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