Metáforas literárias inspiram dança contemporânea no DF

Cleani Marques Calazans em 'Confluência das Coisas In(úteis)'. Foto: Nityama Macrini

Trechos da obra do poeta Manoel de Barros e do escritor Ondjaki que remetem ao chão e às identidades pessoais formam o eixo temático da coreografia Confluência das Coisas In(úteis), com estreia marcada para o dia 24 de junho (sexta), no Teatro Plínio Marcos do Complexo Cultural Funarte Brasília.

Contemplada pelo Programa Cena Aberta 2016, da Funarte, e pelo Fundo de Apoio à Cultura (FAC), da Secretaria de Cultura do DF, a obra recebe a direção da atriz e bailarina Cleani Marques Calazans – também intérprete no espetáculo, em duo com Júlio César Campos.

A diretora descreve seu trabalho como um convite, não só à visitação aos “muitos que somos”, mas a um percurso pelas “diferentes fabulações de nós mesmos”. Segundo ela, a narrativa discute a importância de serem observados pequenos acontecimentos (vistos como inúteis) que confluem, ao longo da vida, para a formação da identidade de cada ser humano.

O poeta brasileiro Manoel de Barros (1916-2014) faz referências, em sua poética, ao chão e ao barro como metáforas da construção de uma identidade única e individual. Já o escritor angolano radicado no Brasil Ondjaki (Ndalu de Almeida, 1977-) reverencia Manoel de Barros com o poema Chão, em que sintetiza num último verso: “apetece-me chãonhe-ser-me”.

É a partir dessas duas fontes inspiradoras que surge Confluência das Coisas In(úteis), espetáculo onde, “numa espécie de mimetismo do ser com as coisas, o movimento se mistura à palavra, ao som, à imagem projetada. O corpo é o lugar, o corpo é também o seu chão”, define Cleani. A coreografia, conclui ela, “construiu-se através da transdisciplinaridade das linguagens artísticas dança, teatro, artes plásticas, música e vídeo, criando uma atmosfera surreal através da relação com objetos, imagens, figurinos e sons, sobretudo com o chão. Cenas e situações serão construídas e desconstruídas, e perderão seu significado comum para ganhar novas apreciações, a depender do olhar de quem vê”.

Sobre Cleani Marques Calazans: Bailarina, atriz, coreógrafa, diretora e produtora, Cleani Marques Calazans é formada em dança, teatro e música. É coreógrafa do corpo de baile do Ponto de Cultura Garatuja, de São Sebastião. Iniciou sua carreira como bailarina clássica, em 1986. Possui formação em ballet clássico pela Academia de Dança Clássica de Brasília; em violino e canto lírico pela Escola de Música de Brasília; e especialização em dança clássica e moderna pela Academy Steps (New York/EUA), além de diversos cursos livres e oficinas em dança contemporânea e teatro com profissionais como Angel Vianna, Lia Rodrigues e Ivaldo Bertazzo. Participou profissionalmente dos grupos Cio da Dança; Beton Cia. de Dança; Alaya Núcleo de Dança e Grupo Margaridas. No teatro, atuou em duas peças sob a direção dos irmãos Guimarães: As Caixas de Eva (2001) e Felizes para Sempre (2002). Na música, participou de recitais, óperas e apresentações da Escola de Música de Brasília, na orquestra infanto-juvenil, como violonista, e no coro técnico, como cantora lírica. Como coreógrafa desenvolveu alguns trabalhos para teatro: A Poxete da Lalá (1998); O Moço Bom e Obediente (1999) e No Fundo do Sítio (2000). Produziu, na dança, o infantil Canta e Dança Vinícius e Toquinho (1996). A partir de 2004 atua como produtora de seus trabalhos autorais e do grupo Margaridas Dança, como: Objeto, um Sujeito à Prova (2005); Tulipa (solo autoral, 2005); São? (solo autoral, 2006); Samambaia (2008); Excesso de Bagagem (solo autoral, 2009); Margaridas Convida (2010); Distração Essencial ou a Difícil Tarefa de Lembrar-se de si Mesmo (solo autoral, 2011), Buquê (2012) e Lua Negra (2013).

Sobre Júlio César Campos: Dançarino graduado no curso de Artes Plásticas pela Fundação Brasileira de Teatro/DF. Estendeu sua formação acadêmica à música e ao teatro, na Escola de Música de Brasília, ULM e no Instituto Hebraico, estes dois últimos em São Paulo. Estudou ballet clássico em São Paulo com Ismael Guizer, Marika Gidali e Ilara Lopes, e foi aluno da Escola de Bailados do Municipal de São Paulo. Em Brasília estudou ballet clássico com Gisele Santoro, Regina Maura e Norma Lília, e dança contemporânea com Lenora Lobo e Maura Baiocchi. Como bailarino contemporâneo convidado trabalhou 20 anos em São Paulo, no grupo de dança Uirapuru, e em Brasília, no grupo de dança contemporânea Alaya. Apresentou-se em 30 espetáculos, três mostras e dois festivais de dança e música, além de performances em eventos culturais. Com o Grupo Margaridas integrou os elencos de Buquê e Ritmo de Forma Silenciosa, como também das videodanças De Água nem tão Doce; Retina; Abs8- S3 – x0, Eixo Monumental dos Prazeres, Saída Sorte e São Sebastião – DF, videodança 3, da série Pequenas Criaturas.

Programa Cena Aberta Funarte 2016

Espetáculo: Confluência das Coisas In(úteis)
De 24 a 26 de junho | Sexta e sábado, às 20h; domingo, às 19h*

Direção e coreografia: Cleani Marques Calazans | Assistente de direção: Laura Virgínia | Bailarinos: Cleani Marques Calazans e Júlio César Campos | Ensaiador: Beneto Luna Reis | Iluminação: Marcelo Augusto Santana | Cenário e figurino: Júlio Cesar Campos, Val Santos e Cleani Marques Calazans | Cenoctécnico: Eduardo Manzano | Trilha sonora: Phil Jones | Vídeo e operação de vídeo: Eufrasio Prates | Diretora de produção: Jaqueline Calazans | Produção executiva: Nityama Macrini | Assistente de produção: Cleani Marques Calazans | Assessoria de imprensa: Casa da Redação | Assessoria de comunicação e web designer: Mariana Macrini | Arte gráfica: Érica Pacheco | Fotografia: Nityama Macrini

Duração: 60min | Classificação etária: livre

Entrada gratuita

*Dias 28 e 29 de junho, o espetáculo cumpre temporada no Teatro Plínio Newton Rossi, no SESC Ceilândia Norte

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