Depois de circular por teatros de Salvador, Porto Alegre e São Paulo, o grupo As Caixeiras Cia. de Bonecas encerra no Teatro Plínio Marcos, do Complexo Cultural Funarte Brasília, a temporada nacional de seu espetáculo Tecendo volúpias, sob a direção de Catarina Accioly.
A montagem explora o teatro de objetos e o cinema para promover o encontro do feminino com diversos tipos de volúpia. Em cena, três atrizes alternam-se na execução de ações tidas como rotineiras entre mulheres, como cozinhar, arrumar-se para trabalhar, lavar o chão ou fazer tricô.
Mas objetos de uso comum a esses cotidianos, como linhas e um aspirador de pó, vão aos poucos sendo ressignificados, até provocarem momentos de ruptura que transpõem a banalidade do dia a dia rumo à imaginação e ao sonho, num êxtase de sentidos. No palco, uma trilha sonora original é executada ao vivo e dialoga com as cenas.
“O maior desafio foi mergulhar no oceano feminino, desvendar quais tipos de volúpias gostaríamos de experimentar na cena”, conta a diretora Catarina Accioly. “O trabalho foi desenvolvido a várias mãos: atrizes, eu na direção e o estímulo precioso dos meus parceiros William Ferreira e Luana Proença”, completa ela. Este mergulho descrito por Catarina trouxe à tona, no final do processo, os mais variados tipos de volúpia, como a sexual, a alimentar, a idílica, a amorosa, a paranóica, a violenta e a infantil.
As Caixeiras Cia. de Bonecas iniciaram as pesquisas para este espetáculo em 2011, ano de estreia da primeira temporada, sob a direção de José Regino. Já na segunda apresentação, em 2013, a peça surgiu remontada, com novas e diferentes cenas, marcas e figurinos. Em 2014, as atrizes trouxeram ao palco uma terceira versão, que ainda desejavam aprimorar. As pesquisas sobre o tema continuam e, em 2016, o grupo convida a encenadora e cineasta Catarina Accioly para a direção do espetáculo, agora com novo nome.
O que motivou a continuidade das investigações – explica o grupo – foi “o desejo de trabalhar mais profundamente a temática do feminino, trazendo para cena situações e discursos contundentes. Abordar como e quais são os papéis sociais da mulher que hoje são banalizados e que desvalorizam e tratam com inferioridade o gênero feminino. Abordar situações de empoderamento da mulher partindo da ressignificação de seu papel na cena, transportando a situação de banalidade cotidiana para um espaço mais simbólico e arquetípico. Explorar o seu lado oculto, sagrado e de volúpia”, explicam as atrizes.
Sobre a companhia: O grupo As Caixeiras Cia. de Bonecas foi criado em 2007, em Brasília, com o objetivo de pesquisar o teatro “lambe-lambe”, estilo teatral que apresenta pequenas encenações de curta duração dentro de reduzidas caixas cênicas. A partir dessa pesquisa a companhia criou seus primeiros espetáculos, tornando-se pioneira do gênero na região onde atua. Desde então, As Caixeiras realizam oficinas e eventos com a meta de difundir cada vez mais esse estilo teatral.
As Caixeiras também pesquisam e criam espetáculos de teatro de formas animadas, linguagem teatral que concentra os estudos e práticas estéticas do grupo. Suas montagens se aprofundam dentro de cada “modalidade” do teatro de animação: teatro lambe-lambe e miniatura, teatro de objetos e teatro de bonecos.
Espetáculo Tecendo Volúpias
Dias 9, 10 e 12 de fevereiro | Quinta e sexta, às 20h; domingo, às 19h
Com: As Caixeiras Cia. de Bonecas | Direção e encenação: Catarina Accioly | Intérpretes criadoras: Amara Hurtado, Jirlene Pascoal e Mariana Baeta | Músicos em cena: Lupa Marques e Munha da Sete | Conselheiros artísticos: Luana Proença e William Ferreira | Figurino: Catarina Accioly | Cenário: As Caixeiras, Catarina Accioly, Consola | Desenho de luz e operação: Marcelo Augusto | Realização: As Caixeiras Cia. de Bonecas | Patrocínio: Fundo de Apoio à Cultura do DF
Duração: 1h10m | Classificação etária: 14 anos
Entrada franca
Local: Teatro Plínio Marcos do Complexo Cultural Funarte Brasília
Endereço: Eixo Monumental – Setor de Divulgação Cultural. (Entre a Torre de TV e o Centro de Convenções)
Tel: (61) 3322-2032