Em uma homenagem ao artista de circo, ator, autor e diretor, Luiz Olimecha, na última terça-feira, dia 13, a Fundação Nacional de Artes – Funarte mudou oficialmente o nome da sua escola de artes circenses para Escola Nacional de Circo Luiz Olimecha. A placa foi descerrada após a missa celebrada pelo Padre Alex Coelho Sampaio, ex-aluno da primeira turma da instituição, que contou com a participação do violinista Thiago Proença de Paula.
Luiz Olimecha foi um dos fundadores da ENC em 1982, juntamente com o empresário e produtor teatral Orlando Miranda, e faleceu em 15 de maio deste ano. Durante a celebração, o Padre Alex lembrou com carinho do início da Escola, onde ele entrou aos 14 anos de idade. “Muitas pessoas da cidade, que não eram de família circense, como eu e Toquinho, podiam entrar para uma escola e aprender. Esse sonho se tornou realidade. Depois de 35 anos, quantas turmas foram formadas, quantos alunos passaram por aqui?”, disse em tom questionador, afirmando que ainda sonha com a Escola e lembra quando estava ensaiando e Olimecha, ao passar por ele, sempre lhe sorria.
Após a cerimônia religiosa, Toquinho e Raul, viúva e filho de Luiz Olimecha, descerraram a placa, ao lado de Orlando Miranda e do presidente da Funarte, Stepan Nercessian, e depois subiram no topo da lona e, juntos, jogaram as cinzas do homenageado e abraçaram-se emocionados. Durante toda a cerimônia, Toquinho e Raul não conseguiram conter as lágrimas. Ela agradeceu a presença de todos e em especial a Stepan e ao ex-presidente da Funarte, Humberto Braga.
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“Foram 31 anos de convivência. Agradeço muito a ele o que eu sou hoje. Mesmo se eu não fosse a mulher dele, eu ainda estaria aqui na frente agradecendo. Era um bom amigo, uma boa pessoa, só fazia o bem para todo mundo. E é isso que eu levo dele”, disse emocionada Toquinho.
Raul Olimecha lembrou que o pai “nunca teve a Escola como um trabalho e sempre teve os professores todos como irmãos. Hoje não estamos celebrando só a missa do meu pai.Todo mundo aqui perdeu um pai.”, afirmou.
Para Stepan Nercessian, Luiz Olimecha apontava caminhos e, quando sonhou a Escola Nacional de Circo, não pensou em si, mas na grande família do circo brasileiro. “Nada se constrói nessa vida se ao for a partir de um sonho”, ressaltou. Em sua opinião, a lei que impede dar nomes a ruas, prédios públicos a pessoas vivas é um equívoco. “Eu gostaria imensamente de ter dado a essa Escola o nome dele em vida”, afirmou. E acrescentou: Stepan: “Eu atendi a um clamor da classe artística circense. Aqui era a casa do Luizinho. Ele era muito positivo, não olhava crise, via sempre solução. Estou muito feliz de poder participar deste momento”.
Humberto Braga também foi um dos que participaram do início da Escola Nacional de Circo. “Eu participei desde o início, quando Olimecha começou a traçar uma política nacional para a área de circo, no momento em que o Serviço Nacional de Teatro abria seu leque para as outras áreas de artes cênicas. Olimecha me instigou muito. Eu andava pelo Brasil todo me reunindo com o pessoal de teatro e chamando as pessoas de circo para participar. Para mim, a importância de Olimecha vai muito além da ENC. Ele traz o circo para um outro patamar de dignidade, de respeito, no âmbito das artes cênicas, que não tinha na época”, destacou.
Orlando Miranda lembrou com carinho do amigo: “essa história começou há mais de três décadas, quando a gente sentia a necessidade de poder fazer uma interação das artes cênicas – teatro, circo, dança e ópera. Naquela ocasião, Olimecha tinha ânsia de fazer uma escola de circo, a exemplo do que estava acontecendo no Brasil inteiro, com o surgimento de muitas escolas de circo. Era a hora de se começar a pensar no desenvolvimento do artista circense. Havia uma política geral de que essa escola existisse sem que houvesse nenhuma interferência no modo de fazer circense, mas que houvesse a partir de então um grande entrosamento com as outras áreas de artes cênicas”, contou.
O coordenador de Circo da Funarte, Marcos Teixeira, servidor da Fundação há 33 anos, dos quais 10 na Coordenação de Circo, também falou sobre o papel fundamental de Olimecha para a ENC e o circo brasileiro. “Essa homenagem é um reconhecimento a quem começou todo esse sonho da Escola Nacional de Circo. Foi graças à coragem e dedicação dele que essa escola fantástica que é hoje se tornou possível.”
O diretor da ENC, Carlos Vianna, disse guardar os ensinamentos do amigo. “Para mim, é uma grande honra prestar esta justa homenagem ao Luiz Olimecha. Se essa escola existe hoje é pelo trabalho bem realizado por ele e pelo Orlando. Luiz sempre foi um grande amigo, me deu muito apoio e muitos conselhos. Só tenho a agradecer a ele. Essa homenagem é para tentar devolver um pouco do muito que ele fez deu pra escola”, afirmou.
Ginaldo Souza, atual diretor do Centro de Artes Cênicas da Funarte, ressaltou que Olimecha foi uma voz única na Funarte. “Ele foi presidente do sindicato dos artistas antes de ser diretor da escola. Minha ligação com a escola vem de muitos anos, apesar de eu nunca ter acompanhado de perto. Sou amigo do Orlando há muito tempo. Eu tinha um sítio em Rio das Ostras (RJ) e, a apedido dele, e eu trazia o que sobrava para contribuir com a alimentação oferecida aos alunos. Fico muito orgulhoso de a escola ser uma referência internacional para o ensino de artes circenses, tendo formado grandes artistas e grupos circenses que hje são famosos no Brasil e no mundo, como Intrépida Trupe. Anônimo, Irmãos Brotheres, entre outros. Já na gestão do Olimecha como diretor da escola, ela foi considerada a terceira melhor escola do mundo!
Estiveram presentes à homenagem amigos, parentes, artistas, donos de circos, alunos e ex-alunos da escola. Representando a Funarte, também estava o diretor executivo, Reinaldo Verissimo, e servidores e colaboradores da instituição.
Conheça a história da Escola Nacional de Circo Luiz Olimecha