Um dos nomes brasileiros de maior projeção internacional nas artes visuais, o carioca Hélio Oiticica (1937-1980) é o tema do vídeo que a Fundação Nacional de Artes – Funarte disponibiliza em seu portal a partir desta quarta-feira, dia 2 de agosto, como parte das comemorações pelos 80 anos de nascimento do artista, completados em 26 de julho. O vídeo, produzido pela Coordenação de Difusão e Pesquisa da Funarte – ligada ao Centro de Programas Integrados (Cepin) –, relembra grandes momentos da trajetória de Oiticica através dos depoimentos de quatro personagens: seu irmão César Oiticica, o professor de teoria da arte Fernando Cocchiarale, o diretor do Centro de Artes Visuais da Funarte, Xico Chaves, e o músico Jards Macalé.
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“Eu não sou expert em Hélio Oiticica, sou amigo do Hélio!”, adverte Macalé, numa das falas iniciais do vídeo, antes de relembrar histórias que guardou da amizade iniciada em meados da década de 1960 e que durou até a morte do artista, em março de 1980, vítima de um acidente vascular cerebral. Homenageado por Oiticica com o penetrável “Macaléia” (concebido em 1978 e realizado post-mortem, em 2010), o cantor e compositor relembra que foi a convite do artista que subiu pela primeira vez o morro da Mangueira e contribui para o vídeo interpretando sambas como “Favela” (Padeirinho e Jorginho Pessanha) e “Luz negra” (Nelson Cavaquinho e Amâncio Cardoso).
As raízes de Hélio Oiticica e o ambiente familiar da infância são relembrados pelo arquiteto César Oiticica, irmão dois anos mais novo que Hélio e dois anos mais velho que o caçula, o médico Cláudio Oiticica. “Ao contrário da maioria das pessoas, a gente era ensinado em casa a pensar pela própria cabeça”, conta César, que destaca a importância do avô paterno, o professor anarquista José Oiticica (1882-1957), na criação dada a ele e aos irmãos. “Enquanto foi possível, ele manteve a gente estudando em casa”, relembra o arquiteto, que em 1981 fundou, juntamente com Cláudio Oiticica, o Projeto Hélio Oiticica – que desde então atua na preservação e na divulgação da obra do irmão.
Já o Diretor do Centro de Artes Visuais da Funarte, Xico Chaves, ressalta a importância de Hélio Oiticica na relação do público com a obra de arte. “A gente acha que as artes visuais são uma coisa de contemplação, né? Não, ele quebra isso. A obra é participativa, é interativa. Você entra nela”, frisa Xico, numa referência aos parangolés, penetráveis, bólides e outras formas de arte exploradas pelo personagem do vídeo. “Sem Hélio Oiticica, a gente talvez não tivesse a arte contemporânea que temos hoje no Brasil. Ele, Lygia Pape, Lygia Clark e todo o pessoal do movimento neoconcreto”, afirma Xico Chaves. E completa: “Eles é que difundem essa arte brasileira pro exterior”.
As múltiplas formas da arte de Hélio Oiticica são também um dos temas abordados pelo professor de História da Arte Fernando Cocchiarale: “Eu poderia dizer que o projeto do Hélio Oiticica pode ser resumido como a busca das possibilidades da pintura depois do quadro. Ele entendeu muito rapidamente que o quadro não fazia parte da natureza da pintura, porque a pintura não tem natureza”, diz. Para Cocchiarale, Hélio é “uma influência importantíssima para a arte brasileira. É um dos maiores artistas brasileiros de todos os tempos. Não tenho dúvida nenhuma disso”, sentencia.
Com duração de 29 minutos, o vídeo “Hélio Oiticica” é ilustrado com reproduções e fotografias gentilmente cedidas pelo Projeto Hélio Oiticica.