Funarte lamenta morte do cantor e compositor Luiz Melodia

O cantor e compositor Luiz Melodia morreu na madrugada desta sexta-feira, dia 4, aos 66 anos, em decorrência de complicações de câncer na medula óssea. Filho do funcionário público, sambista e compositor Oswaldo Melodia, de quem herdou o nome artístico, Luiz Carlos dos Santos era cantor e compositor de MPB, rock, blues, soul e samba. O artista deixa a viúva Jane Reis, sua empresária e cantora, e filho Mahal Reis, rapper.

Luiz Melodia foi um dos artistas do Projeto Pixinguinha, em 1979, ao lado de Zezé Motta e Marina Lima. O espetáculo liderado por ele e Zezé Motta, ambos popularíssimos na segunda metade da década de 70, foi realizado em outubro e novembro daquele ano. A turnê passou pelo Rio de Janeiro, por São Paulo, Curitiba, Porto Alegre, Belo Horizonte e Brasília. Dirigido por Milton Pina, o show era aberto por “Magrelinha”, de Melodia, que mais adiante cantava músicas como “Estácio, Holly Estácio”, “Juventude Transviada” e “Pérola Negra”.

Essas e outras curiosidades sobre o Projeto Pixinguinha de 1979 podem ser conferidas aqui no Brasil Memória da Artes.

Acompanhe a trajetória do artista também no Estúdio F, do Brasil Memória das Artes.

Luiz Melodia nasceu em 7 de janeiro de 1951, no Morro de São Carlos, no Estácio (RJ) –  bairro conhecido como berço do samba, onde Ismael Silva fundou a “Deixa Falar”, pioneira das agremiações carnavalescas cariocas. Começou sua caminhada na música após ver seu pai tocando em casa. O menino Luiz Carlos cresceu jogando bola na favela e dançando nas rodas com os músicos da escola de samba Estácio de Sá. O artista começou sua carreira musical em 1963, com o cantor Mizinho, ao mesmo tempo em que trabalhava como tipógrafo, vendedor, caixeiro e músico em bares noturnos. Em 1964, formou o conjunto musical “Os Instantâneos”, com Manoel, Nazareno e Mizinho.

Compositor de ‘Pérola Negra’ e outros grandes sucessos
Seu álbum de estreia, “Pérola negra”, considerado um dos melhores discos da MPB de todos os tempos, foi lançado em 1973, quando ele tinha somente 22 anos de idade. O LP tinha produção e arranjos do baiano Perinho Albuquerque, que assinava como diretor musical.

Na década seguinte, realizou diversos shows, inclusive na Europa, cantando samba-funk, reggae e samba. Participou de regravações populares, como “Codinome beija-flor” (de Cazuza, Ezequiel Neves e Reinaldo Arias) e “Broto do jacaré” (Roberto e Erasmo). Foi “adotado” por intelectuais da zona sul do Rio e pelos “baianos”. Na década de 70, no Teatro Opinião, apresentou o espetáculo batizado de “Estácio Blues”. Mais tarde, sua música “Estácio holly Estácio”,  na voz da cantora Maria Bethania, chamaria atenção do Brasil para o jovem e talentoso compositor.

Consolidado com sucessos como “Maravilhas contemporâneas” (1976), disco que trazia outros dois clássicos de sua autoria, “Juventude transviada” e “Congênito”, e “Mico de circo” (1978), que emplacou sua gravação consagrada de “A voz do morro”, de Zé Keti. Nos anos 1980, com discografia menos inspirada, seguiu compondo pérolas como “Só” e firmou-se como intérprete, a partir de sua gravação de “Negro gato” (Getúlio Côrtes).

Melodia ficou 13 anos sem lançar projetos autorais. Em 2014, lançou seu último disco: “Zérima”, que lhe rendeu elogios da crítica e valeu o reconhecimento como melhor intérprete no Prêmio da Música Brasileira, em 2015.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *