‘Cena contemporânea’ está de volta à Funarte Brasília

Coreografia 'Velejando desertos remotos', de Marcos Buiati. Foto: Thiago Sabino

A partir de quinta-feira (24), o Teatro Plínio Marcos do Complexo Cultural Funarte entra no roteiro do Cena contemporânea – Festival internacional de teatro de Brasília, evento de artes cênicas reconhecido no Brasil e no mundo que chega, em 2017, à sua 18ª edição.

Este ano, a curadoria do Cena contemporânea reafirma seu “compromisso com a esfera do pensamento” e apresenta uma programação alinhada com os tempos atuais. Os espetáculos levados pelo projeto aos teatros do Distrito Federal oferecem, com a qualidade artística que o festival impõe, “proposições para um futuro mais justo e humano”. Temas relacionados às minorias políticas, sociais e estéticas no mundo contemporâneo passam pelos palcos, nas 22 montagens que formam a grade de espetáculos.

Como nas edições anteriores, o evento não se resume à apresentação de trabalhos em teatro ou dança. Atividades formativas, debates e lançamentos de publicações especializadas também se espalham por Brasília e regiões administrativas do DF durante estas quase duas semanas de festival. O Cena expandida, por exemplo, é um dos desmembramentos da programação teatral que reunirá pensadores, críticos, acadêmicos, artistas e público, em debates sobre estética, política e as alavancas de que dispomos para um futuro melhor.

Também há inscrições abertas para algumas das oficinas das Atividades formativas, segmento do Cena contemporânea que propõe uma reflexão sobre o momento atual e o papel da arte neste contexto. Outro braço do projeto, fora das encenações, são os Encontros do cena, espaço de debates e busca de alternativas para a internacionalização do teatro brasiliense e nacional.

Não podia faltar, também, o Ponto de encontro, pensado pela organização do evento como um lugar democrático de congraçamento e intercâmbio entre públicos e elencos. Mais ainda: nesta 18ª edição, duas atividades associadas se incorporaram às atrações do Cena contemporânea: o Buraco do jazz, no Museu Nacional de Brasília, e o festival Primeiro olhar, que traz seis peças teatrais – uma delas francesa – para crianças de 0 a 5 anos de idade.

O festival Cena contemporânea acontece entre 22 de agosto (terça) e 3 de setembro (domingo), em espaços de Brasília e de regiões administrativas do Distrito Federal.

SERVIÇO
18º Cena contemporânea – Festival internacional de teatro de Brasília
De 22 de agosto a 3 de setembro


PROGRAMAÇÃO NO TEATRO PLÍNIO MARCOS DO COMPLEXO CULTURAL FUNARTE

Tremor and more (Herman Diephuis/França)
Dia 24 de agosto | Quinta, às 19h
Solo de Herman Diephuis especialmente criado para explorar a capacidade de transformação do jovem dançarino brasileiro Jorge Ferreira, que conheceu em outubro de 2016 durante um workshop em Brasília. O trabalho parte do tremor como movimento inicial, princípio, repetição e intervalo de tempo como condição para chegar a momentos de grande vigor físico, marcado por intervalos de quietude.
Concepção e coreografia: Herman Diephuis | Colaboração e interpretação: Jorge Ferreira | Produção: Associação ONNO | Coprodução: Rencontres chorégraphiques internationales de Seine-Saint-Denis | Apoio: CND – Centre national de la danse, accueil en résidence, do Instituto Francês no Brasil e Fondation d’entreprise Hermès
Duração: 30min | Classificação etária: livre
Ingressos: R$20 (meia: R$10). Bilheteria abre no dia do espetáculo, às 16h. Não aceita cartão

Simbad, o navegante (Circo mínimo/SP)
Dias 26 e 27 de agosto | Sábado e domingo, às 17h
Quarta encenação da companhia paulista Circo mínimo, duas vezes premiada como o melhor espetáculo infantil, Simbad, o navegante é uma adaptação do clássico de As mil e uma noites, contada em um cenário todo de bambus, que também dão suporte para acrobacias em cena. No original, dois Simbads de diferentes profissões representam a dualidade do ser humano. No espetáculo, quem conta a história são dois palhaços que se confrontam contando suas histórias e brigando para ver quem será o herói.
Com: Ronaldo Aguiar e Rodrigo Matheus | Direção: Carla Candiotto | Texto: Alexandre Roit, Rodrigo Matheus e Carla Candiotto, a partir de As mil e uma noites.
Duração: 60min | Classificação etária: livre (recomendado para crianças a partir de 5 anos)
Ingressos: R$20 (meia: R$10). Bilheteria abre no dia do espetáculo, às 16h. Não aceita cartão

Duas gotas de lágrimas num frasco de perfume (Criaturas Alaranjadas Cia. de Teatro/DF)
Dia 28 de agosto | Segunda, às 21h
Num diálogo com o clássico Esperando Godot, de Samuel Beckett, a história mergulha no relato de famílias de desaparecidos políticos da ditadura militar. A narrativa é contada sob o ponto de vista de mães, filhas e companheiras, que têm em comum a dor de não saber o destino dado a seus entes queridos. Inspirado no drama de Rosa Monteiro Guimarães, mãe de Honestino Guimarães, que morreu sem realizar o sonho de enterrar o filho.
Direção e dramaturgia: Sérgio Maggio | Diretor assistente: Gilson Cezzar | Coordenação artística, concepção de cenário e figurino: Jones de Abreu | Artistas-criadores: Gabriela Correa, Gelly Saigg, Sílvia Paes, Tainá Baldez e Tiago Ianuck | Desenho de luz: Vinícius Ferreira | Preparação vocal: Matheus Avlis | Coordenação técnica, desenho e operação de som: Emmanuel Queiroz | Operação de luz: Gilson Cezzar | Fotografia: Sartoryi Sartoryi e Sergio Martins | Design gráfico: Jana Carvalho | Direção de produção: Ana Paula Martins | Realização: Criaturas Alaranjadas Cia. de Teatro
Duração: 70min | Classificação indicativa: 12 anos
Ingressos: R$20 (meia: R$10). Bilheteria abre no dia do espetáculo, às 16h. Não aceita cartão

Guerrilheiras ou para a terra não há desaparecidos (Georgette Fadel/SP)
Dias 30 e 31 de agosto | Quarta e quinta, às 19h
Homenagem à trajetória de 12 mulheres mortas na Guerrilha do Araguaia, um movimento de resistência à ditadura militar que pôs em confronto 5 mil soldados do Exército e 69 guerrilheiros, entre 1972 e 1975. Os corpos das mulheres assassinadas nunca foram encontrados. O espetáculo busca dar voz a essas combatentes, como forma de refletir sobre a violência contra a mulher nos dias atuais, falar de desigualdade e lutar contra o esquecimento. Curiosidade: a figurinista Desirée Bastos escolheu cerca de 50 peças de roupa que haviam sido enterradas às margens do rio Araguaia. Desenterradas e lavadas, elas compõem o figurino da peça.
Idealização: Gabriela Carneiro da Cunha | Texto: Grace Passô | Direção: Georgette Fadel | Com: Carolina Virgüez, Sara Antunes, Daniela Carmona, Mafalda Pequenino, Fernanda Haucke, Gabriela Carneiro da Cunha | Direção audiovisual: Eryk Rocha
Duração: 80min | Classificação etária: 14 anos
Ingressos: R$20 (meia: R$10). Bilheteria abre no dia do espetáculo, às 16h. Não aceita cartão

Velejando desertos remotos (Marcos Buiati /DF)
Dia 1º de setembro | Sexta, às 19h
Espetáculo de dança livremente inspirado no livro As cidades invisíveis, de Ítalo Calvino. A encenação é ancorada numa atmosfera onírica, criando relações entre dois viajantes que velejam sós, em busca de si mesmos. Seguindo os caminhos do grande explorador Marco Polo, personagem central do livro, a viagem e o deserto servem de metáfora para a descoberta da vastidão existente dentro de cada um, na cena ou fora dela. Aqui, a busca do lugar almejado apenas se torna possível quando se está em constante movimento.
Direção e coreografia: Marcos Buiati | Assistência de coreografia: Edson Beserra | Dançarinos: Iago Gabriel Melo e Marcos Buiati | Iluminação: Marcelo Augusto | Figurinos: Nina Maria | Produção: Composto de ideias
Duração: 50min | Classificação etária: 12 anos
Ingressos: R$20 (meia: R$10). Bilheteria abre no dia do espetáculo, às 16h. Não aceita cartão

A paz perpétua (Aderbal Freire-Filho/RJ)
Dias 2 e 3 de setembro | Sábado, às 19h; domingo, às 20h
A paz perpétua é uma fábula teatral do dramaturgo espanhol Juan Mayorga, protagonizada por cachorros: Odin, Emanuel e John-John, que disputam, através de um misterioso processo seletivo liderado pelo cão Cassius e pelo Humano, a prestigiada “coleira branca”, que só é dada à elite canina de combate ao terrorismo. Juan Mayorga mistura elementos de fábula e teatro e aborda, através de seus cachorros, temas como filosofia, autoridade, política, violência e a questão do terrorismo a partir da perspectiva das suas consequências políticas e morais nas democracias de hoje. A paz perpétua teve tradução do próprio diretor, Aderbal Freire-Filho, que se apaixonou pelo texto e decidiu montá-lo.
Texto: Juan Mayorga | Direção, tradução e cenografia: Aderbal Freire-Filho | Elenco: Alex Nader (Cassius), Gillray Coutinho (Humano), João Velho (Odin), José Loreto (John-John), Kadu Garcia (Emanuel) e Manoel Madeira (stand in)
Duração: 100min | Classificação etária: 14 anos


Confira aqui a programação completa no Distrito Federal

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