‘Negritudes convergentes: danças independentes’ estreia no Complexo Cultural Funarte SP

No dia 1º de novembro, quarta-feira, tem início o projeto Negritudes Convergentes: danças independentes, da Cia. Sansacroma. A companhia foi contemplada no Edital de Ocupação da Sala Renée Gumiel 2017 e segue em temporada no Complexo Cultural Funarte SP até o dia 26 de novembro.

Criada e dirigida pela atriz, dançarina e coreógrafa Gal Martins, a Cia. Sansacroma celebra 15 anos de atividades. O período das apresentações também é oportuno: em novembro, comemora-se o mês da consciência negra. O projeto, que tem como base a periferia da zona sul de São Paulo, aborda relações com o corpo, a raça e as classes sociais. Os moradores dessa região enfrentam realidades comuns às demais áreas periféricas das grandes metrópoles e muitas das questões cotidianas são inseridas nas pesquisas em dança. No entanto, essa produção de conhecimento nem sempre alcança visibilidade no cenário artístico. Tendo como eixo curatorial os ‘corpos marginais’ e as ‘pluralidades em dança’, o projeto reúne coletivos que questionam padrões hegemônicos e refletem o universo multifacetado da produção artística contemporânea na cidade e no país.

Na abertura da ocupação, dia 1º de novembro, às 19h, o grupo exibe o documentário Outras portas, outras pontes, de Tatá Amaral, realizado no terminal de Capão Redondo. Esse é o primeiro vídeo da série Causando na Rua, composta por 13 episódios de 26 minutos, filmados em São Paulo, Santo André e Osasco. Cada episódio acompanha um grupo, duo ou coletivo que usa a rua como espaço de arte, criatividade e comunicação. As ações são definidas como “ativismo artístico”. Após a exibição do filme, haverá um diálogo, com mediação de Gal Martins e participação de Flip Couto (integrante da Cia. Sansacroma, artista de dança e produtor cultural, com formação em hip-hop), Paula Salles (integrante da Ouvindo Passos Cia. de Dança, formada em Dança pela Unicamp e pós-graduada em Estudos Contemporâneos em Dança pela UFBA), Tiago S. Meira, conhecido como ‘Boogaloo Begins’ (integrante do grupo Chemical Funk, licenciado em dança, pesquisador e arte-educador) e Silvana de Jesus (integrante do grupo Batakerê, pós-graduanda em História e Cultura Afro-brasileira e Indígena, por A Casa Tombada – FACON).

No dia 2 de novembro, quinta, às 19h, são exibidos os dois primeiros vídeos do projeto Retratos – 2ª edição: nossas e nossos griots. Griots são personagens da estrutura social de grande parte dos países da África Ocidental. Sua função é informar, educar e entreter, atuando como guardiães da tradição oral de seu povo. Com cerca de 15 minutos de duração, cada episódio da série retrata uma personalidade que vive em São Paulo e transmite conhecimento em diversas áreas. No primeiro vídeo, assinado por Érico Santos, o homenageado é Sebastião Biano (98 anos), último remanescente da formação original da Banda de Pífanos de Caruru. O pifeiro (nome dado a quem toca a típica flauta nordestina) já tocou para Lampião (em 1927, no interior pernambucano) e se lembra com detalhes da ocasião. Biano continua na ativa e acaba de lançar seu primeiro disco solo Sebastião Biano e seu Terno Esquenta Muié(Selo SESC). Já o segundo filme da série, de Verônica Santos, apresenta Raquel Trindade, filha do poeta Solano Trindade. Nascida em Recife (PE), criada no Rio de Janeiro e, atualmente, residente em São Paulo, Raquel fundou o Teatro Popular Solano Trindade, em Embu das Artes. Assim, mantém vivos o legado e a herança do pai, que, em 1950, criou o Teatro Popular Brasileiro, no Rio de Janeiro, em parceria com Maria Margarida Trindade, sua primeira esposa e mãe de Raquel, e com o amigo e pesquisador Édson Carneiro.

Nos dias 2 e 3 de novembro, às 19h30, a Corpórea Companhia de Corpos apresenta o espetáculo Rés, que tem como principal temática o universo do encarceramento feminino e a vulnerabilidade das mulheres no Brasil. O espetáculo de dança propõe uma análise artística e poética sobre as estatísticas que envolvem o sistema de encarceramento em massa.

Já nos dias 4 e 5 de novembro, sábado, às 19h30, e domingo, às 18h30, fica em cartaz o projeto Pequenas Danças. Flip Couto apresenta a obra Sangue, que tem como ponto de partida o ambiente dos bailes black dos anos 70. Inspirada em festas de bairros, reuniões de famílias negras e diversas relações presentes no cotidiano das cidades, a coreografia tem o depoimento como disparador de sensações, sonoridades, gestos, imagens e ritmos. Os estímulos criam um fluxo de improvisação por meio da troca entre as pessoas, o que culmina no resgate e na transformação das memórias individuais. O processo promove encontros entre o público e a obra, que se diluem no mesmo espaço e transformam-se em uma coisa só. Em seguida, Tiago S. Meira ‘Boogaloo Begins’ apresenta Sentir na Pele. A obra aborda o corpo negro, transformado por ações opressoras, que se “afirma em sua negritude”. O espetáculo questiona o corpo na sociedade em que vive: no presente está o negro do passado, e o ancestral está no descendente.

O projeto Negritudes convergentes apresenta, ainda, um espetáculo para o público infantojuvenil: Praga da dança, do Coletivo Desvelo, em cartaz nos dias 4 e 5 de novembro, sábado, às 17h, e domingo, às 18h. No século XVI, uma estranha epidemia matou centenas de pessoas na cidade francesa de Estrasburgo: elas dançaram sem descanso por dias seguidos até seus corpos não suportarem mais. Mito ou verdade, essa referência histórica permeia o espetáculo, que propõe uma contaminação de movimentos entre os corpos dos artistas e os das pessoas que transitam pelo espaço onde eles se apresentam. Com o olhar ou o toque, os dançarinos lançam convites para o público, que pode se juntar a eles na dança. O fim da apresentação, ao contrário da história original, é uma grande celebração.

Projeto Negritudes convergentes: danças independentes
Contemplado no Edital de Ocupação da Sala Renée Gumiel 2017

Complexo Cultural Funarte SP
(Alameda Nothmann, 1058, Campos Elíseos)

Documentário: Outras portas, outras pontes
Diálogo: Negritudes convergentes
Dia 1º de novembro. Quarta, às 19h.
Gratuito
Duração: 120 minutos. Classificação etária: livre

Mediação: Gal Martins (Cia. Sansacroma) | Participação: Flip Couto (Cia. Sansacroma), Paula Salles (Ouvindo Passos Cia. de Dança), Tiago S. Meira ‘Boogaloo Begins’ (Chemical Funk) e Silvana de Jesus (Batakerê)

Vídeos: Sebastião BianoRaquel Trindade
Projeto Retratos – 2ª edição: nossas e nossos griots
Dia 2 de novembro. Quinta, às 19h.
Gratuito
Duração: 30 minutos. Classificação etária: livre

Espetáculo: Rés
Dias 2 e 3 de novembro. Quinta e sexta, às 19h30.
Ingressos: R$ 10 (meia-entrada: R$ 5) – Cartões não são aceitos
Entrada gratuita para moradores do bairro de Santa Cecília
A bilheteria abre uma hora antes do espetáculo.
Duração: 50 minutos. Classificação etária: 12 anos

Ficha técnica:
Concepção e Direção: Verônica Santos | Intérpretes Criadores: Débora Marçal, Malu Avelar e Verônica Santos | Direção Musical: Melvin Santhana | Trilha Sonora: Melvin Santhana e Manassés Nóbrega | Preparação de corpo cênico: William Simplício | Provocadores: Dina Alves e William Simplício | Iluminação: Danielle Meireles | Figurino: Debora Marçal e Wellington Adélia | Video-performance: Noelia Nájera | Fotos: Gal Oppido | Projeto Gráfico: Noelia Nájera | Produção Executiva: UTPA

Espetáculos: Sangue Sentir na Pele
Projeto: Pequenas Danças
Dias 4 e 5 de novembro. Sábado, às 19h30, e domingo, às 18h30.
Ingressos: R$ 10 (meia-entrada: R$ 5) – Cartões não são aceitos
Entrada gratuita para moradores do bairro de Santa Cecília
A bilheteria abre uma hora antes do espetáculo.
Duração: 60 minutos. Classificação etária: livre

Fichas técnicas:
Sangue – Com Flip Couto
Sentir na Pele – Com Tiago S. Meira ‘Boogaloo Begins’

Espetáculo infanto-juvenil: Praga da Dança
Dias 4 e 5 de novembro. Sábado, às 17h, e domingo, às 16h.
Gratuito
Duração: 60 minutos. Classificação etária: livre

Ficha técnica:
Direção e concepção: Djalma Moura | Intérpretes criadores: Erico Santos, Juliana Nascimento, Mônica Caldeira, Victor Amaro, Heloisa Amazonas, Piu Dominó e Renato Almeida | Criação musical: Leandro Perez | Figurino: Coletivo Desvelo | Produção: Djalma Moura

Mais informações:
(11) 3662-5177
funartesp@gmail.com

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