Funarte lamenta a morte do arranjador e compositor Waltel Branco

Waltel Branco (1929 - 2018). Foto: rede social do músico

Foi anunciada no dia 13 de dezembro a morte do compositor e arranjador Waltel Branco. Maestro e instrumentista de violão erudito, o paranaense faleceu no dia 28 de novembro, aos 89 anos.

O artista foi muito reconhecido, por arranjos de temas famosos do cinema, como A Pantera Cor-de-rosa, do norte-americano Henry Mancini; e da música popular brasileira, como Azul da Cor do Mar de Tim Maia, Bastidores, de Cauby Peixoto e Faz Parte do Meu Show, de Cazuza; e para trilhas sonoras televisivas. Participou do movimento Bossa Nova, a partir dos anos 1960. É considerado um dos pioneiros do estilo jazz-fusion.

Compôs peças de violão erudito e, como intérprete, apresentou-se nas principais salas do Rio de Janeiro e Niterói, Curitiba, Brasília e nos Estados Unidos – em shows autorais e com repertórios de grandes nomes.

A morte do artista teria sido causada por complicações derivadas da diabetes, segundo o site G1.

Vida e obra de um dos maiores arranjadores brasileiros

Nascido em Paranaguá, em 1929, Waltel Branco veio de uma família de músicos. Iniciou sua formação em Curitiba, aos 12 anos, em violão clássico, estudando com o maestro Bento Mussurunga. Mas o violão ainda era mal visto em sua casa, como um instrumento de boêmios. Alguns anos depois, aprendeu canto gregoriano, num seminário. Nessa capital, formou uma jazz-band com seu irmão, Ismael Branco, e com Gebran Sabag.

Em 1949, viajou para o Rio de Janeiro. Foi descoberto pelo maestro e arranjador Radamés Gnatalli, que lhe ofereceu o primeiro emprego. A cantora cubana Lia Ray, em turnê pelo Brasil, convidou o violonista para a sua banda. Ele seguiu com o grupo pela América Latina e ficou morando em Cuba, onde ficou dois anos. Lá, tocou com nomes como Perez Prado, Mongo Santamaria e Chico O’Farrel, tendo ajudado a misturar jazz, música cubana e brasileira, o que teria alterado a salsa e, depois, influenciado o jazz-fusion, do qual Branco é considerado um dos precursores.

Na década de 1950, mudou-se para os Estados Unidos, onde trabalhou com o violonista Laurindo de Almeida; deu aulas de violão erudito; estudou jazz; e apresentou-se com grandes nomes do estilo. Em 1960, lançou seu primeiro disco, Recital Violão. De volta ao Rio de Janeiro, no começo dos anos 60, interagiu com a Bossa Nova, tendo exercido, segundo algumas fontes, grande influência na formatação do movimento: teria morado numa pensão, com João Gilberto, com quem desenvolveu longa parceria, como arranjador e amigo. Segundo ele mesmo afirmou, teria dado aulas a Baden Powell.

Apresentou-se com Dizzy Gillespie e Andy  Wilians e produziu discos para Freddie Cole e Johnny Mathis, entre outros. Em 1962, gravou seu primeiro disco totalmente popular, Guitarras em Fogo. Em 1963, atuou com o quarteto de Juarez Araújo na Argentina. No mesmo ano, foi trabalhar com Henry Mancini e fez seu mais famoso arranjo: o da trilha do filme A Pantera Cor de Rosa. Percebido pela Rede Globo, ingressou numa equipe selecionada de músicos da emissora (com Radamés Gnatalli, Guerra Peixe e Guildo de Moraes). Foi responsável pela trilhas sonoras e músicas incidentais de diversas novelas e especiais de televisão, além de arranjador e regente em grandes festivais de música da TV, entre 1960 e 1985. Participou, como músico e arranjador, de discos de Flora Purim, os Copa 5, Orlandivo, Dom Um Romão, J.T. Meirelles e Luiz Carlos Vinhas, entre outros. Em 1970, descobriu Djavan e divulgou o cantor, lançado em 76. Neste ano, a telenovela Escrava Isaura foi sucesso, cuja a abertura, Retirantes (Dorival Caymmi) tem arranjo de Waltel – com o famoso trecho “Lerê-lerê”.

Em 1991, passou a residir em São Paulo, onde lecionou harmonia e técnica instrumental de violão, na Universidade Livre de Música. Gravou quatro discos com repertório erudito e cinco de obras populares. Um dos seus últimos trabalhos é o CD Kabiesi (97).

Homenagens em vida. Reconhecimento da Funarte

Em 2012, foi homenageado com o lançamento do CD O Violão Plural de Waltel Branco, em que violonistas de renome gravaram obras dele – como Guinga, Marco Pereira, Paulo Bellinati e Ulisses Rocha. O diretor do Centro da Música da Funarte, Marcos Souza, lembra que, em 2017, Waltel Branco teve suas “importantes e lindas trilhas sonoras” reconhecidas, com o troféu Remo Usai, no Festival Musimagem – realizado no Centro Cultural Banco do Brasil de Belo Horizonte (MG).  “Ser homenageado em vida torna ainda mais sua música imortalizada”, comenta o diretor.

Acesse aqui a discografia de Waltel Branco

Com informações das seguintes fontes: Dicionário da Música Popular Brasileira – Ricardo Cravo Albin; Site da Secretaria de Estado da Educação – Governo do Estado do Paraná; Jornal O Globo; G1; Wikipedia

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