Bandas de música são tema de ‘live’ no Bossa Criativa

Filarmônica 24 de Outubro de Cruzeta. Município de Cruzeta (RN). Foto: Blog Coretojs.jpg

Na quarta-feira, 28/10, uma “live” no Canal Arte de Toda Gente, no Youtube, reuniu regentes e professores de música para debater políticas públicas para bandas de música no Brasil. A ação faz parte do projeto Bossa Criativa – Artes de Toda Gente, da Fundação Nacional de Artes, em parceria com a Universidade Federal do Rio de Janeiro. A transmissão ao vivo, disponível no canal, contou com cinco especialistas da área, de três regiões do país. A curadoria do projeto é da Escola de Música da UFRJ.

Em síntese, no debate foi abordado o panorama atual das bandas e dos projetos a elas relacionados. Participaram do encontro: o diretor artístico da Banda Sinfônica do Exército (SP) e também maestro e coordenador musical do Instituto Relfe (Peruíbe/SP), Marcos Sadao Shirakawa; o regente de banda e professor e Dario Sotelo, da Escola Municipal de Música de São Paulo (EMMSP); a regente da Banda Sinfônica Jovem do Estado de São Paulo (Emesp Tom Jobim) e da Banda Sinfônica Paulista (BSP), Mônica Giardini; o professor de Clarineta e Banda de Música da Escola de Música da Universidade Federal da Bahia (UFBA), Joel Barbosa; o Presidente da Associação Musical e Cultural do Rio Grande do Norte (Amusic), Humberto ‘Bembem’ Dantas, regente da Filarmônica 24 de Outubro de Cruzeta (RN).

A mediação foi do vice-diretor da Escola de Música da UFRJ e coordenador do Bossa Criativa, o maestro e professor Marcelo Jardim.

Na ocasião, foi também feito o chamado para o 3º Simpósio de Bandas Funarte – UFRJ.

As bandas de música e a Funarte

As primeiras bandas musicais brasileiras surgiram no Rio de Janeiro, no século XVIII, sendo seguidas, a partir de 1831, pelas bandas militares, que ajudaram a espalhar essa arte pelo país. Ao longo do século XX, as bandas se transformam em uma das mais populares manifestações da cultura nacional: onde havia um coreto, existia uma bandinha, orgulho da cidade. Nas Bandas, formaram-se músicos profissionais e amadores, eruditos e populares, como Patápio Silva, Anacleto de Medeiros e Altamiro Carrilho, entre muitos outros. Esses conjuntos propiciaram também a criação de novos gêneros musicais e de vasto repertório de chorinhos, marchas e dobrados.

Com o desenvolvimento da chamada “cultura de massa”, porém, essa rica e alegre tradição brasileira começou a correr sério risco de extinção. Era necessário realizar uma política de Estado para apoiar o desenvolvimento desse trabalho e, com esse objetivo, em 1976, a então recém fundada Funarte criou, por meio da Coordenação de Bandas de Música do seu Centro da Música, o Projeto Bandas de Música da Funarte, continuado desde então.

“Live” sobre política pública para as bandas de música – Projeto Bossa Criativa – Arte de Toda Gente
Realização: Funarte – UFRJ

Os participantes

Com uma bagagem profissional de 35 anos de experiência no universo da música, o maestro Marcos Sadao Shirakawa compartilha seu conhecimento com o Instituto Relfe desde agosto de 2017, que conta com uma equipe de professores de teoria e prática musical, que dão todo o suporte de aprendizagem necessário às crianças e adolescentes beneficiados gratuitamente pelo projeto socioeducativo ali desenvolvido. Shirakawa é, ainda, regente da Banda Sinfônica e da Orquestra do Instituto, a qual tem apresentado repertório que une o erudito e o popular, em diferentes eventos; além disso, o especialista é diretor artístico da Banda Sinfônica do Exército, em São Paulo, Capital.

Dario Sotelo é regente da Banda Sinfônica e professor de Regência de Banda da Escola Municipal de Música de São Paulo, onde ministra uma oficina regular, que leva seu nome. Foi presidente da World Association of Symphonic Bands and Ensembles – (Associação Mundial de Bandas Sinfônicas e Conjuntos – (Wasbe), sediada na Alemanha, de 2017 a 2019, o primeiro latino-americano a ocupar essa posição. Organizou e coordenou a Conferência Mundial da entidade, em Buñol, Espanha, em 2019. Como regente, vem atuando em vários países, como Austrália, Alemanha, Hungria, Inglaterra, Espanha, África do Sul, Colômbia, Uruguai, Costa Rica, Paraguai, Argentina e Taiwan. No Brasil, estabeleceu e coordenou a primeira e a segunda edições da Conferência Íbero-Americana de Compositores, Arranjadores e Regentes de Banda Sinfônica (Tatuí/SP). Estabeleceu e coordenou o Seminário Nacional de Regentes de Banda, de 2013 a 2017. Planificou também a 1ª. Semana de Composição para Banda, bem como a primeira e a segunda edições do Concurso Nacional de Composição para Banda. Escreveu cinco espetáculos infantojuvenis para projetos direcionados às escolas públicas. Foi regente titular e diretor artístico da Orquestra de Sopros Brasileira, no Conservatório Dramático e Musical Dr. Carlos de Campos de Tatuí, por 25 anos – conjunto esse que gravou, sob sua regência, sete CDs com partituras brasileiras.

Joel Barbosa iniciou seus estudos na Banda da Guarda Mirim de Piracicaba (SP). Graduou-se em clarineta pelo Conservatório de Tatuí, e obteve os graus de bacharel pela Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e de mestrado e doutorado pela Universidade de Washington (EUA). É professor de Clarineta e de Banda de Música da Escola de Música da UFBA. Tem atuado como clarinetista, professor e regente desse tipo de conjunto musical em diversos festivais, sendo autor do método Da Capo para banda. Também tem realizado trabalhos relacionados a bandas no ensino básico, ONG, CAPS e projetos governamentais. Seus trabalhos de pesquisa têm sido apresentados e publicados, principalmente por instituições como: a International School of Management Excellence – Escola Internacional de Excelência em Gestão – (ISME), Índia; a Associação Brasileira de Educação Musical (ABEM); a Associação Nacional de Pesquisa e Pós-Graduação em Música (Anppom) – Manaus (AM); a UFBA; e o Projeto Guri (São Paulo/SP), entre outras.

Mônica Giardini é doutora e mestra pela Universidade de São Paulo (USP), com formação em Piano, e bacharel em Violão e Pedagogia Plena. Participou, como regente, de diversas conferências e congressos de Bandas Sinfônicas no Brasil, na África do Sul e na Argentina, e, como regente adjunta, da antiga Banda Sinfônica do Estado de São Paulo. É regente titular da Banda Sinfônica Jovem, ligada à Banda Sinfônica Paulista, da Escola de Música do Estado de  São Paulo (EMESP Tom Jobim). Giardini atua como professora e conferencista do Sopro Novo Bandas, projeto para cuja coleção escreveu o Caderno de Regência.

Humberto Carlos Dantas (Bembem Dantas), nascido em Acari (RN), na região do Seridó potiguar, é filho de mãe musicista, de uma família de agricultores. Aos 10 anos iniciou nos solfejos, com o mestre Urbano Medeiros, em São José do Seridó, na antiga Filarmônica Justino Dantas, na qual tocou trompete. Em 1988 assumiu, por solicitação do maestro Ubaldo Medeiros, a recém-fundada Filarmônica 24 de Outubro de Cruzeta, banda musical de grande popularidade. Autodidata por opção, fundou e regeu várias bandas e tem-se destacado principalmente pela luta em defesa das bandas de música potiguares, preocupando-se com o universo de sua atuação – cultural, artístico, educacional, social e de gestão. Criou o projeto Bandas Filarmônicas da Juventude (Governo do RN/ Banco Mundial) onde implantou e potencializou, através de associações socioculturais, cerca de 90 bandas de música. Atualmente, além de ser coordenador técnico dessa iniciativa e presidente da Associação Musical e Cultural do RN (Amusic), entidade gestora do projeto da Filarmônica 24 de Outubro de Cruzeta, Dantas atua no suporte às bandas do estado.

Marcelo Jardim é diretor artístico e vice-diretor da Escola de Música da UFRJ, além de professor de Regência de Banda e Prática de Orquestra e diretor musical da Orquestra de Sopros da Universidade. Atua também como professor orientador do Programa do Mestrado Profissional em Música (Promus), da EM – UFRJ. É Doutor em Práticas Interpretativas pela Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro – UniRio, e Mestre e Bacharel em Regência e Práticas Interpretativas pela UFRJ. Atualmente também é diretor-executivo dos Projetos Funarte-UFRJ (com abrangência nacional) nos quais está incluído o Sistema Nacional de Orquestras Sociais (Sinos). É consultor artístico e coordenador pedagógico dos cursos de capacitação para regentes e instrumentistas de bandas de música dos Painéis Funarte de Bandas de Música, realizados pela Fundação Nacional de Artes, e responsável pelo Projeto de Edições de Partituras para Bandas da Funarte.

O Bossa Criativa

Parceria entre a Funarte e a UFRJ, com curadoria da Escola de Música da Universidade, o Projeto Bossa Criativa – Arte de Toda Gente reúne apresentações e oficinas de diversas linguagens artísticas, representativas de várias expressões da economia criativa. Seu foco é a democratização da cultura, bem como a diversidade e a difusão de todas as artes, de modo inclusivo. As atividades são compostas de shows curtos, performances e vídeos de capacitação, exibidos no site www.bossacriativa.art.br, com participação de artistas de todo o Brasil. A agenda inclui o lançamento de um edital para novas propostas artísticas e culturais; e também um chamamento público para a apresentação de trabalhos de mestrado na área das artes. A iniciativa faz parte do Programa Funarte de Toda Gente. Mais informações sobre o Bossa Criativa no site do projeto.

Vídeos e mais informações

Assista ao vídeo da “live” abaixo. Outros vídeos estão no canal www.youtube.com/artedetodagente 
Mais informações sobre o projeto: www.bossacriativa.art.br
Informações sobre editais e outras ações da Funarte: www.funarte.gov.br

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