A Fundação Nacional de Artes acaba de lançar o Funarte SP – ConectArte 2020 Festival e apresenta ao público a programação de 3 a 10 de dezembro. Um dos destaques é o espetáculo “O Navio Negreiro”, que será exibido hoje, dia 3, às 21h, no canal da Funarte no YouTube.
Criado e encenado pelo ator e escritor Vado com base no poema O Navio Negreiro, de Castro Alves, a montagem foi apresentada pela primeira vez em 1971 e tem sido encenada desde então. Ela descreve a situação dos africanos retirados de suas terras natais, separados de suas famílias e maltratados nos navios que os traziam para trabalhar no Brasil.
“O Navio Negreiro” foi gravado no Teatro de Arena Eugênio Kusnet, um dos espaços culturais da Funarte SP.
Sobre o projeto
O Funarte SP – ConectArte 2020 Festival foi lançado no dia 1° de dezembro e reúne doze atrações, entre espetáculos de teatro, dança, música, humor, palestra e uma exposição de artes virtual – previamente gravadas –, que serão exibidas no canal da Funarte no Youtube até o dia 24 do mês corrente. Nas transmissões, o público também poderá conhecer melhor os espaços da Funarte SP.
PROGRAMAÇÃO DE 3 A 10 DE DEZEMBRO
Dia 3 de dezembro | Quinta-feira
Espetáculo teatral: O Navio Negreiro
Com Vado
Teatro de Arena Eugênio Kusnet
Criado e encenado pelo ator e escritor Vado, o espetáculo é uma adaptação do poema O Navio Negreiro, de Castro Alves, um dos mais conhecidos da literatura brasileira. Escrita em 1869 — quase vinte anos depois de promulgada a Lei Eusébio de Queirós, que proibiu o tráfico de escravos —, a obra descreve a situação dos africanos retirados de suas terras natais, separados de suas famílias e maltratados nos navios que os traziam para trabalhar no Brasil. Mais de 150 anos depois de sua criação, o texto ainda é fundamental para a cultura brasileira, desdobrando-se em peças teatrais, músicas, filmes, entre outras composições artísticas.
Vado adaptou o poema para o teatro em 1971, quando, aos 23 anos, fez a primeira apresentação de sua carreira. Encenado há mais de 48 anos, O Navio Negreiro rendeu ao artista o recorde no Guinness Book pelo número de apresentações da mesma peça. O espetáculo já foi visto por milhares de pessoas em países da América, Europa e África.
Sobre o artista
Natural de Mogi Guaçu (SP), Vado já foi reconhecido, entre outros, pelos seguintes prêmios e condecorações: Ator revelação do Festival do Estado de São Paulo; Troféu Afro Brasileiro; Troféu Zumbi; Troféu Castro Alves; Troféu Colégio Bilac; Troféu Madeira – Campinas (SP); Troféu Madeira – São Paulo (SP); Troféu Orfeu Negro; Troféu Personalidade – Homem do Teatro; Sócio de honra da Academia Castro Alves de Letras – Salvador (BA); Sócio da Sociedade Brasileira de Autores Teatrais – SBAT; Sócio Benemérito – Birigui; Fundador da Aliança Cultural Afro Brasileira.
Ficha técnica
Texto: Castro Alves | Adaptação, direção e atuação: Vado | Produtora Executiva: Daniela Dezan
Dia 5 dezembro | Sábado
Espetáculo teatral: Ossada
Com Ester Laccava
Sala Guiomar Novaes
A partir de textos de Maureen Lipman, Wislawa Szymborska e Laurie Anderson, o espetáculo apresenta situações cotidianas de algumas mulheres: um pai em coma, o casamento de um filho, uma entrevista para a TV e um cigarro que nunca acende. Para esta apresentação, foram selecionados quatro monólogos que têm em comum a figura da mulher “esgarçada” em sua existência. As personagens “desafinam” diante das regras sociais, deixando transparecer o animal indomesticável que habita em nós. Ossada é ambientada em uma instalação que remete à sala de um museu de história natural. A performance funde as narrativas e debate a capacidade do indivíduo “compreender a humanidade por um viés de fato humanístico”. A atriz Ester Laccava cunha o termo “teatro instalação performático libertário” como direcionamento do projeto. “A missão é provocar o público, revelando que ainda é possível fazer as pontes emocionais e afetivas no mundo globalizado”, afirma.
Sobre a artista
Ester Laccava iniciou seus estudos em 1981, na Escola Macunaíma, e cursou também a Escola de Arte Dramática da USP – EAD. Em 1983, formou-se em balé clássico, moderno e contemporâneo. Entre 1987 e 1988, atuou em duas temporadas no exterior: em Chicago, como atriz em No Exit, de Jean Paul Sartre (direção de Katerine Anstiti), e em Paris, como assistente de direção em Lactorat du Cinema Jean Paul Violin. Em 1991, cursou a escola de cabelereiros Teruya e, a partir dessa experiência, passou a exercer o “visagismo de época” em óperas do Theatro Municipal de São Paulo e nos festivais internacionais de ópera de Manaus. Atuou no musical O Mambembe, de Arthur de Azevedo (direção de Gianni Ratto). Com Garotas da Quadra, de Rebecca Prichard (adaptação e direção de Mário Bortolotto), recebeu duas indicações ao prêmio Shell 2004 de melhor atriz e melhor tradução. Como produtora e atriz em A festa de Abigaiu, foi vencedora do 11° Cultura Inglesa Festival. Como protagonista do espetáculo, recebeu, ainda, indicação ao Prêmio Shell 2008 na categoria de melhor atriz. Em 2010, produziu Piscina sem Água, de Mark Havenhill, em que atuou como atriz, ganhando também o prêmio de melhor espetáculo do 11º Cultura Inglesa Festival. Na sua sexta produção, concebeu A Árvore Seca, de Alexandre Sansão, atuando também na trilha sonora do espetáculo. O monólogo baseado na literatura de cordel rendeu-lhe a 4ª indicação ao Prêmio Shell de melhor atriz, em 2011. Em 2014, idealizou e produziu o espetáculo Syngué Sabour-Pedra de Paciência, de Atiq Rahime, que cumpriu temporadas no Sesc Belenzinho e no Centro Cultural São Paulo. Em 2015, produziu e atuou na comédia dramática “Quando eu era bonita”, de Elzemann Neves. Como encenadora, realizou O voo da vez, de Elzemann Neves, em 2016. Como atriz convidada, estreou, em maio de 2019, Uisque e vergonha, ao lado de Alessandra Negrine, tendo sido indicada, como melhor atriz, ao prêmio Bibi Ferreira. Seu espetáculo mais recente, Ossada, foi indicado ao prêmio APCA.
Ficha Técnica
Dramaturgia: Ester Laccava, Elzemann Neves e João Wady Cury | Direção: Ester Laccava | Trilha: Muep Etmo | Fotos: João Caldas
Dia 8 de dezembro | Terça-feira
Espetáculo de dança: Valsa para 3
Com o grupo Teatro de Dança: Sebastian Soul, Fabio Leblon e Juan Castiglionee
Sala Arquimedes Ribeiro
Inspirado em Vinte poemas de amor e uma canção desesperada, Valsa para 3 homenageia o poeta chileno Pablo Neruda, tendo como trilha sonora a Quinta Sinfonia, de Mahler, e a música Casta Diva, interpretada por Maria Callas. O espetáculo resulta da pesquisa coletiva do elenco, composto por Sebastian Soul, Fabio Leblon e Juan Castiglionee.
Considerado um dos maiores poetas de língua espanhola, Neruda nasceu em Parra, em 1904. Em 1921, mudou-se para Santiago, tendo estudado pedagogia e francês na Universidade do Chile. Seu primeiro livro de poesia, Crepusculário, foi publicado em 1923. No ano seguinte, lançou a obra Vinte poemas de amor e uma canção desesperada, seguida por O habitante e sua esperança, Anéis (em colaboração com Tomás Lagos) e Tentativa do homem infinito. Em 1927, iniciou a carreira diplomática, sendo nomeado cônsul em Rangum, na Birmânia. Em Buenos Aires, conheceu Federico Garcia Lorca e, em Barcelona, Rafael Alberti. Em 1935, assumiu a direção da revista Cavalo verde para a poesia e, nesse mesmo ano, publicou a coletânea Residência na terra. No ano seguinte, Neruda foi destituído do cargo diplomático e escreveu Espanha no coração. Em 1945, foi eleito senador. Já em 1950, publicou Canto Geral, obra em que adotou um viés social, ético e político. Em 1971, recebeu o Nobel de Literatura. Morreu em Santiago, em 1973.
Sobre os artistas
Sebastian Soul é ator, cantor e bailarino. Aos 12 anos, já era sapateador no Ballet LeJapillon. Dois anos mais tarde, atuou na Escola Internacional de Ballet, em Belo Horizonte (MG). Desde então, trabalhou em diversas companhias de dança, entre elas, a Camaleão (Belo Horizonte – MG), o Balé Municipal de São Paulo e o Balé Teatro Guaíra (Curitiba – PR). Participou também dos espetáculos Cristal e Mayã, do grupo Os Menestréis, dirigido por Oswaldo Montenegro. Em 1990, com a banda Heartbreakers, atuou no musical Emoções Baratas, da Cia Ópera Paulista, sob a direção de José Possi, e, em 1992, criou o projeto Sebastiandanças, dirigido por Lourival Paris. Sebastian também atua como cantor desde 2005, quando lançou o CD Melada de Nego. Já em 2010, lançou o álbum Sebastian Sou!. O artista também participa de trabalhos sociais. Há mais de sete anos, criou a fundação Núcleo de Artes Cênicas, em Osasco (SP), destinada a ensinar artes cênicas, música e dança a crianças e jovens entre 7 e 18 anos.
Fábio Leblon nasceu em Madureira, no Rio de Janeiro, sendo descendente de um escravo acolhido no quilombo do Leblon. É ator, modelo e apresentador do programa Cultura e Design (TV Cultura). Também atua como cantor, compositor e garoto propaganda desde 1998. Participou das filmagens de O garoto do cachecol vermelho (John Christian, 2020), Madame Satã (Karim Aïnouz, 2002) e Apolônio Brasil, o Campeão da Alegria (Hugo Carvana, 2003). Foi, ainda, protagonista no vídeo clip da música Na mira, de Marisa monte.
Juan Castiglionee é originário da arquitetura, mas cinema, teatro, dança e música também fazem parte de sua formação. O artista dedica-se a pesquisar os espaços que “se instauram num desenho geográfico mutante e transformador, definindo conceitos renovadores”.
Ficha Técnica
Direção: Sebastian Soul, Fabio Leblon e Juan Castiglionee| Direção de imagem e trilha sonora: João Christian |Assistente de imagem: Jesus | Assistente de produção: Bárbara| Fotografia: Douglas | Produtora artística: Ivone Fonseca | Produtora Executiva: Daniela Dezan / Dezan Atividades Artísticas Ltda
Dia 9 de dezembro | Quarta-feira
Espetáculo musical: Cara
Com João Pinheiro
Sala Guiomar Novaes
O cantor e compositor João Pinheiro apresenta, em formato acústico, canções autorais, como Um abraço e nada mais, Lapsos e Giro, Giro, Giro, além de parcerias com Fred Martins (Cabe ninguém), Leco Alves (Quando você não me procura), Jacinto Corrêa (Há dias em que ser eu é quase um crime), Elisa Queirós (Por aquí), Dhenni Santos (Mil anos-luz) e Magali (Toda vez que eu fico com você). Também estão no repertório Vale de lágrimas, de Lulu Santos, e No ordinary love, de Sade Adu.
Sobre o artista
Cantor e compositor, João Pinheiro iniciou sua carreira artística em 1991, quando substituiu a cantora Leila Pinheiro no projeto Sextas musicais, da Faculdade de Comunicação e Turismo Hélio Alonso (Rio de Janeiro). Em seguida, realizou shows de abertura para Baby do Brasil, Claudio Nucci e Ithamara Koorax. Em 1998, participou do projeto Humaitá pra peixe, no Espaço Cultural Sérgio Porto (RJ). No mesmo ano, abriu a série de programas Novos talentos, da Rádio MEC (RJ).
Seu primeiro CD, Brasilidad, foi lançado em 1999, no Teatro Rival (RJ), tendo como convidadas a cantora Beth Carvalho e a poetisa Elisa Lucinda. O show foi levado aos palcos de Paris, nas Galeries Lafayette, em um projeto de arte latino-americana. João Pinheiro apresentou-se também no Itaú Cultural (SP) e no SESC-SP, nas unidades Pompéia, Pinheiros, Santo André e Teresópolis. No SESC Flamengo (RJ), cantou no projeto 100 anos de Ary Barroso, ao lado de Elza Soares e Eduardo Dusek.
Seu segundo CD, João canta Sade (Saladesom, 2007) – eleito “a trilha sonora do verão” pela revista Vogue – faz uma releitura das músicas de Sade Adu, com ritmos de samba, bossa, tango, afoxé e ciranda. Em 2012, foi convidado a participar do CD Singelo tratado sobre a delicadeza, da cantora e compositora paraibana Socorro Lira e, em 2014, lançou seu terceiro álbum, Julho. Também integrou projetos no Espaço Cultura Sérgio Porto (RJ), no BNDES (RJ), na Petrobras (RJ), em Furnas (RJ) e no Canecão, ao lado de Emílio Santiago, Luiz Melodia e Sandra de Sá.
Atualmente está em fase de pré-produção do seu quarto CD, com composições inéditas em parceria com Fred Martins, Christovam Chevalier, Jorge Salomão, Fábio Cadore, Dhenny Santos e Elisa Queirós.
Ficha técnica
Voz: João Pinheiro | Violão e Guitarra: Norberto Vinhas
Dia 10 de dezembro | Quinta-feira
Palestra: Cem anos de Clarice Lispector: a vastidão do amor
Com Stella Tobar
Sala Guiomar Novaes
O projeto celebra a vida e obra de Clarice Lispector, apresentando fatos de sua trajetória: o nascimento, a vinda para o Brasil, a infância em Recife (PE), a paixão por histórias, seu romance de estreia Perto do Coração Selvagem, o casamento, a vida no exterior, a maternidade e a morte precoce. A palestra também contará com a leitura de trechos da obra de Clarice e a citação de frases de sua autoria. A autora, que completaria cem anos no dia 10 de dezembro de 2020, deixou como legado sete coletâneas de contos, nove romances, crônicas reunidas em A descoberta do mundo e cinco livros infantis, além de entrevistas e textos para colunas jornalísticas de temáticas femininas.
Sobre a artista
Maria Stela Tobar Mariucci (Stella Tobar) é atriz, diretora, professora e produtora teatral. Formada em Artes Cênicas pela UNICAMP, completará 25 anos de carreira em 2021. Foi integrante da Boa Cia (1995-1997) e da Cia Os fofos encenam (2002-2015). Participou dos espetáculos de circo-teatro sob direção de Fernando Neves: A mulher do trem, Ferro em Brasa e Projeto Baú da Arethuzza. Também atuou em Assombrações do Recife Velho, sob direção de Newton Moreno, e foi atriz convidada na Cia Razões Inversas, em A bilha quebrada e A ilusão cômica, ambos sob direção de Marcio Aurélio. Trabalhou, ainda, com Mario Bortolotto, Henrique Tavares, Zé Renato, Pamela Duncan e Robero Lage.
Ficha técnica
Direção, Roteiro e atuação: Stella Tobar | Direção musical e trilha original: Sérvulo Augusto | Iluminação e operação de luz: Giuliano Caratori | Assistente de produção e divulgação mídias sociais: Fernando Maffia | Produção Geral: Borbolina Cia.
Funarte SP – ConectArte 2020 Festival
Confira a programação desta semana (3 a 10 de dezembro) no canal da Funarte no Youtube (www.youtube.com/funarte)
Realização:
Fundação Nacional de Artes – Funarte
Secretaria Especial da Cultura
Ministério do Turismo
Mais informações para o público
www.funarte.gov.br