Nesta sexta-feira, 8 de janeiro, comemora-se o Dia Nacional da Fotógrafo. A Fundação Nacional de Artes – Funarte celebra a data resgatando um pouco da sua história com a fotografia e parabeniza todos profissionais da área. São mais de 40 anos valorizando fotógrafos e pesquisadores e fomentando e promovendo iniciativas de produção, conservação e preservação fotográfica. Diversos programas, editais e ações vêm sendo realizados pela instituição desde a década de 1970.
História da fotografia no Brasil
O mês de janeiro marca a chegada ao Brasil do daguerreótipo, o precursor da câmera fotográfica, em 1840. A invenção foi trazida pelo abade francês Louis Comte, que, ao fotografar o chafariz no Jardim do Paço (atual Praça XV), fez o primeiro registro oficial da cidade do Rio de Janeiro e do Brasil.
Um dado curioso é que alguns historiadores brasileiros garantem que a fotografia foi inventada no Brasil, em 1833, pelo francês radicado no país Hercule Florence. Ele teria se utilizado de uma câmara escura, mas não teria conseguido a mesma nitidez da imagem do daguerreótipo registrado pelo francês Louis Jacques Mandé Daguerre, em 1839, na França. O fato é que, oficialmente, a fotografia chegou ao nosso país em 1840. Louis Comte fez demonstrações ao então jovem imperador Dom Pedro II, que se tornou um grande entusiasta da fotografia de sua época e proprietário do primeiro daguerreótipo no Brasil.
A Funarte e a fotografia
Mais do que apenas uma reprodução do real, a fotografia ganhou complexidade estética, com expoentes reconhecidos nacional e internacionalmente. A fim de valorizar os fotógrafos e a produção e conservação fotográfica no Brasil, a Funarte criou, a partir dos anos 1970, programas, ações e editais, fomentando essa arte até hoje.
Em 1979, Zeka Araújo criava o Núcleo de Fotografia, posteriormente transformado no INFoto – Instituto Nacional de Fotografia. Originado a partir do Programa Nacional de Preservação e Pesquisa da Fotografia da Fundação, o Núcleo foi responsável por identificar instituições brasileiras empenhadas em trabalhos relativos à história da fotografia, tendo importante papel na catalogação, divulgação e formação de pessoal. Mais tarde, passaria a fornecer assessoria técnica e/ou financeira para desenvolvimento de projetos, consolidando instituições regionais e colaborando assim para descentralizar as atividades do setor.
A partir de 1982, surgiram as Semanas Nacionais de Fotografia da Funarte inspiradas nas Rencontres Internationales de la Photographie de Arles (França), criadas por Lucien Clergue em em 1970. As Semanas eram realizadas anualmente numa cidade diferente de cada região brasileira a fim de fomentar a descentralização das atividades fotográficas no Brasil e cumprir o compromisso da Fundação como instituição de âmbito nacional. Ainda na década de 1980, foi criado o Centro de Conservação e Preservação Fotográfica (CCPF), hoje ligado ao Centro de Artes Visuais (CEAV).
Diversas outras ações têm sido implementadas desde então. Entre elas, publicações lançadas pela Gerência de Edições do Centro de Programas Integrados (Cepin). Há mais de quatro décadas, são publicadas obras com foco em artes visuais, fotografia, teatro, música, dança, cinema, ópera, circo, crítica de arte, pesquisa, documentação e cultura popular. Buscando fomentar obras de ou sobre fotografia no país, de forma a atenuar as carências desse mercado, a Funarte mantém quatro linhas editoriais: catálogos; cadernos técnicos; obras referentes à história da fotografia; ensaios teóricos.
Outras três importantes obras de referência compõem essas edições: “A Fotografia no Brasil, 1840-1900”, de Gilberto Ferrez, pioneiro dos estudos sobre história da fotografia no país; “Origens e Expansão da Fotografia no Brasil”, de Boris Kossoy, primeiro brasileiro a obter um doutorado em fotografia e um dos principais responsáveis pela introdução da disciplina na área acadêmica; e “Fotografia no Brasil: um Olhar das Origens ao Contemporâneo”, de Angela Magalhães e Nadja Peregrino, técnicas e pesquisadoras que tiveram atuação destacada em todas as etapas do trabalho da Funarte na área da fotografia.
O acervo conta, ainda, com cadernos técnicos de conservação fotográfica, publicação do CCPF/CEAV/Funarte (entre eles: “Práticas de montagem de fotografias contemporâneas” — Caderno técnico Volume 7 e “O uso criativo de acervos fotográficos” — Volume 8, de Pedro Karp Vasquez); “Mulheres fotógrafas anos 80’, organização: Angela Magalhães, Nadja Peregrino e Rosely Nakagawa; “Joaquim Paiva: variações em torno de um personagem”, de Angela Magalhães; e “De Godard a Zé do Caixão”, de Ivan Cardoso.
Também estão documentados depoimentos de fotógrafos sobre o papel da Funarte nessa área, como os de Aguinaldo Ramos, Alberto Melo Viana, Andreas Valentim, Joaquim Paiva, Luiz Carlos Felizardo, Orlando Azevedo, Rogério Reis, Rosely Nakagawa, Sandra de Azevedo Fernandes e Stella de Sá Rego.
Primeira instituição brasileira a criar bolsas para fotografia
Em maio de 1984, a Funarte lançava o primeiro programa de bolsas na área de fotografia, com objetivo de celebrar de modo produtivo e consistente a criação do INFoto. Era criada a Bolsa Marc Ferrez, tomando como modelo inspirador a John Simon Memorial Foundation, primeira instituição no mundo a financiar projetos individuais de fotografia ao outorgar uma bolsa ao fotógrafo estadunidense Edward Weston, em 1937.
A Bolsa Marc Ferrez deu origem ao atual Prêmio Marc Ferrez de Fotografia, principal mecanismo institucional de apoio à produção e à reflexão fotográficas. Sua finalidade é selecionar, por meio de edital em âmbito nacional, no campo da fotografia, projetos de artes visuais que promovam a reflexão e experiência artística, além do compromisso com a formação de público, com a inclusão social e a sustentabilidade mediante a realização de ações inéditas. O prêmio é focado em projetos de criação, documentação e produção de reflexão crítica sobre fotografia.
Outro importante edital é a Bolsa de Estímulo à Conservação Fotográfica Solange Zúñiga, criado em 2019 e que está em sua segunda edição. Aberto a todo o país, o processo seletivo contempla projetos de pesquisa, com textos nos campos da conservação e da preservação fotográficas.
Em 2020, o recém-criado Programa Arte de Toda Gente ofereceu, por meio de seleção pública, curso online de Fotografia do Instituto de Formação dos Países de Língua Oficial Portuguesa (IF-CECPLP). A iniciativa conta com parceria entre a instituição sediada em Portugal, a Funarte e a Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).
Para conhecer mais a história da fotografia no Brasil e seus grandes nomes, acesse este link da Enciclopédia Itaú Cultural.
Com informações do Centro de Conservação e Preservação Fotográfica – CCPF/CEAV/Funarte