Entre os autores mais publicados pela Fundação Nacional de Artes – Funarte está o cronista Jota Efegê, pseudônimo com o qual o carioca João Ferreira Gomes (1902-1987) fez história na imprensa brasileira. Livros do autor estão disponíveis para aquisição na Livraria Mário de Andrade, da Funarte, por e-mail ou telefone.
Nos antigos Diário Carioca, O Jornal e outros grandes veículos – existentes até hoje –, Efegê dedicou-se a contar histórias do Rio de Janeiro; e mostrar os personagens e as manifestações culturais da cidade. São essas crônicas que compõem boa parte dos sete livros que publicou pela Funarte, entre eles as coletâneas Meninos eu vi, Figuras e coisas da música popular brasileira (volumes 1 e 2) e Figuras e coisas do carnaval carioca. A Funarte destaca, neste artigo do pesquisador Pedro Paulo Malta, algumas das grandes histórias contidas no terceiro livro – tais como relatos sobre o lado carnavalesco de Villa-Lobos e Olavo Bilac. Confira:
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Jota Efegê e as Histórias de Carnaval
A Fundação Nacional Funarte editou Figuras e coisas do carnaval carioca em 1982. O livro reúne textos sobre nomes e episódios fundamentais do Rio de Janeiro em tempos de folia. Ao todo, são 145 textos do já então veterano cronista carnavalesco — função que desapareceu com o tempo. Neles, o leitor aprende, por exemplo, que, antes de Portela, Mangueira e outras escolas de samba tradicionais, os foliões cariocas se dividiam entre os Fenianos, os Tenentes do Diabo e os Democráticos — nomes das principais sociedades carnavalescas (ou “grandes sociedades”), das quais as escolas de samba herdaram os enredos e os carros alegóricos. Já as figuras do mestre-sala e da porta-bandeira vieram de outro tipo de agremiação: os ranchos carnavalescos, formados por operários e batizados, geralmente com nomes de flor — Ameno Resedá, Flor do Abacate, Papoula do Japão e Mimosas Cravinas, entre outros.
Uma das crônicas de Jota Efegê nos leva até o carnaval de 1920, quando o Mimosas Cravinas desfilou pelo Largo da Glória ostentando um elefante. O animal, que pertencia ao Circo Lowande, participou do cortejo “engalanado vistosamente, como convinha ao enredo, levando em seu dorso a rainha (senhorita Maria Santos) e mais três aias (as moças Angelina, Georgina e Carmen)”. Já sobre o carnaval de 1868, Jota Efegê nos conta que o Clube X desfilou pelo Centro da cidade ostentando “camelos autênticos vindos da Ásia, como escreveu Américo Fluminense”.
As crônicas do memorialista também destacam o lado folião de figuras como o maestro Villa-Lobos (que em 1940 fundou o bloco “retrô” Sodade do Cordão), o poeta Olavo Bilac (que pertencia aos Tenentes do Diabo) e o senador Pinheiro Machado (que emprestou um cavalo para o cortejo dos Fenianos em 1903). O livro também joga luz sobre foliões anônimos, como o carteiro Norberto Amaral Júnior — que no carnaval virava “o Morcego”, percorrendo blocos e bailes mascarado e com capa. Também sobre o boêmio Júlio Silva, criador do “Bloco do Eu Sozinho”, atração da folia carioca de 1919 até a morte de seu fundador, em 1979.
Em outro texto, o leitor volta com Jota Efegê até 1892, quando se deu o “carnaval do inverno”, por determinação do intendente municipal França e Leite. O motivo do cancelamento das festas em fevereiro não poderia ser mais atual: segundo o cronista, o intendente alegou que o carnaval “não deveria, como de costume, ser realizado na época do verão, propícia à maior propagação das doenças e epidemias que estavam grassando não cidade”. E, assim, a então capital federal brincou a folia daquele ano entre os dias 19 e 21 de junho, “com toda a euforia que lhe seria condizente”.
Para adquirir este e outros livros de Jota Efegê, entre em contato com a Livraria Mário de Andrade, no e-mail livraria@funarte.gov.br ou telefone (21) 2279-8071.
Texto: – Pedro Paulo Malta – Codip
Edição: CCOM
Funarte