Homem que destinou sua vida ao teatro e às artes, em geral, Humberto Braga faleceu hoje, dia 4 de fevereiro, quinta-feira, aos 74 anos. Produtor e autor teatral, Humberto era servidor efetivo da Fundação Nacional de Artes – Funarte, a qual presidiu, em 2016. A instituição e seus servidores e colaboradores lamentam profundamente a perda do colega – empenhado e apaixonado incentivador das artes, principalmente do teatro, da dança, do circo. Na Fundação, era conhecido por zelar pelo trabalho técnico. A causa do falecimento ainda não foi divulgada.
Humberto também teve protagonismo no esforço pela regulamentação das profissões de artista e técnico de artes cênicas, nos anos 1970. Um dos seus legados mais importantes foi na área teatral para a infância e a juventude e, mais ainda, no teatro de animação – aquele realizado com bonecos, objetos e recursos afins. Participou de ações culturais ligadas a essa linguagem, como a criação da Móin-Móin – Revista de Estudos Sobre Teatro de Formas Animadas, do Departamento de Artes Cênicas da Universidade do Estado de Santa Catarina (Udesc).
Humberto entrou para o Ministério da Educação e Cultura em 1968. Em 1976, ocupou cargo no Serviço Nacional de Teatro (SNT). Participou ativamente da criação da lei que regulamentou as profissões de Artista e Técnico, Lei nº 6.533, de 1978. Desde essa época, ocupou vários cargos, também no Instituto Nacional de Artes Cênicas (Inacen) – que sucedeu SNT, em 1981. Ali ajudou a fundar a Escola Nacional de Circo, na gestão Orlando Miranda; foi um dos criadores do projeto Mambembão; continuou atuando na instituição, depois convertida em Fundação Nacional de Artes Cênicas (Fundacen), mais tarde incorporada à Funarte, onde foi diretor do antigo Departamento de Artes Cênicas (hoje Centro de Artes Cênicas); ocupou o cargo de Secretário de Música e Artes Cênicas do Ministério da Cultura; e, em 2016, presidiu a Funarte; entre outras atividades.
Em entrevista para a Funarte, Humberto contou como ingressou na instituição e comentou sobre políticas culturais da época:
“Eu era funcionário do Ministério da Educação e Cultura. É uma história até curiosa. Era funcionário público de carreira. Eu trabalhava ali no Edifício Gustavo Capanema no setor de Bolsas de Estudos. Naquela época era Ministério da Educação e Cultura. Entrei em 1968. Eu era daqueles funcionários meio CDF, trabalhava muito, era meio caxias… E fazia, nas horas vagas, teatro. Fazia teatro infantil, teatro de bonecos. Eu gostava de teatro e fui dedicando tantas horas livres para o teatro que teve um momento que eu pensei que eu tinha muito mais a ver com a área de cultura do que com a de educação e aí pedi minha transferência. Engraçado que naquela época havia três organismos que faziam trabalhos importantes. Que eram o Serviço Nacional de Teatro, o SNT – como vocês sabem, o SNT (foi) criado na década de 30, como foram criadas quase todas as instituições culturais do país e estava dentro da estrutura do MEC –, a TV Educativa, que fazia um trabalho bonito também, sobretudo para as crianças e onde estava o Gilson Amado, que era pai de uma pessoa também conhecida minha; e o PAC, o famoso PAC/DAC/MEC – Programa de Ação Cultural do Departamento de Ação Cultural do Ministério da Educação e Cultura –, que era gerido pelo Roberto Parreira. Ou seja, três organismos muito próximos do Ministério da Educação e Cultura. E eu fui falar com os três: Roberto Parreira, no PAC, na TV Educativa com o Gilson Amado e no SNT com o Orlando Miranda. E os três, pela minha fama de funcionário caxias, me aceitaram. Eu fiquei com essas três opções e optei pelo Serviço Nacional de Teatro.”
Associação dos Produtores de Teatro do Rio de Janeiro publicou texto de pesar, destacando o “legado de honestidade, ética e amor ao teatro” deixado por Humberto.
A Funarte deixa aqui uma singela homenagem ao colega, que foi amigo das artes e de todos os que nela trabalham, o produtor, ator e bonequeiro Humberto Braga. Seu amor pelas artes deixará frutos eternos. Que fique aqui para sempre a nossa emocionada despedida.