Funarte celebra Dominguinhos, que completaria 80 anos em 12 de fevereiro

Dominguinhos. Crédito da imagem: Flickr/tvbrasil

A Fundação Nacional de Artes – Funarte presta homenagem a Dominguinhos (1941-2013). O músico pernambucano faria 80 anos no dia 12 de fevereiro de 2021. Cantor, sanfoneiro e compositor, ele participou e foi pauta de vários projetos da instituição. Entre eles está um show, no qual ele tocou com Nara Leão, no Projeto Pixinguinha, em 1978. Dominguinhos também foi tema de episódio do Programa de rádio Estúdio F, que detalha a vida e obra de grandes personagens da música brasileira. Abaixo, links para os áudios do show e do programa.

José Domingos de Morais nasceu em Garanhuns (PE). Filho de mestre Chicão, tocador e afinador de acordeons de oito baixos, e de Dona Mariinha, ele foi afilhado musical de Luiz Gonzaga e construiu sucessos e parcerias com nomes como Gilberto Gil e Chico Buarque.

O Encontro com Luiz Gonzaga

Em episódio do programa Estúdio F, o apresentador, produtor e servidor da Funarte Paulo César Soares conta sobre o momento em que Dominguinhos e Luiz Gonzaga se conheceram — um marco na trajetória do autor de sucessos como De Volta Pro Aconchego e Eu Só Quero Um Xodó.

“Os primeiros anos de vida do pernambucano José Domingos de Morais foram embalados pelos sons tirados da sanfona de seu pai, Mestre Chicão, famoso tocador e afinador de foles de oito baixos. Nessa época, José era carinhosamente chamado de Neném e com seus irmãos formava o grupo Os Três Pinguins, no qual tocava pandeiro. O menino apresentava-se em feiras, botequins e portas de hotéis em Garanhuns, sua terra Natal. Num desses hotéis, em 1949, estava hospedado Luiz Gonzaga. O ‘Rei do Baião’ não só achou bom demais o que ouviu como apadrinhou o pequeno Neném, que cresceu, apareceu e também se tornou um grande nome da MPB”, diz o texto do programa Estúdio F número 152.

Nara Leão e Dominguinhos, parceiros no Projeto Pixinguinha de 1978. Crédito: Funarte / Centro de Documentação e Pesquisa

Em 54 minutos, o episódio, disponível abaixo, destacou a trajetória vitoriosa de Dominguinhos. A Funarte o roteirizou, num trabalho do jornalista e servidor Claudio Felício, com apoio de Nelson Lopes na pesquisa de áudio.

Confira o programa completo sobre Dominguinhos aqui

De “Neném” a Dominguinhos

Em 1964, Dominguinhos gravou seu primeiro LP, intitulado Fim de Festa. Em seguida, lançou outros dois discos. Em 1967, passou a fazer parte do grupo de músicos de Luiz Gonzaga, com quem passou a viajar pelo Nordeste. Foi o “Rei do Baião”  quem propôs a mudança do nome de Neném para Dominguinhos, já que o afilhado tinha Domingos no nome.

Foi em uma das viagens com Luiz Gonzaga que Dominguinhos conheceu uma cantora também pernambucana, Anastácia, conhecida como “Rainha do Forró”, com quem compôs mais de 200 canções — entre elas, Eu Só Quero um Xodó. A parceria durou 11 anos e, quando desfeita, Anastácia inutilizou diversas fitas contendo canções inéditas de Dominguinhos.

Embora o forró e o Baião predominassem em seu trabalho, Dominguinhos também fez parcerias com diversos cantores de outros estilos, como no show Índia, de Gal Costa, em 1972. Naquela década, a apresentação de Dominguinhos e Nara Leão foi um dos mais memoráveis do Projeto Pixinguinha. Na temporada de 1978, os dois artistas lideraram um espetáculo que alternava música urbana e sertaneja — conforme narra Pedro Paulo Malta, em texto publicado no Brasil Memória das Artes (Funarte). De acordo com o pesquisador, a apresentação foi aplaudida em teatros lotados no Rio de Janeiro, São Paulo, Belo Horizonte, Brasília, Curitiba e Porto Alegre.

“Enquanto o cantor, compositor e sanfoneiro pernambucano apresentava sucessos iniciais de sua carreira, como Lamento Sertanejo (dele com Gilberto Gil) e Tenho Sede (com Anastácia), a cantora capixaba mesclava clássicos da bossa-nova ao samba tradicional de Ary Barroso (Camisa Amarela) e Geraldo Pereira (Sem Compromisso)”, informa o texto.

Dominguinhos e Nara Leão à frente dos conjuntos Ritmo Nordestino (Zezinho, Zé Gomes e Borel) e Os Carioquinhas (Raphael Rabello, Maurício Carrilho, Paulo Magalhães Alves e Luciana Rabello). Crédito: Funarte / Centro de Documentação e Pesquisa

Você pode ouvir os áudios do espetáculo e conferir mais informações sobre ele aqui

A década de 1980 proporcionou sucessos como De Volta Para o Aconchego, em parceria com Nando Cordel, interpretada por Elba Ramalho; e Isso Aqui Tá Bom Demais, que o artista cantou em dueto com Chico Buarque. Ainda com o compositor, fez parceria na música Tantas Palavras, lançada em 1984 e cantada por Chico. Dominguinhos teve Gilberto Gil como parceiro, nas músicas Lamento Sertanejo e Abri a Porta.

Em 2002, o músico foi o vencedor do Grammy Latino, com o CD Chegando de Mansinho. Cinco anos depois, voltou a gravar e recebeu o Prêmio TIM (2007) como melhor Cantor Regional, com o disco Conterrâneos 2006. No ano seguinte, concorreu ao 8º Grammy Latino, com o mesmo álbum, na categoria Melhor Disco Regional. Lançou também um álbum, em dueto com o virtuose do violão Yamandu Costa. Em 2008, foi o grande homenageado do Prêmio Tim de Música Brasileira. Em 2010, venceu o Prêmio Shell de Música e, em 2012, um ano antes de sua morte, conquistou o Grammy Latino de Melhor Álbum Brasileiro de Raiz, com o CD e DVD Iluminado.

Com informações do Projeto Brasil Memória das Artes e do Programa Estúdio F

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