Dramaturgo Francisco Pereira da Silva tem obra completa editada pela Funarte

Capa: Eliane Moreira (Arquivo Francisco Pereira da Silva)

A coleção Francisco Pereira da Silva Teatro Completo será lançado na sexta-feira, 12 de novembro, às 19h, na Livraria da Travessa, em Ipanema, Zona Sul do Rio. Organizada por Virgílio Costa, a obra em três volumes reúne as 32 peças do autor que se declarava marcadamente nordestino: “O cordel, o repente dos violeiros, a cantoria dos cegos estão no meu sangue”.

Cristo Proclamado (1958), Chapéu de Sebo (1961) e O Chão dos Penitentes (1964), títulos encenados e mais conhecidos de Chico, como era conhecido no meio teatral, podem ser conferidos nesta obra completa que também apresenta a cronologia da vida e obra do autor. A publicação ainda reproduz prefácios e comentários sobre a dramaturgia de Francisco Pereira da Silva escritos por personalidades como Rachel de Queiroz, Bárbara Heliodora, Francisco Miguel de Moura, Orlando Miranda e Francisco de Assis Barbosa.

Francisco Pereira da Silva nasceu em Campo Maior, Piauí, em 1918. Em 1942 veio morar no Rio de Janeiro, ingressando na Faculdade Nacional de Direito, curso que interrompeu no 3º ano para estudar Biblioteconomia, na Biblioteca Nacional. Na então capital federal, Francisco frequentou teatros, exposições de artes plásticas e passou a escrever contos, publicados em revistas e suplementos literários. Sua primeira peça, Viagem, ambientada no Nordeste, foi publicada em 1945, e como a maioria de sua obra ainda é inédita.

Funcionário de carreira da Biblioteca Nacional, Francisco Pereira da Silva era extremamente modesto. Como contador de histórias, utilizava as palavras com sensibilidade e delicada poesia para retratar a realidade de sua infância e juventude vividas no Nordeste. Dos seus campos no Piauí arrebatou para suas peças as maravilhosas histórias do João Grillo, da Carochinha, da Vaca Titiringô. Da farsa à tragédia, em verso e em prosa, bebeu de fontes populares, de textos históricos, da poesia de Gregório de Mattos, de notícias de jornal; transpôs para o seu teatro as cenas do cotidiano carioca e as de seu Campo Maior, lá no Piauí.

“E nas peças do piauiense tem tudo que nos peça o coração. (…) Um cheiro de coisa viva, misteriosamente casada com uma sofisticação de tratamento do mais alto gabarito”, escreveu Rachel de Queiroz no prefácio de O desejado Romance do Vilela (Editora Agir, 1973), incluído em Francisco Pereira da Silva Teatro Completo.

A primeira peça do dramaturgo a ser montada foi Lazzaro em 1952; premiada pela Associação Brasileira de Críticos Teatrais. Seu texto mais conhecido e com maior número de montagens é Chapéu de Sebo (1961), encenada também na Alemanha, na antiga Tchecoslováquia e na Finlândia, permanecendo em cartaz por vários anos.

Um dia, Chico decidiu sair de cena e não mais escrever para o teatro, e voltou-se para a prosa de ficção. Autor festejado pela crítica, suas montagens foram ignoradas pelo público. Além de um romance e um livro de contos, deixou inúmeras peças inéditas que a Funarte põe agora ao alcance do leitor neste teatro completo.

COLEÇÃO TEATRO COMPLETO — FRANCISCO PEREIRA DA SILVA — Volumes I, II e III
Organização de Virgílio Costa

ISBN 978-85-7507-118-2 (obra completa)

Edições Funarte — Ministério da Cultura
Lançamento: 12 de novembro, sexta-feira, 19h
Local: Livraria da Travessa – Rua Visconde de Pirajá, 572 – Ipanema – Rio de Janeiro

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