Em 5 de março, comemora-se o Dia Nacional da Música Clássica. A Fundação Nacional de Artes – Funarte celebra a data parabenizando todos os músicos, maestros e profissionais da área. A data escolhida é uma homenagem a um dos nossos maiores compositores brasileiros, o maestro Heitor Villa-Lobos (1887-1959), nascido nesse dia. Instituída em 13 de janeiro de 2009, já era celebrada na cidade do Rio de Janeiro desde 2006 e, em 2007, foi oficializada no Estado.
Villa-Lobos, considerado o maior expoente da música clássica do modernismo brasileiro, compôs obras que enalteceram o espírito nacionalista, mesclando influências populares, folclóricas e indígenas. Maestro, violoncelista, pianista e violonista, começou sua vida profissional em 1915 como instrumentista e fez suas primeiras composições aos 19 anos. Participou da Semana de Arte Moderna de 1922 e, em seguida, passou uma temporada na Europa. Ao longo de sua carreira, recebeu 24 títulos na França, foi membro da Academia de Belas Artes em Nova York, onde recebeu uma série de homenagens. Em 1945, fundou a Academia Brasileira de Música e dela foi seu primeiro presidente.
Ações da Funarte para a música clássica remontam à data de sua criação (1975)
A fim de tornar esse gênero mais acessível à população, a Funarte realiza, desde a década de 1970, diversas ações para promover e difundir a música clássica (também chamada música de concerto ou ainda erudita) e contribuir para a formação e aperfeiçoamento de músicos e profissionais da área. As iniciativas incluem desde a preservação e a divulgação das obras de grandes compositores, entre eles Villa-Lobos, até lançamento de editais de fomento e realização de cursos.
No Brasil Memória das Artes, site criado para o Portal Funarte com o objetivo de preservar e divulgar seu acervo, o projeto Memória Musical Brasileira – PRO-MEMUS disponibiliza documentos, partituras e gravações de discos. Um deles é o Villa-Lobos – seleção do Guia Prático (1984), com 137 canções folclóricas que compõem o primeiro volume do Guia prático, de Heitor Villa-Lobos, coletânea de fundamental importância para a educação musical e para a memória cultural brasileira. O disco contou com a participação do Coro Infantil do Teatro Municipal do Rio de Janeiro e Quinteto Villa-Lobos. Também estão disponíveis o Quinteto Villa-Lobos (1979), com composições de Mário Tavares, Radamés Gnatalli e Ernst Widmer, e Documentos da Música Brasileira – Vol. 9 –Villa-Lobos – Oscar Borgerth, violino (1979), com obras gravadas em 1960.
Entre as ações promovidas pela Funarte, por meio de seu Centro da Música (Cemus), está o projeto Partituras Brasileiras Online, que reúne em seu portal partituras cedidas por instituições e compositores brasileiros. A Fundação também fomenta a produção de partituras e a divulgação dos compositores brasileiros com o programa Bienal de Música Brasileira Contemporânea, realizado pela Fundação desde 1981. As partituras são para as mais variadas formações, desde instrumentos solistas até grupos orquestrais e vocais, música eletroacústica e mista.
Bienais de Música Brasileira Contemporânea
As bienais foram criadas por Edino Krieger e Myrian Dauelsberg em 1975, inspiradas nos dois Festivais de Música da Guanabara, realizados em 1969 e em 1970, no Theatro Municipal do Rio de Janeiro. As três primeiras bienais foram organizadas pela Sala Cecília Meireles e, a seguir, assumidas pela Funarte, quando Krieger dirigia o então Instituto Nacional de Música da Fundação. Até 2019, a Fundação realizou 23 edições do programa.
Também merece destaque o Prêmio Funarte de Composição Clássica, que seleciona obras de novos compositores nas seguintes categorias: orquestra de câmara; peças para orquestra de cordas; partituras para conjuntos de seis a dez intérpretes; obras para conjuntos de três a cinco intérpretes; peças para solista ou duo. E, ainda, o Prêmio Circuito Funarte de Música Clássica, para a realização de recitais de música de concerto por duos, trios, quartetos ou quintetos, vocais e/ou instrumentais.
Outra importante iniciativa foi o extinto Projeto Espiral, criado pela Fundação em 1976 e retomado em 2016, sob o nome de Painel Funarte de Ensino Coletivo de Cordas. O Painel promove palestras e aulas práticas para grupos ministradas por educadores, regentes e coordenadores de projetos sociais. Em 2020, o Espiral foi novamente revivido, sendo incorporado ao Sistema Nacional de Orquestras Sociais (Sinos), fruto de uma parceria com a Universidade Federal do Rio de Janeiro – UFRJ, como parte do Programa Funarte de Toda Gente. O Sinos visa capacitar regentes, instrumentistas, compositores e educadores musicais, apoiando projetos sociais de música e contribuindo para o desenvolvimento das orquestras-escola de todo o Brasil.
A presença da Funarte na música clássica vai além. Em 2017, o Cemus retomou o Encontro de Luthiers, que até o ano 2000 havia formado diversos profissionais em todo o país. O luthier trabalha com a construção e manutenção de instrumentos musicais. Originalmente, a luteria era a arte que trabalhava apenas com instrumentos de corda, como violão, violino ou baixo. Hoje, o termo também é usado para denominar aqueles que trabalham com todos os instrumentos de corda, sopro ou percussão.
Ações internacionais
Internacionalmente, a Funarte também promove ações para divulgar nossos artistas no exterior. Uma delas é a participação em eventos, como o Festival de Música Clássica Brasileira, no Ano do Brasil em Portugal – 2013. Seis grupos e artistas brasileiros reconhecidos – Quinteto Villa Lobos, Quarteto Colonial, Quarteto Radamés Gnattali, Camerata Aberta, Quaternaglia Guitar Quartet e Alexandre Dias – participaram de concertos no país lusitano. A programação alcançou seis cidades portuguesas: Lisboa, Porto, Mafra, Santarém, Évora e Coimbra. O Festival foi uma realização conjunta dos governos brasileiro e português.
Outra ação que merece destaque é o Música nas Américas, programa de rádio dedicado à música de concerto do continente, seus compositores e intérpretes, e que tem, ainda, entrevistas com compositores e nomes significativos da música latino-americana. Feita em parceria com a MEC-FM e a emissora do Rio de Janeiro da Empresa Brasil de Comunicação (EBC), a série é um espaço para a diversidade cultural que caracteriza a produção musical e o processo de construção de nossa identidade cultural. Após as transmissões, todas as edições são publicadas no portal da Funarte.
Texto e revisão: Catia Lima
Funarte