Nesta quarta-feira, dia 24 de março, a Fundação Nacional de Artes homenageia a atriz e cantora Carmen Miranda, a “Pequena Notável” – que teve uma rica e produtiva carreira no Brasil antes de ir para os Estados Unidos. Há 80 anos, a artista eternizava seu nome no Chinese Theatre, projeto que antecedeu e originou a “Calçada da Fama”, em Hollywood. Em 1941, Carmen foi a primeira representante sul-americana a conquistar uma estrela no hall da fama, que conta com mais de 300 blocos assinados por celebridades de diversas áreas de atuação.
A cantora, atriz e dançarina Maria do Carmo Miranda da Cunha, Carmen Miranda, nasceu no dia 9 de fevereiro de 1909, em Portugal. Faleceu a 5 de agosto de 1955, vítima de um ataque cardíaco, em sua casa em Beverly Hills (Los Angeles – CA – EUA). A jovem veio para a cidade do Rio de Janeiro com dez meses de vida e, ainda criança, recebeu o apelido de Carmen, nome da protagonista da ópera de Bizet. Estudou no tradicional Colégio Santa Teresa, mas abandonou os estudos para ajudar a família. Trabalhou como entregadora de marmitas, vendedora em uma casa de chapéus e balconista de uma loja de gravatas. Com a irmã mais velha, Olinda, aprendeu a costurar e fazer as próprias roupas, tão marcantes em sua carreira.
A “Pequena Notável”, como era conhecida no meio artístico devido aos seus 1,52 de altura, era considerada brasileira, apesar de ter nascido em Portugal. Iniciou carreira como cantora aos 20 anos, ao participar de um festival no então Instituto Nacional de Música Colégio Santa Teresa – hoje Escola de Música da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) –, onde conheceu o compositor Josué de Barros. Aquele foi o “passaporte” que Carmen precisava para ser contratada pela Rádio Sociedade, na Capital Fluminense. A artista teve uma rica e produtiva carreira no Brasil antes de chegar aos EUA. Um fato relevante ocorreu no ano de 1939, quando vestiu o inesquecível traje de baiana e interpretou a canção O que é que a baiana tem, de Dorival Caymmi, no filme Banana da Terra.
Após esse sucesso no cinema, Carmen Miranda despertou a atenção do empresário norte-americano Lee Shubert, que a levou aos Estados Unidos. Estreou na Broadway no espetáculo Streets of Paris (1939), acompanhada pelos músicos do Bando da Lua e pela dupla cômica Abbott e Costello. Em Nova York, apresentou-se no rádio, com os cantores Bing Crosby e Rudy Vallée.
Em visita ao Brasil, Carmen participou de um show no Cassino da Urca, no qual foi recebida friamente pela plateia, que acreditava que ela tinha “abandonado” os fãs brasileiros. Com a situação, ela foi motivada a gravar os sambas Disseram que eu voltei americanizada e Voltei pro morro (1940 – Luis Peixoto e Vicente Paiva).
A “Pequena Notável” ficou conhecida por sua alegria, espontaneidade, maneira de dançar, roupas coloridas e o seu “jeito acalorado” de cantar as músicas em português. Mesmo assim, durante a meteórica carreira internacional, conseguiu mostrar que era uma importante representante do Brasil e da cultura do País. Tornou-se uma estrela da Broadway, chamada pelos críticos de “Brazilian Bombshell” (bomba brasileira). Em outras ocasiões, contudo, era vista como uma representação universal do povo latino-americano.
Quando o sucesso de Carmen chamou a atenção de Hollywood, a Twentieth Century -Fox a convidou para participar de um de seus filmes. Serenata Tropical (Down Argentine Way, 1940) foi a primeira produção estadunidense integrada pela artista. A partir disso, sua carreira em Hollywood decolou. Foram 14 filmes, dentre eles: Aconteceu em Havana (Week End in Havana, 1941), Serenata Boêmia (Greenwich Village, 1944) e Copacabana (1947).
Em sua assinatura eternizada na Calçada da Fama no dia 24 de março de 1941, Carmen Miranda fez uma dedicatória a Sidney Patrick Grauman. Na época, ele era o proprietário do atual TLC Chinese Theatre — um cinema localizado na Hollywood Boulevard, em Hollywood, Califórnia (EUA).
No Brasil, podemos citar duas obras criadas em tributo a eterna Carmem Miranda. No bairro do Flamengo, na Zona Sul do Rio de Janeiro, fica o Museu Carmen Miranda – administrado pela Secretaria de Estado de Cultura e Economia Criativa do Rio de Janeiro. Criado em 1956 e inaugurado em 76, o museu está em um prédio circular, projetado pelo arquiteto modernista Affonso Eduardo Reidy. O acervo conta com cerca de 3.500 itens, composto de trajes sociais e de cena usados por Carmen Miranda em filmes e shows, dentre os quais se destacam os famosos balangandãs; a saia vestida em seu show de estreia na Broadway (1939), e o figurino que usou na homenagem na Calçada da Fama, entre outras relíquias. Em 1960, a artista ganhou uma escultura. Ela ficava no Largo da Carioca, Centro do Rio, e, atualmente, está exposta na rua que leva o nome da artista, no bairro da Ilha do Governador.
Fontes de pesquisa: Los Angeles Times, Blog do Jornalista Junior (ECA-USP), Enciclopédia Itaú Cultural; site da Secretaria de Estado de Cultura e Economia Criativa do Rio de Janeiro