Na tarde do dia 9/11, as sete mesas do I Encontro Funarte de Políticas para as Artes abordaram práticas bem-sucedidas e exposições de trabalhos teóricos e práticos.
A Mesa de Exposições I, com o tema “Experiências de gestão de democratização” contou com as presenças de Jussara Miranda, falando sobre seu trabalho “Visões da dança: situações de trabalho continuado”; de Djalma Thuler que apresentou “A Desguetificação da cultura guei”; de Ivina Passos, com o trabalho “Uma nova alternativa de desenvolvimento cultural”; e Clayton Vetromilla, com o estudo “Pro-memus: a lógica e o papel da Funarte no campo da música erudita brasileira”. A mediadora Eulícia Esteves, do Centro de Música da Funarte destacou a diversidade dos trabalhos expostos na mesa, mas ressaltou que eles têm um viés comum no debate sobre gestão pública de cultura – seja em suas motivações, seja na análise de estratégias de fomento. Seguem alguns resumos de palestras.
Visões da dança: situações de trabalho continuado – Jussara Miranda iniciou a fala comentando sobre o programas de fomento à dança. Ela elogiou o Prêmio Funarte Klauss Vianna: “É um incremento com poder de influenciar a historia das pessoas que dele se valem”, disse. Por outro lado, a palestrante traçou uma crítica sobre o padrão das ações voltadas para o debate do desenvolvimento e promoção de companhias de dança, apontando um caminho: “Os grupos devem ser vistos como ativo da industria cultural, com perspectiva econômica”. A especialista procurou demonstrar a necessidade de facilitação da continuidade do trabalho das companhias da conscientização delas para este objetivo. “É preciso que haja uma cultura de trabalho continuado, com soluções e estratégias, para dar continuidade aos projetos e às políticas culturais”, disse Jussara.
A desguetificação da cultura guei – o professor Djalma Thuler buscou tratar da relação entre condição homossexual e a cultura, com um foco mais amplo do que o habitual, com um comentário que abrangeu desde a realidade dos chamados “gogo boys”, até os shows de transformismo e as drag queens. O eixo central de sua fala foi a questão da heteronormatividade – marginalização das condutas diferentes da heterossexualidade. “A cultura brasileira é ‘heteronormativa’ pois não agencia possibilidades e subjetividades diferentes do padrão heterossexual”, avaliou o professor. Por isso, para ele a visibilidade da cultura LGBT deveria ser uma “questão de estado”. O professor defende que a discussão sobre homossexualidade e sobre sua influência na cultura deva ser retirada da marginalidade e inserida em um contexto social mais amplo.
Como exemplo de realização artística representativa da cultura gay, ele citou o legendário e irreverente Dzi Croquettes, importante grupo musical dos anos 70. A companhia, reconhecida pelo papel que teve no enriquecimento do panorama do teatro e da dança da época, seria um exemplo de trabalho artístico importante para a discussão do homossexualismo.Segundo o professor, a companhia é pouco citada atualmente, porque as vozes que contariam sua história teriam sido silenciadas pela heteronormatividade.
Os artigos citados acima estarão disponíveis em breve no blog do Encontro: https://sistema.funarte.gov.br/noticias-antigas/encontro
A Mesa de Boas Práticas I, voltada para a apresentação de realizações bem-sucedidas, trouxe, dentre outros convidados, a gestora cultural Deize Botelho, do Galpão de Arte de Marabá que fez um pequeno balanço sobre sua atuação a frente da Rede Carajás de Cooperação Cultural e sobre sua participação em outras iniciativas, voltadas para melhorar a vida da comunidade local. “Além da transformação urbana, através do PAC, estamos contribuindo para a capacitação dos artistas locais – e o principal: elevando a auto estima das pessoas”. E completou: “A nossa ideia é difundir a cultura amazônica para além dos nossos quintais”.
“Arte, Linguagem e estética” foi a discussão da Mesa de Exposições II. O tema de Lucas Leal, do Recife (PE), foi “Cinema e/ou filme: tecnologia e arte na educação de jovens e adultos”. O professor de História, centraliza o foco de seus estudos nas teorias de Paulo Freire é frequente a relação deste trabalho com artes e Filosofia. Lucas falou da importância de aplicar nas escolas as ações de incentivo e criar debates sobre cinema. “O Filme Tropa de Elite 2 é bom para levantar a questão da violência e trazer à discussão, nas salas de aula, a busca de possíveis soluções”, exemplificou.
Veja como foi o Encontro, clicando abaixo
Encontro Funarte – 10/11(manhã)
9/11 (tarde)
9/11 (manhã)
9/11 (manhã)
8/11