Na terça, 13 de novembro, segundo dia do Encontro Funarte de Políticas para as Artes, as atividades começaram com a discussão sobre o tema O lugar das ocupações artísticas na difusão cultural. A mesa temática contou com a presença de muitos gestores e produtores culturais, que lotaram o Auditório Muniz Aragão, no Palácio Gustavo Capanema, Centro do Rio de Janeiro.
O mediador dos debates foi o diretor do Centro da Música da Funarte (Cemus), Bebeto Alves, que começou apresentando um panorama das ações da Fundação Nacional de Artes no processo de ocupação de seus espaços, por meio de editais. Bebeto explicou que, neste aspecto, a questão política é avaliada de forma ampla, “sem pensar em territórios”. Segundo ele, “a ideia é estimular pequenas temporadas e diversificar ações de criação e desenvolvimento cultural; dar um selo, uma marca e assim, ganhar o espaço”. O diretor do Cemus acrescentou que o modelo adotado pela Instituição é baseado em uma reflexão sobre a contemporaneidade. “Ganham o gestor e o artista, ao mesmo tempo”, concluiu.
Em seguida, Priscila Seixas, da produtora Burburinho Cultural, apresentou a palestra Entre o espaço e o equipamento cultural, a gestão da residência artística. Na exposição, foram apresentados alguns estudos de casos relacionados a espaços culturais como a Sala Funarte Sidney Miller e a Sala Baden Powell (SMC/RJ) e no projeto de pré-produção do Teatro Cacilda Becker (Funarte). Para Priscila, o princípio dos programas de ocupação foi o diálogo com os diversos agentes culturais envolvidos no projeto e com a população. “Atendemos a públicos ecléticos, que gostam do clássico ao popular, de diferentes idades, apresentando formas de experimentação que permitam esta troca”, destacou a produtora.
O representante do Brecha Coletivo, Patrick Sampaio, abordou sua experiência no Teatro Glauce Rocha e em outros espaços, onde atuou como gestor de projeto, a partir do painel As ocupações de equipamentos culturais na cena cultural contemporânea. O palestrante explicou que a proposta é misturar ideias e fundi-las, criando outras, novas. O produtor aproveitou a oportunidade para solicitar mais diálogo entre as instâncias públicas, os artistas e as plateias. “Precisamos trocar ideias com a cidade, com o espaço e estimular o relacionamento das pessoas com a arte”, finalizou.
Outra gestora, Nayse Lopes, do Festival Panorama de Dança, falou sobre o tema Ocupar espaços em formatos colaborativos. Ela explicou que o festival, do qual é também diretora, tem foco na expansão da dança contemporânea como arte performativa. “Devemos criar formas de dar visibilidade a processos artísticos e uma das maneiras é cumprir metas complexas em tempo hábil”, analisou. Nayse também fez um resumo de seus 20 anos de trabalho e da experiência na ocupação do Teatro Cacilda Becker – teatro da Funarte dedicado à dança.
Fernando Libonati, do Instituto Galpão Gamboa, contou sobre o trabalho na organização – “Circular com espetáculos por outros bairros, em temporadas curtas, é um dos objetivos de nosso projeto”. Também expôs sua preocupação em apresentar ao público eventos de arte a preços acessíveis. O gestor sugeriu experimentar ocupações, avaliar as gestões para, então, decidir a como será a renovação das temporadas. Libonati elogiou a reabertura de espaços culturais, principalmente no Centro do Rio. “É muito melhor revitalizar os espaços existentes e que estavam fechados, ao invés de fazer novos”, observou.
Ao final do debate entre os produtores culturais e o público, foram exibidos os vídeo-documentos Nelson Rodrigues na visão de Foto Carlos (2010); É de Xurupito (1957), Acervo Walter Pinto (2010) e Dóris Monteiro (2012), todos do acervo do projeto Brasil Memória das Artes, da Funarte.
Na quarta (14/11), último dia do Encontro, haverá uma conversa com os autores Pablo de Carvalho, Tiago Novaes, Marco Catalão e Ivan Fernandes sobre a Bolsa de Criação Literária 2010. Também serão lançados o livro Políticas para as Artes – Encontro Funarte 2011 e a Coleção Criação Literária 2010.
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