Mostras expõem desdobramentos da arte de Edith Derdyk e Geórgia Kyriakakis (SP)

'Meridianas', de Geórgia Kyriakakis, na Galeria Flávio de Carvalho

Duas artistas laureadas com a última edição do Prêmio Funarte de Arte Contemporânea realizam, em São Paulo, mostras individuais que vitalizam os percursos trilhados em suas pesquisas no território plástico. As exposições Arcada, de Edith Derdyk, e Meridianas, de Geórgia Kyriakakis, estarão abertas à visitação diariamente, até 2 de abril de 2013, com entrada franca.

Em Meridianas, Geórgia Kyriakakis reúne seis séries de trabalhos que desafiam o equilíbrio sensorial e os limites de fragilidade e instabilidade. Já em Arcada, Edith Derdyk aprofunda suas investigações sobre a interlocução entre palavra e imagem. A artista foi a Jerusalém buscar materiais de pesquisa sobre as origens da palavra em seu estado poético e suas interseções com escrita e desenho, linguagem verbal e visual.

Edith Derdyk: Arcada
Arcada, de Edith Derdyk, tem como ponto de partida a tradução do Gênese pelo poeta concreto Haroldo de Campos no livro Bere’shith – A Cena da Origem. A mostra pensada para a Galeria Mario Schenberg dá continuidade ao processo de pesquisa e criação da artista, voltado ao diálogo permanente entre a palavra e a imagem, especialmente nesta exposição a natureza imagética da poesia: os versos bíblicos na pena de Haroldo de Campos e a sintonia entre a origem do verbo e o aparecimento da luz – questão presente nos mitos da criação de diversas tradições religiosas.

Autora de extensa pesquisa sobre o desenho, Edith publicou, entre outros títulos, os livros Disegno. Desenho. Desígnio (Editora Senac), Formas de Pensar o Desenho (Zouk ) e Linha de Costura (Iluminuras, C/Arte). Em Arcada, esta linguagem gráfica também se manifesta, por meio de linhas no espaço e grafias sobrepostas.

A mostra da Galeria Mario Schenberg é formada por três conjuntos de obras. O primeiro deles é a instalação Arcada, onde um plano de luz é sustentado por linhas pretas que desenham um volume no ar e traçam sobre a luminosidade uma área de escuridão.

O segundo conjunto é a série Tábula, elaborada em programa de residência na biblioteca do Centro Cultural da Juventude (zona Norte de São Paulo). São cerca de 120 impressões a jato de tinta mineral, todas elas fruto de sobreposições de fotos da primeira página do Gênese, extraídas de Bíblias populares em várias línguas compradas em sebo. Com essas sobreposições, a artista constrói um texto ilegível, blocado, quase intransponível.

Arcada e Tábula estabelecem, entre si, o terceiro conjunto: uma zona de tensão pela presença de dois retângulos densos e escuros: um na parede, horizontal, e outro vertical, formado no espaço pelos fios de linha preta.

Geórgia Kyriakakis: Meridianas
Meridianas traça um panorama sobre a atual produção da artista Geórgia Kyriakakis, que apresenta nesta exposição obras criadas a partir de técnicas híbridas que misturam linguagens e materiais, como fotografia, escultura e objeto, feitos de elementos como madeira, correntes metálicas e pó de metal carbonizado. A produção de Geórgia foca o acontecimento e seus efeitos, altera fragilidade e força e explora as vibrações secretas dos objetos, que surpreendem e resgatam experiências sensoriais.

A mostra conta também com um programa educativo elaborado por Milene Chiovatto, responsável pelo setor educativo da Pinacoteca do Estado (SP), e realizado por Leandro Roman e Daniela Azevedo. O projeto integra uma programação de palestras para professores, encontros com a artista, vídeos e publicações nas redes sociais, entre outras ações educativas.

Meridianas compõe-se das séries: Meridianas (2012) – obra inédita de titulo homônimo ao da exposição; Horizontes Elásticos (2012) – conjunto de cinco fotografias de horizontes marítimos cuja imagem foi captada de forma não usual; Zona de Controle (2012) – tríptico com fotos de nuvens carregadas da energia de uma tempestade iminente; Coordenadas (2011) – espécie de situ/ação escultórica, composta por mesas suspensas por cabos de aço que parecem flutuar sob o peso de um pó metálico, Deixa Passar (2011) – mesas de madeira atravessadas por correntes metálicas, onde as oposições parecem se confundir e se neutralizar; e Genius Loci (2011) – registro fotográfico de ação na qual a artista tenta se posicionar em relação ao chão de uma via pública íngreme.

Sobre Edith Derdyk – Cursou Licenciatura em Artes Plásticas pela FAAP (SP), entre 1977 e 1980. Realizou trabalhos gráficos como capas de livros e discos – destaque para a parceria com o fotógrafo Gal Oppido nas capas para o grupo musical Rumo. Escreveu e ilustrou livros infantis e é autora de livros teóricos como Formas de Pensar o Desenho e O Desenho da Figura Humana (Scipione). Em 1997, lançou Linha de Costura, pela Iluminuras. São de sua autoria, ainda, as edições independentes Vão, O que fica do que escapa, Fresta e Fiação e Linha de Horizonte – por uma poética do ato criador. Desde 1981 participa de exposições coletivas e individuais no Brasil e no exterior. Entre elas, a individual Declive, na Haim Chanin Fine Arts em Nova York (EUA). Foi contemplada com diversas bolsas e prêmios, como a Bolsa para Artes Visuais/FIAT (1990), que resultou na exposição Viés, no MASP, e a participação em programa de pesquisa pela The Rockefeller Foundation em Bellagio Center, Itália (1999). Recebeu o Prêmio APCA (Associação Paulista dos Críticos de Arte) em 2002, e o Prêmio Revelação de Fotografia/Porto Seguro em 2004. Participa de feiras internacionais (Arco, Miami Basel) representada pela Marília Razuk Galeria de Arte, onde realizou a individual Ângulos, em 2004.

Sobre Geórgia Kyriakakis – Artista e educadora, formada em Artes Plásticas pela FAAP, Mestre e Doutora em Artes pela ECA-USP, participa de exposições desde 1986 e realizou sua primeira individual em 1991, naItaugaleria, em São Paulo. Desde então, tem participado regularmente de exposições coletivas e individuais, dentro e fora do país, e recebido diversos prêmios e distinções, entre os quais: Salão Nacional; Brazilian Project, European Ceramic Work Centre, Holanda; Salão de Arte de Ribeirão Preto; Salão Paranaense de Arte e Prêmio Brasília de Artes Plásticas. Entre as exposições das quais participou, vale ressaltar: Beelden Uit Brasilie (Stedelijk Museum/Schiedam/1996) e De Huit Van Witte Dame (Eindhoven/1995) ambas na Holanda; XVIII Bienal Internacional de São Paulo (1996); Arte-cidade III (São Paulo/1997); Caminhos do Contemporâneo (Paço Imperial/RJ/2002); São Paulo-450 anos-Paris (Instituto Tomie Ohtake, São Paulo /2004); Parangolé-90 Fragmentos (Museu Pateo Herreriano, Espanha/2009); Instáveis (Paço das Artes, 2012). Desde 2001 é representada pela Galeria Raquel Arnaud, onde regularmente realiza exposições individuais. Leciona desde 1997 na Faculdade de Artes Plásticas da FAAP e, desde 2003, no Centro Universitário Belas Artes, onde atua também na pós-graduação.

Serviço:
Prêmio Funarte de Arte Contemporânea 2012
Complexo Cultural Funarte São Paulo. Alameda Nothmann, 1.058, Campos Elíseos, São Paulo, SP. Tel (11) 3662-5177

Entrada Franca

Exposição Meridianas, de Geórgia Kyriakakis
De 22 de fevereiro a 2 de abril | De segunda a sexta, das 10h às 18h; sábados e domingos, das 14h às 21h
Galeria Flávio de Carvalho
Palestra/encontro com professores: 28 de fevereiro |Das 15h às 17h
Encontro com a artista: 28 de fevereiro | Das 17h30 às 19h

Exposição Arcada, de Edith Derdyk
De 22 de fevereiro a 2 de abril | De segunda a sexta, das 10h às 18h; sábados e domingos, das 14h às 21h
Galeria Mario Schenberg
Conversa com o curador Jacopo Crivelli e lançamento de catálogo: 2 de abril|19h30

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