A Funarte acaba de publicar o livro Cartas de João do Rio, revelando o acervo descoberto pela pesquisadora Cristiane d’Avila – 71 cartas enviadas por João do Rio a João de Barros e Carlos Malheiro Dias, jornalistas e escritores portugueses que lutaram pela aproximação luso-brasileira no início do século XX, momento marcado por forte anti-lusitanismo. O lançamento está inserido na programação do Ano Brasil Portugal, e as cartas de João do Rio parecem ter profetizado essa celebração da aliança luso-brasileira.
Com prefácio de Zuenir Ventura e organização, introdução e notas de Cristiane d’Avila, o livro apresenta 778 notas explicativas sobre as pessoas e fatos tratados nas cartas. Os originais – cartas que compõem as 400 páginas da publicação – foram digitalizados dos acervos da Biblioteca Nacional de Portugal.
Cartas de João do Rio é resultado da pesquisa de doutorado da jornalista Cristiane d’Avila, realizada no Departamento de Letras da PUC-Rio, entre 2006 e 2010, em que ela investiga dois aspectos relevantes e pouco estudados da trajetória pessoal e profissional de João do Rio – a relação do cronista com a colônia portuguesa no Rio de Janeiro e em Lisboa, em especial com jornalistas, homens de letras e editores lusitanos; e a luta de João do Rio pela aproximação entre o Brasil e Portugal, em momento de afirmação da identidade nacional pela negação da herança cultural portuguesa.
Para o presidente da Funarte, Antonio Grassi, a edição de Cartas de João do Rio acontece num momento de grande importância cultural para Brasil e Portugal. “A publicação dessa correspondência mostra que João do Rio se preocupava em reaproximar Brasil e Portugal, num tempo de forte anti-lusitanismo. O livro é mais uma conquista dentre as celebrações do Ano Brasil Portugal. Esse lançamento também coloca João do Rio entre os importantes escritores já publicados pela Funarte. Ele foi um dos mais importantes jornalistas de seu tempo, que retratou os costumes do Rio de Janeiro, como nenhum outro de sua época. Com o livro, apresentamos ao leitor o estilo tão refinado de João do Rio, por um preço acessível.”
As cartas reunidas no livro revelam, segundo Cristiane d’Avila, “uma emocionante história de amor, amizade, perdas, lutas e glórias de um homem notável; comprovam o brilhantismo do cronista, somando ainda mais elementos a uma já extensa e inquietante – porém ainda pouco explorada e minimamente publicada – bibliografia”.
O livro mostra que da amizade entre João do Rio e João de Barros nasceria, em 1915, a revista Atlântida, cujo número inaugural trazia as boas-vindas dos ministros dos dois países, “enaltecendo os ideais elevados, o patriotismo dos editores e a importância da publicação para a aproximação intelectual e econômica entre o Brasil e Portugal”.
A coletânea reunida em Cartas de João do Rio, além de reforçar o aspecto sempre observador e atento do jornalista aos costumes e à “alma encantadora das ruas”, também tem valor documental e histórico, pois permite a reconstituição da atmosfera do Rio de Janeiro da Belle Époque, no início do século XX. A obra traz ainda reproduções de fotos do Rio Antigo dos fotógrafos Augusto Malta e Marc Ferrez.
JOÃO DO RIO (1881—1921) João Paulo Emílio Cristóvão dos Santos Coelho Barreto nasceu no Rio de Janeiro, em 1881. Foi cronista, contista, repórter e dramaturgo. O pseudônimo João do Rio, que o consagrou, nasceu em 1903, no jornal Gazeta de Notícias. Trabalhou em diversos jornais como colaborador, redator, diretor, fundador. É considerado o maior jornalista de seu tempo. Talentoso, de estilo refinado, João do Rio deixou vasta obra também na literatura. Muito popular, seu enterro teve um cortejo de cerca de cem mil pessoas.
CRISTIANE D’AVILA iniciou sua carreira de jornalista no Jornal do Commercio e hoje trabalha como assessora de comunicação na Fundação Oswaldo Cruz. Doutora em Letras, mestre em Comunicação Social com especialização em Comunicação e Imagem, em 2008 fez doutorado-sanduíche na Universidade Nova de Lisboa pesquisando as relações luso-brasileiras na obra de João do Rio.
Cartas de João do Rio a João de Barros e Carlos Malheiro Dias
Organização de Cristiane d’Avila
Edições Funarte
400 páginas
Preço: R$40,00
ISBN 978-85-7507-152-6
Lançamento: 25 de abril, quinta-feira, às 18h
Livraria Cultura Cine Vitória
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