A Fundação Athos Bulcão, com apoio da Fundação Nacional de Artes – Funarte, inaugura a mostra Azulejos em Lisboa – Azulejos em Brasília, na terça-feira, 28 de maio, no Museu Nacional do Azulejo, em Lisboa, Portugal, como parte das comemorações do Ano do Brasil em Portugal 2013. A exposição traça um paralelo entre obras brasileiras e portuguesas, possibilitando um passeio que desconsidera distâncias históricas e geográficas.
A mostra Azulejos em Lisboa – Azulejos em Brasília é um recorte da obra do artista Athos Bulcão em diálogo com a azulejaria portuguesa, e ressalta as características diversas entre as obras brasileiras e portuguesas: as semelhanças compositivas, as paletas de cores, as evocações aproximativas entre imagens, a lógica do processo de montagem. Também revela a fruição da obra naquilo que lhe é intrínseco: as possibilidades estéticas da composição modular. Azulejos em Lisboa – Azulejos em Brasília ficará aberta ao público de 29 de maio a 28 de julho de 2013, com entrada franca.
Sobre Athos Bulcão
Athos Bulcão foi o principal representante da azulejaria brasileira, e conviveu, aprendeu e foi influenciado por mestres do modernismo, da arquitetura e do urbanismo, como Oscar Niemeyer, Cândido Portinari, Burle Marx, Lúcio Costa, Hélio Uchôa, Ítalo Campofiorito, João Figueiras Lima e Glauco Campello, entre outros. Companheiro de tantos artistas tornou-se, ele próprio, referência em arte e composição modular. Sua obra, que tem fundamento no estilo barroco, espalhou-se por todo o território brasileiro, em painéis marcantes que não apenas adornam projetos arquitetônicos, mas unem-se fisiologicamente à construção, fornecendo movimento e personalidade. Principalmente ao lado de Oscar Niemeyer, Athos Bulcão também assinou importantes obras na sede do Partido Comunista francês, Universidade da Argélia e muitas outras.
Um dos primeiros trabalhos de Athos Bulcão foi, no início do século XX, em Belo Horizonte. O artista colaborou com Cândido Portinari, na confecção dos azulejos de seu painel expressionista para a igreja de São Francisco de Assis, na Pampulha. A azulejaria, principalmente a interna, mantinha um diálogo direto com as obras barrocas portuguesas, tanto na técnica como na paleta de cores. A inspiração vem dos azulejos do século XVIII, influenciados pela porcelana da Companhia das Índias, sempre em tons azul e branco.
Nos anos 1950, Athos Bulcão juntou-se a Lúcio Costa, Niemeyer e Burle Marx para a construção de Brasília. Inaugurada em 1960, a capital ganhou obras de azulejo na Igrejinha de Nossa Senhora de Fátima e no Brasília Palace Hotel. Seguiram-se painéis impressionantes em diversos edifícios públicos, como o Congresso Nacional, o Palácio Itamaraty e a fachada do Teatro Nacional, na Esplanada dos Ministérios.
Obras da nova capital foram enriquecidas pelo conceito de “criação coletiva”, que Athos desenvolveu ao longo de sua carreira. Alguns painéis tinham a intervenção inclusiva dos operários que participavam de sua construção. Os ladrilheiros também ajudavam na composição, criando, por vezes, formas abstratas, sem desenhos precisos. Dispostos aleatoriamente compunham uma irregularidade rítmica com as formas e cores.
O trabalho de Athos Bulcão conferiu alma a Brasília, com sua exímia capacidade de intervenção da arte na arquitetura, utilizando o azulejo e as inovações de seu uso, avançando em formas geométrico-abstratas. Ele é o artista da capital. As obras que realizou foram feitas para o convívio com a população e carregam a consideração pela cidade e seus habitantes.
Athos Bulcão nasceu no Catete, Rio de Janeiro, em 2 de julho de 1918, e passou a infância em uma casa ampla em Teresópolis. Foi amigo de alguns dos mais importantes artistas brasileiros modernos, os maiores responsáveis por sua formação. Carlos Scliar, Jorge Amado, Pancetti, Enrico Bianco – que o apresentou a Burle Marx, Milton Dacosta, Vinicius de Moraes, Fernando Sabino, Paulo Mendes Campos, Ceschiatti, Manuel Bandeira, entre outros.
Sua trajetória artística é especialmente consagrada ao público que entra em contato com sua obra em situações cotidianas, quando passa para ir ao trabalho, à escola ou simplesmente passeia pela cidade, impregnada pela sua obra, que “realça” o concreto da arquitetura de Brasília. Athos Bulcão faleceu, na capital federal, no dia 31 de julho de 2008, aos 90 anos.
‘Azulejos em Lisboa – Azulejos em Brasília’
Em comemoração ao Ano do Brasil em Portugal 2013
Abertura: 28 de maio, 19h (para convidados)
Local: Museu Nacional do Azulejo – Lisboa, Portugal
Exposição: 29 de maio a 28 de julho de 2013
Curadoria: Marília Panitz
Projeto Expográfico: Caetano Albuquerque
Patrocínio: Grupo CCR
Realização: Fundação Athos Bulcão
Incentivo: Lei de Incentivo a Cultura – Ministério da Cultura do Brasil – Governo Federal
Apoio: Fundação Nacional de Artes – Funarte/Ministério da Cultura do Brasil/Embaixada do Brasil em Portugal e Gabinete C
Entrada franca
Classificação: Livre para todos os públicos
Mais informações
(61) 3322 7801
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