Clichês das telenovelas vão para o palco da Sala Funarte (RJ)

Montagem com cartaz da peça. Blog do autor

A Fundação Nacional de Artes apresenta mais uma atração do Ciclo de Leituras Dramáticas, realizado na Sala Funarte Sidney Miller, no Centro do Rio de Janeiro: a peça Intervalo de Dagomir Marquezi. A leitura será no dia 19 de novembro, terça-feira, às 18h30, com entrada gratuita. O texto, que aborda de forma irônica os clichês típicos das telenovelas, ganhou o Prêmio Funarte de Dramaturgia 2004 – Região Sudeste – Teatro Adulto. A direção é de Josué Soares.

Logo no começo, a peça dá ao espectador a sensação de estar assistindo, na televisão, a um capítulo qualquer da novela Vidas sem rumo, já iniciada há algum tempo. “Vemos personagens que não conhecemos, falando de assuntos sobre os quais estamos por fora. Mas as novelas são construídas sobre clichês sólidos. Logo podemos identificar e nos envolver com os conflitos dos personagens, sejam quais forem”, diz o autor. A cena traz as irmãs Mariana (“a boa”) e Roberta (“a má”); Leonard o, noivo de Mariana; Michel e Bob – coadjuvante que, em trechos engraçados, alivia a tensão do enredo – e Florinda. Roberta solta seu “veneno”: insinua que Leonardo está adiando o casamento com sua irmã, por ter dúvidas sobre seus sentimentos. Ao longo da trama, Roberta ganhará importância: de simples irmã invejosa, passará a ser a principal vilã do drama televisivo. Em dado momento, Michel explica a Mariana e a Leonardo que fatores tornam possível a existência de uma novela de TV. Revela que há três “divindades”: os Escritores, a Audiência e os Patrocinadores; mostra porque a vida dos personagens de Vidas Sem Rumo é tão miserável; e diz que tem muito mais a falar.

Intervalo já teve uma leitura no Museu de Arte de São Paulo (MASP), em 2007. Juntamente com o romance Dores, Amores & Assemelhados, de Claudia Tajes, a peça serviu de base para o roteiro do filme Dores & Amores, com o qual Dagomir também colaborou. O filme foi lançado em 2010 e o texto rendeu, ainda, um livro, que o jornalista escreveu, juntamente com Ricardo Pinto e Silva e Patrícia Müller. A apresentação de Intervalo na Sala Funarte contará com uma versão revisada. No mesmo dia da leitura, o texto será lançado em livro digital e vendido na internet. Dagomir Marquezi criou, também, um blog dedicado à obra. Ele contém o vídeo da primeira leitura e outros elementos do processo de criação – um tipo de “making of”. Acesse: http://intervalonainternet.blogspot.com.br/

Sobre o autor – O escritor, roteirista e jornalista Dagomir Marquezi nasceu em 1953, em São Paulo (SP), onde mora. Graduou-se em Jornalismo na Fundação Armando Álvares Penteado (FAAP). Sempre alternou o texto jornalístico e a ficção, entre o romance, o radioteatro, a telenovela, os musicais de TV, os programas infantis, as histórias em quadrinhos, o teatro, o cinema e as mídias digitais. Trabalhou em alguns dos principais veículos de imprensa do país, como O Estado de São Paulo, Veja, Isto É, Playboy, Placar, Info, entre outros. Escreveu seis livros, entre ficção e ensaios. Foi coautor de duas telenovelas – Um Sonho a Mais e Helena. Três de suas peças ganharam leituras públicas em São Paulo: Intervalo, Capa e A Raiz da Verdade. Hoje, além de jornalista “free lancer”, Dagomir é editor de mídias digitais.

Sobre o diretor – O baiano Josué Soares é ator, encenador, bailarino, produtor e mímico. Foi indicado ao Prêmio Mambembe 1987, pela direção corporal de Terra de gigante. Em 1991, dirigiu De Olho no escuro, que recebeu três indicações ao Prêmio Coca-Cola de Teatro Infantil e ao Prêmio Mambembe. Recebeu o Prêmio Paschoalino de Direção e de Melhor Espetáculo, por Monet, em 1999, e novamente, em 2008, também nas categorias Direção, Melhor Espetáculo, e ainda na de Melhor Trabalho Corporal, por Homem nenhum, baseado na obra de Nelson Rodrigues. Pela Direção Corporal de Que História espera seu fim lá embaixo, do grupo Quantum, recebeu o Prêmio do Festival Nacional de Campos e a indicação, na mesma categoria, no Festival Nacional de Resende (2007). Começou a carreira em grupos teatrais, que percorreram várias cidades do interior da Bahia. Estreou no teatro profissional aos 17 anos. Adquiriu experiência em diversos gêneros de dança. Em 1987, criou a Companhia de Teatro Gestual Os Mimos, que estreou em 1989. Como diretor, realizou diversas montagens de teatro, show musical, ópera, dança; e eventos. Além de Monet, concebeu e dirigiu Picasso, espetáculos feitos em parceria com a Companhia Triângulo, apresentados simultaneamente às mostras desses pintores no Brasil. Criou, em 2001, e dirigiu Por Gentileza, integrado ao projeto Brasil, tempo de Gentileza. Na antiga TVE, integrou o programa Canta conto. Recentemente, fez a direção corporal de A Incelença, de Luiz Marinho; de Realidade virtual, de Alan Arkin (EUA); criou, dirigiu e atuou em Muito Prazer; e atuou em Roda de Cantigas, de Zé Zuca.

Sobre o Ciclo de Leituras Dramáticas – A ideia de levar aos palcos textos da dramaturgia brasileira contemporânea premiados pela Funarte partiu do novo presidente da Instituição, Guti Fraga. As peças que integram a programação foram vencedoras do Prêmio Funarte de Dramaturgia, nas edições entre 2003 e 2005. As leituras são apresentadas sempre às terças-feiras, às 18h30, na Sala Funarte Sidney Miller, com entrada franca. A programação prossegue até dezembro.

Ciclo de Leituras Dramáticas

Intervalo
De Dagomir Marquezi
Direção: Josué Soares

Elenco
Leonardo – Ernandes Cardoso
Mariana – Joelma di Paula
Roberta – Cecilia Terrana
Florinda – Márcia Valéria
Bob – Rogério Brum
Michel – Flávio Lázaro

Dia 19 de novembro de 2013, terça-feira, às 18h30

Sala Funarte Sidney Miller
Palácio Gustavo Capanema
Rua da Imprensa nº 16, térreo – Centro
Rio de Janeiro (RJ)
Entrada franca

Realização
Fundação Nacional de Artes – Funarte

Centro de Artes Cênicas

Mais informações para o público
ceacen@funarte.gov.br
Tel. (21) 2279 8012

Conheça a produção de Dagomir Marquezi na internet, nas páginas:

http://dagomir.blogspot.com.br/

http://dmarqueziprod.blogspot.com.br/