Geraldo Azevedo abriu o Projeto Música no Capanema, na Sala Funarte Sidney Miller – Centro do Rio de Janeiro, com o show Voz & Violão, no dia 4 de dezembro, quarta-feira. A casa lotou. Mais de 230 pessoas cantaram junto com o artista, se emocionaram e dançaram ao som dos seus sucessos – alguns em parceria com Alceu Valença, Zé Ramalho e outros – além de um trecho em homenagem aos cem anos de Vinícius de Moraes. Marcado pelo ecletismo, o Projeto Música no Capanema, que apresenta shows às 18h30, com entrada franca, é realizado pela Fundação Nacional de Artes, através do Centro da Música e comemora os 35 anos da Sala Funarte.
O trecho da letra de Berekekê mostrou um pouco do forte multiculturalismo, presente no coração de Geraldo Azevedo: “…Quase índio/ Amazonas/ Olho D’água arco-íris/ Eu vou te encontrar no sol/ Ardente como a estrela/ Cadente no seu olhar/ Paixão índia canção negra/ Tanta Luz nos queimar…”. O artista é Pernambucano de Petrolina e cresceu às margens do Rio São Francisco. O músico traduz em suas canções um cosmopolitismo típico das culturas ribeirinhas do Velho Chico, que carrega linguagens de Minas Gerais, Bahia, Sergipe, Alagoas e Pernambuco. Essa mesclagem cultural, portanto, representou precisamente o aspecto eclético do projeto da Funarte.
Geraldo Azevedo fez um passeio por quatro décadas de composições. Apresentou desde sucessos do início de sua carreira, como Táxi lunar, Bicho de Sete Cabeças (Geraldo Azevedo, Zé Ramalho e Renato Rocha) e Caravana, até canções inéditas, que entrarão em seu próximo trabalho, previsto para ser gravado em 2014. O repertório, que encantou a plateia, trouxe, além de canções românticas, ritmos dançantes, representados pelos xotes Dona da Minha Cabeça, Sabor Colorido e Moça bonita, entre outros; além de músicas de Vinícius de Moraes, lembrando o centenário do poeta. Em uma das conversas com o público, Geraldo fez uma homenagem ao Rio São Francisco; defendeu a necessidade de sua preservação; e prestou tributo às culturas presentes em suas margens. Essas raízes foram sintetizadas em 2011, quando Geraldo lançou o CD/DVD Salve São Francisco, com direção musical sua e produção de Robertinho do Recife. O trabalho foi indicado ao prêmio Grammy Latino daquele ano, na categoria Melhor Álbum de Raízes Brasileiras.
Em nome da Funarte, estavam presentes ao show a diretora do Centro da Música, Renata Monteiro; o coordenador de música popular, Cláudio Guimarães; a coordenadora de bandas, Rosana Lemos; a gerente de música erudita, Maria José Queiroz, (representando sua coordenação) e Camilla Pereira, coordenadora de comunicação, entre outros servidores.
Sobre o projeto Música no Capanema, o músico destacou que a Funarte sempre teve a proposta de valorizar a diversidade de estilos e tendências musicais. “O Projeto Pixinguinha, por exemplo, foi uma iniciativa impressionante, que marcou minha carreira, a de Elba Ramalho, e de outros. Creio até que, se não fosse o Projeto Pixinguinha, eu não sei se eu seria o mesmo. Ele deu abertura muito grande para nós. O primeiro Pixinguinha de que participei foi com Elba e Vital Farias, no início de nossas carreiras. Todos os projetos da Funarte tem sido gratificantes, até porque trilham na miscigenação musical e na valorização da diversidade cultural”, lembrou.
O Projeto Música no Capanema traz artistas representativos dos mais variados estilos, em uma programação de excelência. Geraldo Azevedo foi especialmente convidado pela Funarte para a abertura do programa, para substituir Moraes Moreira, que teve um problema de saúde. Mas Moraes participará do programa, no dia 20, com Davi Moraes, seu filho, apresentando parcerias inéditas e clássicos da música brasileira e dos Novos Baianos. No dia 5, quinta, se apresenta no projeto o grupo Descendo a Serra, com Participação de Mart’nália, com repertório dos mestres do samba, mesclado com o da tradição do jongo. No dia 6, e a vez de Nise Palhares, conhecida pelo sucesso no programa Ídolos 2010, em Tributo a Cássia Eller. No dia 11, quarta-feira, o Tono lança seu mais novo CD, Aquário. Na quinta, dia 12, é a vez de Davi Moraes e sua banda. Na sexta (13), o Bondesom faz a despedida da sua turnê Procurando Lola, com músicas instrumentais autorais. No dia 18, quarta, o hip hop toma conta da festa, com o MC Marechal, conhecido no rap “freestyle” e seu improviso e pela festa Zoeira Hip-Hop da Lapa, no Rio. No dia 20, se apresentam Moraes Moreira e Davi Moraes. A programação continua em janeiro.