Quando o percurso torna-se destino é ao mesmo tempo um produto e uma operação, que nasceu da vontade de explorar novas paragens e, também, compartilhar com artistas locais experiências e situações durante percursos. Composto por quatro ações, o projeto, de autoria do artista Fábio Tremonte, selecionou quatro diferentes regiões do Brasil para sua realização: São Joaquim, Bom Jardim da Serra, Lages, Urupema e Urubici (SC); Grão-Mogol, Lagoa Formosa, Indianápolis (MG); litoral do Ceará (CE) e Rio São Francisco – Petrolina (PE). Regiões selecionadas por reservarem certas especificidades físicas e geográficas que são fundamentais ao projeto, pois estão relacionadas com os quatro elementos da natureza: ar (SC), terra (MG), fogo (CE) e água (PE).
As primeiras ações foram realizadas em Minas Gerais, de 15 a 19 de janeiro, com o artista Pablo Lobato e em Santa Catarina, de 15 a 18 de fevereiro, com Julia Amaral. As próximas serão no Ceará, de 18 a 22 de abril, com Yuri Firmeza e, depois, em Pernambuco, de 1° a 6 de maio, com Roberto Moreira Jr. (Traplev).
Quando o percurso torna-se destino faz uso das características físicas e geográficas de cada local selecionado, propondo uma interação com as formações e situações específicas da natureza e como essas influem no cotidiano dos moradores locais.
Além dos aspectos da natureza, também serão explorados as possibilidades de encontros e experiências através do deslocamento. Para isso, um artista residente em cada uma dessas regiões foi convidado para vivenciar, junto com o propositor, o percurso a ser percorrido.
Durante os percursos, os artistas estarão interagindo com o lugar escolhido, com a manifestação da natureza e com os habitantes locais. O tempo do percurso poderá ser estendido, caso os eventos ocorridos durante o trajeto necessitem desse alargamento de tempo, pois a proposta é que o imprevisível aconteça, como um convite para um café, uma conversa que se alonga, um pôr do sol que nos detenha.
Em Pernambuco, o projeto contará com a participação do artista catarinense, residente em Recife, Roberto Moreira Jr., conhecido também como Traplev.
A atividade prevista para a etapa consiste em encontrar com o artista em Recife e, juntos, empreendermos uma viagem para Petrolina – PE. Lá, a proposta é a realização da ação Água: história e resistência, durante o trajeto que margeia o Rio São Francisco, área escolhida por ser situada na região do São Francisco pernambucano e, como as demais microrregiões sertanejas, ocupa o semi-árido, tem clima quente e seco, chuvas escassas e mal distribuídas. A grande diferença é que o seu território é banhado pelo Rio São Francisco, o que dá à microrregião uma condição privilegiada. Além da exploração do aspecto geográfico, as conversas que surgem dos encontros com moradores locais e suas narrativas e experiências nessa região são componentes importantes no processo de construção da ação e da vivência do percurso.
Ao final das quatro viagens, será produzida uma publicação contendo registros, fotos e narrativas dessa jornada arqueológica/geográfica/antropológica pelo Brasil. A previsão de lançamento é para o fim do primeiro semestre.
Projeto contemplado no Programa Rede Nacional Funarte Artes Visuais 10ª edição