Museu Imperial ganha certificado da Unesco para fotos tratadas em parceria com a Funarte

Colecao Sanson - Trecho da Estrada de Ferro Principe do Grao Para, vendo-se a estacao do Meio da Serra e o trilho de cremalheira. Sem data

Obra passa a constar do Programa Memória do Mundo

Coleção Sanson de fotografias, pertencente ao acervo do Museu Imperial/Ibram, em Petrópolis (RJ) foi contemplada pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco), com o certificado do programa Memória do Mundo, no dia 27 de março, quinta-feira, no Arquivo Nacional – Rio de Janeiro. Mais de dois terços das peças do acervo premiado foram tratadas graças ao treinamento fornecido pelo Centro de Conservação e Preservação Fotográfica (CCPF) da Fundação Nacional de Artes – Funarte. O Centro também reproduziu as imagens, em negativo fotográfico.

O conjunto de fotos do início do século XX, foi incluído pela Unesco no Registro Nacional do Brasil, como patrimônio cultural brasileiro.

O trabalho, supervisionado pelo CCPF/ Funarte, foi realizado com 999 imagens, parte do conjunto de 1.374 positivos estereoscópicos em vidro da coleção, cujas peças datam do período de 1900 a 1930. No sistema utilizado nas chapas, as imagens estereoscópicas eram produzidas em pares de fotos de uma mesma cena, que, vistos ao mesmo tempo num visor binocular apropriado, produzem a ilusão da tridimensionalidade. O tratamento das fotografias, concluído em 2009, envolveu o treinamento, por parte do CCPF de uma servidora do Museu Imperial, Maria Isabel Ribeiro Lenzi, e foi realizado com o acompanhamento técnico e a supervisão permanente desse centro da Funarte. As imagens foram reproduzidas em negativos pelo servidor da Fundação Richam Samir Sobh.

A coleção, que reúne trabalhos do fotógrafo amador Octávio Mendes de Oliveira Castro, retrata a vida doméstica e privada de uma família aristocrática, com seus passeios, viagens e eventos sociais. Isso se junta a registros de importantes eventos, ocorridos no Rio de Janeiro, como a grande Exposição Nacional (1908) e a Exposição Internacional (1922), além de documentar transformações arquitetônicas do Rio de Janeiro, como a construção de praças e edifícios, bem como e a abertura de estradas de ferro e de rodagem em diferentes partes do país.

“Celebramos essa parceria com o Museu Imperial, importante para a preservação do patrimônio cultural brasileiro, com a realização do tratamento de conservação fotográfica da Coleção Sanson. Parabenizamos as equipes envolvidas”, assinala Sandra Baruki, coordenadora do CCPF/Funarte.

Sobre a coleção e sobre a estereoscopia

Octávio Mendes de Oliveira Castro era filho do barão de Oliveira Castro, industrial e figura proeminente do Império do Brasil, e genro do renomado engenheiro João Teixeira Soares, responsável por inúmeras construções de estradas de ferro. O fotógrafo teve o privilégio de observar e documentar as realizações de seu sogro, bem como as propriedades da família, com suas edificações, festejos, empregados e animais; as viagens no Brasil e no exterior; os eventos cívicos, políticos e religiosos; o desenvolvimento urbano e, principalmente, a vida social, com seus hábitos e costumes no início do século XX. “A ‘Coleção Sanson’ documenta a natureza exuberante do país e o desenvolvimento arquitetônico, urbanístico e paisagístico de diversas cidades do Brasil e do exterior sob o olhar sensível de um apaixonado fotógrafo amador”, descreve o Museu Imperial. O acervo foi doado à instituição, em 2005 e em 2009, pelo casal Luiz Alberto de Sanson e Maria Lúcia David de Sanson, descendentes do autor.

As chapas estereoscópicas da coleção foram criadas através do sistema Verascope, um equipamento padronizado, que integrava o filme em chapa de vidro, a câmera e o visor estereoscópico, lançado em Paris (FR), em 1893. O Museu Imperial acrescenta que “As chapas têm um valor excepcional pelo pioneirismo técnico que possibilitou a popularização da fotografia no Brasil e no mundo, tornando-se um objeto de pesquisa”.

Sobre o acervo, o Museu Imperial e as premiações da instituição

Os pesquisadores podem ter acesso aos documentos no Arquivo Histórico do Museu Imperial. As consultas devem ser agendadas com, no mínimo, dois dias de antecedência pelo e-mail mimp.arq.historico@museus.gov.br ou pelos telefones (24) 2233-0327 e 2233-0315. Parte da coleção também pode ser consultada no site www.museuimperial.gov.br, no link do Projeto DAMI (Digitalização do Acervo do Museu Imperial).

Pela primeira vez uma instituição brasileira é agraciada com registros nos três níveis do Memória do Mundo. O Museu Imperial/Ibram recebeu certificado para as obras: Coleção Sanson, no Registro Nacional; A Guerra da Tríplice Aliança: representações iconográficas e cartográficas, no Registro Regional (América Latina e Caribe) – em candidatura conjunta, com mais oito instituições; e o Conjunto documental relativo às viagens do imperador d. Pedro II pelo Brasil e pelo mundo, no  Registro Internacional, equivalente ao prêmio de Patrimônio da Humanidade. É a primeira vez que uma instituição brasileira é agraciada com registros nos três níveis do Programa, em um mesmo ano.

Sobre o Programa Memória do Mundo*

A Unesco conceitua “memória do mundo” como sendo “a memória coletiva e documentada dos povos do planeta – seu patrimônio documental – que, por sua vez, representa boa parte do patrimônio cultural mundial”. Segundo a organização, esse conjunto de acervos “traça a evolução do pensamento, dos descobrimentos e das conquistas da sociedade humana. É o legado do passado para a comunidade mundial presente e futura”. A Unesco lembra que a memória do mundo se encontra em grande medida em bibliotecas, arquivos e museus, em todo o planeta, e que grande parte dela corre perigo, atualmente. “O patrimônio documental de numerosos povos tem se dispersado devido ao deslocamento acidental ou deliberado de fundos arquivísticos e coleções, aos ‘estragos das guerras’ ou a outras circunstâncias históricas. Às vezes, obstáculos práticos ou políticos dificultam o acesso a ele, enquanto, em outros casos, deterioração ou destruição são a ameaça”.

O programa Memória do Mundo “reconhece patrimônios documentais de significância internacional, regional e nacional; mantém o seu registro e lhes confere um certificado, que os identifica”. A iniciativa facilita também a preservação e o acesso a este Patrimônio, “sem discriminação”, além de trabalhar “para despertar a consciência coletiva do patrimônio documental da Humanidade”. A principal ideia do programa é que “o patrimônio documental mundial pertence a todos, deveria ser plenamente preservado e protegido para todos e, com o devido respeito aos hábitos e práticas culturais, deveria ser acessível a todos de maneira permanente e sem obstáculos”

O Ministério da Cultura criou o Comitê Nacional do Brasil do programa Memória do Mundo da Unesco – MOW Brasil, em 2004. Desde a sua instalação oficial, em 2007, o Comitê vem lançando editais de nominação ao Registro Memória do Mundo do Brasil.

* Trechos extraídos do documento Memória do Mundo: Diretrizes para a Salvaguarda do Patrimônio Documental. – (Edição revisada, 2002) – Ray Edmondson – Unesco – Paris (FR)

Coleção Sanson

Museu Imperial/Ibram/MinC
Rua da Imperatriz, 220 – Centro – Petrópolis, RJ
Tels: (24) 2233-0300 / (24) 2233-0360

Visitação: de terça a domingo, das 11h às 18h
Jardins: de terça a domingo, das 8h às 18h

Preços
Adultos: R$ 8
Estudantes, professores e maiores de 60 anos: R$ 4
Menores de 7 anos e maiores de 80: gratuito
Moradores de Petrópolis e petropolitanos, às quartas-feiras e no último domingo do mês: gratuito

Site: www.museuimperial.gov.br

E-mail: mimp.faleconosco@museus.gov.br

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Twitter: @museuimperial