Um levantamento de palavras e expressões ligadas à produção artística começa a ser realizado. Ele será criado a partir do conjunto de palavras, expressões, termos em uso por artistas, criadores e ativistas culturais convidados para debates, e através de oficinas – atividades abertas à participação do público. A ação é fruto do projeto Vocabulário político para processos estéticos, – contemplado no Programa Rede Nacional Funarte Artes Visuais – 10ª Edição. A programação começa no período de 6 a 18 de abril, no Rio de Janeiro – capital – . Conversas e oficinas, ambas abertas ao público e de graça, iniciam o projeto – além de uma oficina interna, com profissionais de diversas áreas.
O objetivo principal do Vocabulário é registrar e produzir falas, geradas a partir da arte e das várias outras dimensões da criação. O desejo da criadora e mediadora do projeto, Cristina Ribas, e do grupo de 20 artistas que compõe seu grupo de trabalho, é investigar e estimular o aspecto político dos processos criativos. O Vocabulário político para processos estéticos vai mapear a criação de vocábulos e expressões verbais relacionadas aos processos artísticos; e a ações políticas e sociais conectadas a eles. A partir das “conversas abertas” e das oficinas, os participantes vão atuar na elaboração conceitual dos verbetes do Vocabulário.
A segunda atividade pública é na quinta-feira dia 10 de abril às 19h30, na Casa Nuvem, no bairro da Lapa, com os convidados Luis Andrade, Julia Ruiz e Raphi Soifer. A entrada é gratuita. Não é necessária inscrição prévia para os debates. Já as duas oficinas públicas, nos dias 15, 16 e 17, já estão com inscrições abertas (veja dados abaixo). A primeira conversa foi no dia 9, no mesmo horário, no auditório do Instituto de Artes da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ). Os palestrantes convidados foram Tatiana Roque, Juliana Dorneles e Graziela Kunsch.
O Vocabulário contém uma proposta estética, cujo objetivo é dialogar com as artes visuais, performáticas e conceituais, e com a política; e intervir nesses campos. O projeto vai gerar um livro, com tiragem de 2 mil exemplares, e um site, editados por Cristina Ribas. A ideia da artista e pesquisadora é que o Vocabulário seja construído a partir de práticas, conceitos, termos e expressões que o criadores utilizam atualmente, seja no campo da arte, ou nas açõesnão exatamente relacionadas a ela. “Serão incluídas práticas realizadas pelos participantes, tais como ações educacionais, ou de mobilização coletiva, entre outras, nos âmbitos da universidade, da pesquisa, do ativismo; das artes visuais e cênicas; e das demais linguagens. Mas, sobretudo, as práticas que escapam aos campos delimitados das artes e da política como tais. Por exemplo: intervenções e manifestações dentro do movimento anti-globalização; pesquisas sobre ativismo; processos educativos em sala de aula; práticas filosóficas; produção de conhecimento (como na área do software livre); a criação de cartografias de resistência social, entre outros”, enumera Cristina.
A artista explica que o Vocabulário vai gerar uma “coletividade temporária”, para trabalhar na elaboração do vocabulário a partir dos processos que seus integrantes vivenciam. “O projeto tem o intuito de mapear expressões que fazemos uso, que aprendemos uns dos outros; que intercambiamos e criamos, em nossas práticas estéticas e políticas. O atual momento de tomada de posição por diversos movimentos sociais, nas ruas e nas assembleias, em relação às políticas de estado e à economia, é potencialmente aberto a esse tipo de maquinação – assim como à criação de vários outros microagenciamentos”, defende Cristina.
Arte, política, ética e linguagem relacionadas
“Um vocabulário não é a gramática. Esta é o conjunto todo da língua, normatizado, regularizado, regrado. O vocabulário, por sua vez, é o grupo de palavras, termos, expressões em uso de um sujeito, de um grupo social, ou de uma coletividade. Portanto, não é estático. É um organismo vivo, feito de apropriações, criações, improvisações. A partir dele, podem ser emitidos enunciados, discursos. O vocabulário se articula livremente com a gramática e está sujeito aos variados modos de significação, nos processos sociais”, define a pesquisadora.
No projeto, ela vai utilizar uma metodologia que considera “uma micropolítica dos agenciamentos”, pensando a política como ética, “que nos situa num território comum das experiências”, afirma. Os participantes vão investigar de que modo o intercâmbio de experiências, conceitos e resultados produzidos “dá sentido ao tempo”. Para isso, será utilizada a “escuta de sensibilidades”, a colaboração e a criação coletiva. Segundo Cristina, os participantes vão assumir o desafio de elaborar aspectos singulares de cada um e também atributos comuns entre eles, na elaboração do Vocabulário. Nesse sentido, a proposta é que os termos e expressões sejam capazes de estabelecer elementos de conexão “artísticos, performativos e políticos” não somente entre os integrantes da ação, mas que atinjam as esferas públicas das quais eles façam, ou venham a fazer parte.
Com a meta de não apenas registrar práticas e noções já operantes, mas também criar novas, pretende-se levar os conceitos à performance, conforme o que for criado no projeto. Com isso, o alvo é gerar “um aspecto performativo dos conceitos e, quem sabe, valer-se de poesia, de produção sonora, de ação. O Vocabulário pode se tornar, assim, uma incitação ao agir”, propõe Cristina Ribas. Para ela, a iniciativa pode incorporar novas manifestações, enunciações, discursos e ações, nas dimensões artística, política e social.
Sobre as oficinas gratuitas – As duas oficinas do Vocabulário vão atuar na criação de verbetes a partir da experiência dos participantes. As expressões, termos, conceitos vão integrar a edição final do Vocabulário. Para se inscrever, o interessado deve entrar em contato através do email vocabpol@gmail.com e enviar texto de um parágrafo, sobre seu desejo de participar e para qual das oficinas tem disponibilidade. Será selecionado um número máximo de 20 participantes.
Sobre a oficina interna – vão participar dessa atividade 20 pessoas, atuantes em várias áreas profissionais e sociais (veja a relação abaixo).
Vocabulário político para processos estéticos – @vocabpol
Projeto contemplado no Programa Rede Nacional Funarte Artes Visuais – 10ª Edição
Concepção, mediação, edição: Cristina Ribas
Produção: Sara Uchoa
Site: Inês Nin
Consultoria: Anamalia Ribas – Psicóloga
Participação gratuita
PROGRAMA
Conversas abertas ao público
Entrada gratuita
9/04 – quarta-feira, às 19h30
Palestrantes convidados
Tatiana Roque, Juliana Dorneles e Graziela Kunsch
Local: Instituto de Artes da UERJ – Auditório 11o. Andar
Rua São Francisco Xavier, 524, 11º andar, Bloco E – Maracanã
Rio de Janeiro (RJ)
10/04 – quinta-feira, às 19h30
Convidados: Luis Andrade, Julia Ruiz e Raphi Soifer
Local: Casa Nuvem
Rua Morais e Vale, nº 18 – Lapa
Rio de Janeiro (RJ)
Oficinas públicas
Com Cristina Ribas
Entrada gratuita
Dias 15 e 16 de abril – terça e quarta-feira
Local: Aldeia Gentil
Rua Gonçalves Ledo, 17, Sobrado – Centro
Rio de Janeiro (RJ)
17/04 (quinta), 15 – 21h
Local a confirmar (vide endereços eletrônicos abaixo)
Inscrições para as oficinas: o interessado deve entrar em contato através do email vocabpol@gmail.com, enviando texto de um parágrafo, sobre seu desejo de participar. Será selecionado um número máximo de 20 participantes.
Participantes da oficina interna: Agência Transitiva; André Mesquita; André Barsséres; Beatriz Lemos; Breno Silva; Cecilia Cotrim; Davi Marcos; Daniela Mattos; Enrico Rocha; Giseli Vasconcelos; Graziela Kunsch; Isabel Ferreira; Juliana Dorneles; Julia Ruiz; Laura Lima; Margit Leisner; Michel Zózimo; Pedro Mendes; Rodrigo Nunes; Raphi Soifer
Mais informações
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