Cultura afro-brasileira, dança, teatro, música e bateria mirim no ‘Temos Palco’ do RJ

Bateria Mirim Favela Surf Club, da comunidade do Cantagalo, comandada por Adaílton Carvalho. Foto: S. Castellano

A Sala Funarte Sidney Miller recebeu, no dia 25 de novembro, mais uma edição do sarau Temos Palco. O evento reúne jovens talentos e convidados, que utilizam as mais diversas linguagens artísticas, em várias cidades do país, com entrada franca. A iniciativa é da Fundação Nacional de Artes – Funarte.

A cultura negra marcou forte presença nesta edição, com o desfile de roupas afro do Varal da Val; o poema Navio Negreiro, interpretado pelo grupo Castro Alves Teatro; e a dança, percussão e canto afro-brasileiros da Companhia de Arte Negra Kina Mutembua. O sarau teve também dança popular e contemporânea, Rap, Hip hop e Música, além da Bateria Mirim Surf Favela Clube e da Companhia Holos de Dança, com um espetáculo que reúne pessoas com e sem deficiência. Apresentaram-se ainda o grupo de teatro Manifesto; a batalha dos Mcs de RAP do evento Pedrada de Guaratiba (do bairro de Barra de Guaratiba); Gean B: Beat Box; o Artcarioca de Dança; e o músico Bedai, entre outras atrações.

Estavam na plateia o Presidente da Funarte, Guti Fraga; o diretor do Centro da Música da Fundação, Paulo César Soares; a assessora do Gabinete da casa, Ana Amélia Velloso; o coordenador-geral de Planejamento e Administração da entidade, Paulo Grijó Gualberto; e vários servidores e colaboradores da instituição.

Algumas atrações

Música – Bedai – Com 20 anos de carreira, Esdras Bedai, Nasceu em Recife (PE), “Meu mundo era totalmente musical, pois minha mãe era gerente de uma loja de discos de uma das maiores redes do Brasil. Lá, aos dez anos começou a aprender a ser artista, ouvindo música. Treinou percussão, conhecendo o maracatu, o frevo, o samba, entre outros ritmos afro e brasileiros. Sua primeira composição gravada por um cantor foi O Caboclo de lança (parceria com Erasto Vasconcelos) interpretada por Naná Vasconcelos. Em 1997, Bedai foi morar em Porto Alegre (RS), onde conheceu o cantor e compositor Armandinho, com quem fez parceria, por 13 anos. Eles alcançaram o mercado nacional com o DVD Armandinho ao vivo, em 2006, cuja música Desenho de Deus foi a mais tocada do ano. Depois vieram outros sucessos, como Semente, Eu juro, Ana Lua, e  Amigo. Mudou-se para o Rio de janeiro, com o objetivo de se dedicar à carreira de cantor. Gravou o CD Ostaba Retropicalia. Atualmente, está gravando um EP, que tem uma música de Geraldo Carneiro com a participação especial de Jorge Mautner.
Mais informações sobre o músico: https://soundcloud.com/esdras-bedai/todas-as-luas

Dança – Artcarioca – Fundado em 2014, o Artcarioca, é formado por jovens que moram na Zona Norte do Rio. Eles se reuniram para formular um show com ritmos brasileiros. Seu grande diferencial é a utilizar a experiência individual de cada integrante e as suas diversas formações em dança. O espetáculo apresentado inclui axé, funk, forró, samba e novos ritmos latinos, adaptados e recriados pelos bailarinos. “Nossa proposta é demonstrar que ritmos populares possam se unir e tomarem uma forma nova – mas sem perder sua essência”.

Moda – Varal da Val– O “Varal da Val” é uma linha de produção de moda composta por peças de estilo “étnico”. Concebida num curso de dança afro-contemporânea, sua inspiração vem dos movimentos desse gênero artístico. “O Varal faz a linha afro-favela-chique”, dizem as organizadoras do trabalho. As peças, feitas com matéria prima reaproveitáveis como banner, corda, madeira, entre outras, são “ecologicamente corretas”. Essa é uma proposta de “atitude sustentável” que possa ser adotada por todos os seus consumidores.

Rap/Hip hop – Batalha de MCs do Pedrada de Guaratiba– Foi realizada no sarau uma batalha de MC’s do Pedrada de Guaratiba – encontro de Rap, onde acontecem esses duelos, desde 2013, todo segundo domingo do mês, na praça do Rodo, em Pedra de Guaratiba, Zona Oeste do Rio, aberto a qualquer pessoa. A cada evento, que reúne normalmente de 100 a 150 espectadores, dois grupos de Rap convidados se apresentam. Também é realizada a batalha de MC’s – que reúne de oito a 16 inscritos (gratuitamente).  Algumas edições contaram também com apresentações de dança de “b-boys” da região. A premiação geralmente é um livro. Mas pode ser outra coisa: já foi oferecida uma tatuagem, prêmio em dinheiro e até um quadro. O evento é organizado por Roberto Wave, Bruno Werneck e Matheus Souza.

Cia. de Arte Africana Kina Mutembua – O nome do grupo significa, no dialeto banto, “Dançando com o Vento”. A companhia é composta por homens e mulheres, bailarinos, percussionistas e cantores. Sua linguagem do grupo funde expressões da capoeira, à dança negra afro-brasileira contemporânea, com canções em idiomas africanos, de valor cultural e beleza reconhecidos. O coletivo já fez intercâmbio com o Balé Nacional de Ruanda, promovido pela ONU, nos EUA; apresentou-se no Chile, a convite do governo local; no lançamento de programas federais, como o Mais Cultura (MinC) e o ProJovem (Secretaria-Geral da Presidência da República, integrada a vários ministérios e a outros órgãos); na abertura do Prêmio Shell; no Fórum Cultural Mundial; na Teia Cultural; e em espaços famosos do Rio, como os teatros SESI e Rival, o Centro Cultural Banco do Brasil, o Centro Coreográfico do Rio de Janeiro e o Circo Voador, entre outros. Nasceu em 2003, na ONG Ação Comunitária do Brasil do Rio de Janeiro (ACB/RJ), premiada no Brasil e no exterior, pela defesa e promoção dos direitos de cidadania de populações excluídas, trabalhando com ênfase em temas de gênero e de etnia. A entidade foi extinta recentemente. Mas os diretores da Cia. Kina Mutembua, Kaio Mafarefun e Felipe Monteiro, arduamente lutam para manter o grupo e sua essência. Ele conta ainda com a participação de Mestre Berg. “Sua formação acadêmica e experiência na capoeira são motivos de orgulho para todos nós”, dizem os diretores. Atualmente, eles conduzem o recente espetáculo da Companhia Berimbau Milonga, sobre uma lenda do berimbau e da dança africana, com origem na mitologia dos guerreiros Intore (Ruanda).
Mais informações: www.facebook.com/evillen.bispo.7?fref=ts

Companhia Holos de Dança – Formada pela professora Soyane Vargas, a Cia. Holos de Dança, em parceria com a Universidade Salgado de Oliveira – Universo (Niterói- RJ), realiza diversas apresentações de dança inclusiva, que reúnem pessoas com e sem deficiência. Fundada em 2012, Recebeu, em 2014, o Prêmio de Cultura da Secretaria do Estado do Rio de Janeiro. Apresentou-se em vários teatros e ganhou pauta em grandes emissoras de TV aberta, jornais e revistas  “Acreditamos na possibilidade de inclusão social pela arte e na valorização das pessoas com deficiência como cidadãos capazes de produzir arte” diz Soyane Vargas. Ela acrescenta que a missão do grupo é “integrar pessoas com e sem deficiência, experimentando novas composições artísticas que superam os limites de cada um, demonstrando que o acesso à arte é um direito de todos, construindo conhecimento e difundindo nossa experiência nesse campo de atuação”.
Mais informações sobre a companhia: http://ciaholosdedanca.blogspot.com.br/

Bateria Mirim Favela Surf Clube Tudo começou com o trabalho social de Adaílton Carvalho, o Mestre Dá, na comunidade do Morro do Cantagalo (Zona Sul do Rio), que passou a dar aulas gratuitas de percussão para crianças e jovens entre 5 e 20 anos de idade. Além do curso, ele criou a Bateria Mirim Favela Surf Clube, que reúne samba a outras batidas, como as de estilo pop e funk. Com o objetivo de “integrar a favela e o asfalto”, o coletivo já fez cerca de 250 apresentações. Adailton ministra suas aulas às terças e quintas-feiras, ás 19h, na Escola de Samba Alegria da Zona Sul, no Cantagalo.
Veja os vídeos da Bateria Mirim nos links abaixo

https://www.youtube.com/watch?v=vsOu66a3S7g

https://www.youtube.com/watch?v=CZsdgGQTMZM

Sobre o sarau Temos Palco

Temos Palco tem como objetivo incentivar vocações artísticas, valorizar novos talentos e abrir espaço para todas as expressões de arte, além de promover intercâmbio cultural. A programação reúne jovens artistas das mais diversas áreas. É realizada de modo descontraído e divertido, para que as pessoas criem uma identidade com esse movimento cultural e se sintam parte dele.

O sarau  já teve duas edições em São Paulo e em Brasília e várias edições no Rio. Recife, Belo Horizonte, Manaus e Esteio (RS) já receberam o sarau. As inscrições para as próximas edições estão abertas. Os interessados devem mandar mensagens para os e-mails específicos de cada estado, citados no calendário abaixo.

A ideia do projeto surgiu do encontro de jovens durante o Curto Circuito da Juventude, promovido pelo Ministério da Cultura e pela Funarte, em março de 2014, em Brasília. Nesse evento, participantes do Rio de Janeiro, São Paulo, Porto Alegre, Manaus, Brasília e Recife se reuniram com o MinC. Desde então, foram realizados encontros entre jovens do Estado do Rio de Janeiro e o presidente da Funarte, Guti Fraga, e foi criado o sarau.

Sarau Temos Palco
Edição do dia 25 de novembro de 2014
Sala Funarte Sidney Miller
Rio de Janeiro (RJ)

Realização: Fundação Nacional de Artes – Funarte/Ministério da Cultura

Produção regional RJ
Produção: Valquíria Santana. Supervisão artística: Thiago Roderich
Equipe de organização: Dafne Rodrigues, Marcelo de Moraes, Janaina Mariano, Leila Tupinambá, Viviane Macedo, André de Kabulla e Felipe Milhouse
Programação visual: Fernanda Lemos

Ficha técnica/artística dos grupos

Arte Carioca – Integrantes: , Alcione Carvalho, Priscilla Lúcia, Flávia Cruz, Diego Bruno, Raiane Gomes, Massengo Junior, Diego Castro, Kim Glimberg, Ariane Rocha, Kamilla Alves

Grupo do Pedrada de Guaratiba – Participantes: Nobru Werneck, RWave, Sacolé, Pietrus, Vini Vallen (Mumuzinho) e Dj Fefels. Organizadores: Roberto Wave, Bruno Werneck e Matheus Souza

Grupo de teatro manifesto – Integrantes: , Caio Henrie, Will Dubrok, Vitor Abreu, Rafa Barros, Pietra Tôrres, Micky Cämpbell, Katia Mesquita, Rafael Cardoso, João Marcos, Andresa Leoni, Douglas Souza, Rosangela Santana, Vinicio Santos, Nathalia Cortes, Rita Arckanjo, Alinson Almeida, Giovanna Fernandes , Bruno Fungeon, Rodrigo Colucci, Sylvia Mariano

Mais informações sobre o Temos Palco
https://www.facebook.com/coletivotemospalco?fref=ts

Mais informações , no RJ
temospalcorj@gmail.com
Tel.: (21) 2220 3510

Para informações em outros estados, utilize os e-mails estaduais, abaixo

Sarau Temos Palco – Próximas edições

Rio de Janeiro (RJ)
2 de Dezembro
Inscrições: temospalcorj@gmail.com

São Paulo (SP)
1º e 8 de dezembro
Inscrições: temospalcosp@gmail.com

Belo Horizonte (MG)
1º de dezembro
Inscrições:temospalcobh@gmail.com