Os trabalhos apresentados a partir de hoje (29) na exposição Estudos para Novas Propostas de Interpretações do Espaço Físico – Territórios Forjados entrelaçam cinco anos de pesquisa artística à história do próprio autor, o paulista de Jundiaí Andrey Zignnatto. Em 2010, Andrey retornou à velha olaria onde comprava, na pré-adolescência, material de construção para o avô, pedreiro de quem era ajudante. Mas os tijolos de cerâmica que então construíam residências, agora se transformam em obras de arte, contempladas com o Prêmio Funarte de Arte Contemporânea 2014.
“O ser humano é o único produto da natureza que não se adapta totalmente ao que a própria natureza oferece, e produz uma realidade cada vez mais artificial”, avalia o artista. O trabalho de Andrey convida a pensar sobre a linha que separa a ideia (o que se imagina como projeto) e os mecanismos utilizados para materializá-la. Sua obra leva em conta, também, a história do espaço onde funciona o Complexo Cultural Funarte SP, que, originalmente projetado para abrigar atividades industriais, transformou-se sucessivamente para poder acolher produções artístico-culturais.
Segundo Zignnatto, o conjunto das obras reunidas em Territórios Forjados oferece, a cada espectador, um espaço para refletir sobre “a complexa relação entre o homem e seu mundo conhecido, natural e artificial”. Para ele, “crescemos (…) condicionados a compreender a organização entre os elementos que compõem o universo físico de forma padronizada, através de sistemas como, por exemplo, a simetria e a ergonomia. Este trabalho utiliza, como mecanismo conceitual, a ‘lógica absurda’ (…), através da subversão de instrumentos básicos utilizados na elaboração de projetos arquitetônicos e objetos, como réguas, transferidores, folhas com grades, etc. Os elementos pictóricos destes instrumentos se projetam do bidimensional para o tridimensional, estabelecendo relações diretas com mundo”, considera.
Na intervenção Erosões, que participa da mostra, a funcionalidade do tijolo desde cedo presente no cotidiano do artista, deu base à sua arte contemporânea. Centenas de blocos independentes, mas agrupados, projetam um “desenho gráfico de topografia”. O detalhe, em forma do fenômeno que conhecemos na natureza como erosão, surge “como uma espécie de acidente projetado, consequência de uma ação irregular”, descreve o artista. Além de “uma espécie de esforço para equalizar forças distintas”, como natural e artificial, ou força e suavidade, Territórios Forjados também questiona “as tradições formais sobre os princípios cartesianos de linguagem da interpretação do mundo material, propondo um pensamento renovado da dinâmica de leitura do universo físico e seus signos”, conclui.
Sobre Andrey Zignnatto – Andrey Zignnatto nasceu em 18 de fevereiro de 1981, em Jundiaí (SP), cidade onde reside. Trabalha entre São Paulo e Jundiaí. Artista autodidata, participou de diversos cursos e oficinas da Associação dos Artistas Plásticos de Jundiaí, onde também atuou como professor entre 1999 a 2011. Em 2013, participou da 4a. Edição do Colônia de Férias, realizado no Atelier 397. Frequentou entre 2013 e 2014 o grupo de discussões de projeto Atelier Hermes, com acompanhamento dos artistas Nino Cais e Marcelo Amorim. Participa do grupo de discussões do Atelier Fidalga, com acompanhamento dos artistas Sandra Cinto e Albano Afonso. É idealizador do Circuito de Artes Visuais de Jundiaí; Futuro – Salão Nacional de Artes Visuais – Arte Contemporânea e Novas Tecnologias, e Movimenta – Festival Nacional de Dança Contemporânea. É, também, diretor da Fluxus Cia de Dança Contemporânea. Entre participações de exposições e salões, destacam-se: Edital Temporada de Exposições do Paço das Artes 2015; 1º lugar: 11º Salão Nacional Elke Hering – Blumenau – SC; O Saber da Linha Pinta London Art Fair– Londres – UK; Prêmio Honra ao Mérito Arte e Patrimônio – IPHAN/MINC com exposição no Centro Cultural Paço Imperial; 18º Festival Cultura Inglesa – projeto Umbrella – Britsh Culture Center – SP; 1º lugar: 4º Salão Nacional de Cerâmica – Curitiba – PR.
Exposição Estudos para Novas Propostas de Interpretações do Espaço Físico – Territórios Forjados
Abertura: Dia 29 de abril | Quarta-feira, às 19h
Visitação: De 30 de abril a 12 de junho | De segundas a sextas, das 10h às 18h; sábados e domingos, das 15h às 21hs
Entrada franca
Classificação etária: livre
Trabalhos apresentados: Erosões: agrupamento de tijolos cerâmicos, e tijolos cerâmicos recortados (120 cm altura x 300 cm largura x 1200cm profundidade, 2015) | Estudos para Novas Propostas de Interpretações do Espaço Físico: tijolo cerâmico, barbante, prumo de latão, régua acrílica, impressão em papel, caneta hidrocolor sobre parede/ dimensões variáveis, 2015) | Estado de Repouso: grupo de 5 fotografias impressas em papel (25 x 80 cm), 2013 – registro de ações realizadas em espaços da olaria
Galeria Mario Schenberg do Complexo Cultural Funarte São Paulo
Alameda Nothmann, 1058, Campos Elíseos, São Paulo, SP. Tel (11) 3662-5177