Focus Cia. de Dança comemora trajetória com espetáculos no Teatro Cacilda Becker

Uma das principais companhias da atualidade na cena brasileira, a Focus Cia. de Dança comemora 15 anos, mostrando um panorama de sua produção ao longo desta década e meia de trabalho em salas do Rio de Janeiro (RJ). A começar por seu palco de nascimento, o do Teatro Cacilda Becker, no Largo do Machado, onde apresenta a estreia de seu espetáculo Vértice, que inaugurou a temporada de celebração, de 18 a 28 de fevereiro,  Depois, é a vez do público admirar Quase uma, a partir de 3 de março. O projeto Focus Cia de Dança – 15 anos é patrocinado pela Prefeitura da Cidade do Rio de Janeiro e Secretaria Municipal de Cultura.

Com apresentações por todo o Brasil e turnês pela Europa e Estados Unidos, a Focus se estrutura com a mesma equipe artística e criativa de sua fundação. Bailarinos, coreógrafo, produtora, iluminador, costureira, entre outras funções, certificam e compactuam, a cada criação, a solidez e comprometimento que a companhia apresenta ao público desde então. “Pensando em ininterruptos 15 anos, é possível falar, sem modéstia, que estamos contribuindo para a história da dança carioca”, diz Neoral.

Foi no Teatro Cacilda Becker que Vértice estreou com sucesso de público e crítica, e onde Alex Neoral começou a consolidar suas primeiras obras e, desses trabalhos, partiu para a criação de uma linguagem inventiva de movimentos, hoje assinatura coreográfica inconfundível da Focus. Vértice era composto de três peças, Nada além de umTrajeto, de Neoral, e Tribos, de Marcellus Ferreira, coreógrafo convidado que também atuava como bailarino no trabalho. O duo Inter-cessão, de autoria e interpretação de Alex Neoral e Clarice Silva, também era parte do repertório da  companhia nestes primeiros tempos. Esse dueto fez parte dos trabalhos selecionados pelo Rumos Dança Itaú Cultural, sendo apresentado no programa “Novíssimos” do Festival Panorama de Dança.

Em 2002, a Cia estreou um pequeno trabalho, Por partes. Em 2004, de volta ao Teatro Cacilda Becker, apresentou um programa com peças que sintetizavam sua primeira fase, mostrando Nada além de um, Inter-cessão e Por partes. A partir de 2005, com a estreia de Quase uma, a Cia foi se estruturando e firmando como um núcleo criativo e profissional.

O projeto Focus Cia de Dança – 15 anos resgata a apresentação destes importantes trabalhos que marcaram esta trajetória. Espetáculos serão apresentados em diferentes pontos da cidade, atividades formativas como oficinas gratuitas e bate-papos com o público também são contempladas numa abrangente programação de aniversário.

Vértice
Vértice estreou em 2000 no Rio de Janeiro, marcando a primeira produção profissional da Focus Cia de Dança. O desejo de projetar um discurso em dança com mais propriedade veio com a mesma naturalidade e espontaneidade que o coletivo surgiu. O embrião da Cia partiu da necessidade de jovens bailarinos estarem em cena e do desejo latente de Alex Neoral, coreógrafo e também bailarino do grupo, de criar suas primeiras obras coreográficas. A Cia contou ainda com o incentivo de Roberto Pereira (1965 – 2009), pesquisador, crítico e professor de dança, para a realização da temporada inaugural no Teatro Cacilda Becker.

Vértice, quando dançado em 2000, reuniu três peças: Nada além de um, Tribos (trabalho coreografado por Marcellus Ferreira) e Trajeto. Depois, somaram-se quatro trabalhos coreografados por Alex e que marcaram o início da trajetória da Focus: Nada além de um (2000), Inter-cessão (2000), Trajeto (2000) e Por Partes (2002),

Nada além de um fala de um mesmo espaço e sete caminhos. Sete traçados, que se cruzam, que se aproximam e se afastam. Os sapatos vermelhos iluminam os limites e criam fronteiras. E esses corpos se vêem compelidos a se relacionar e compartilhar os mesmos estímulos e texturas.

Por partes situa um corpo fragmentado, onde cada parte revela sua influência e sua autonomia. O trabalho aborda com humor as inusitadas imagens que uma estrutura contorcida pode suscitar e como pedaços falantes desse mesmo corpo podem desencadear novos movimentos. Por partes teve sua versão ampliada a convite de Roberto de Oliveira e Richard Cragun para a De Anima Balé Contemporâneo, em 2005.

Inter-cessão tem uma estética estruturada num jogo comunicativo que expõe a autonomia cinética enquanto sistema produtor de sentidos. Tempo, atitude, interseção. A coreografia reflete sobre relacionamento com o espaço e com o outro; sobre conflitos que lapidam e aparam arestas. Teve sua participação nos Novíssimos e Rumos Itaú.

Trajeto retrata o desejo de ultrapassar o espaço que se habita. Em cena, o limite da diagonal do espaço desenha a direção a ser atingida. As tentativas, a insistência pelo mesmo objetivo mostram a vontade de romper, de surgir em outro lugar.

Quase uma
Em cena, bailarinos se deparam constantemente com limitações. A relação com o limite se desenvolve nos corpos a cada movimento. A partir desse diálogo com o que é permitido e o que é proibido, são criados novos corpos, diferentes espaços e tempos coreográficos. Quase Uma busca encontrar uma nova forma de movimentação, partindo de um lugar onde não se é livre nunca. Dentro desta ideia, a movimentação ultrapassa sua primeira instância e se mostra plena ao longo da coreografia. O foco principal, apesar de, em cada momento, os bailarinos serem colocados a novas impossibilidades, é a liberdade com que o elenco transita neste lugar, onde a limitação proposta acaba gerando novas possibilidades de movimento. É um espetáculo que explora as relações entre corpo e seus traços no espaço. A cada momento os bailarinos experimentam novos caminhos, vemos uma linguagem cada vez mais própria do coreógrafo. Há corpos e formas que se reinventam a cada segundo.

Teatro Cacilda Becker
Rua do Catete, 338, Largo do Machado – Rio de Janeiro (RJ)
(Acesso para deficientes físicos)  Próximo à Estação Largo do Machado do Metrô.
Ingressos: R$30; R$15 (meia)
Informações: (21) 2265-9933
Classificação indicativa: livre

Ficha Técnica:
Direção coreografia: Alex Neoral
Direção de Produção: Tatiana Garcias
Produção: Nathalia Atayde
Assistente de Produção: Marcella Alves
Iluminação: Binho Schaefer
Técnico de Iluminação: Bruno Barreto
Técnico de Palco: Welisson Rodrigues
Fotos: Paula Kossatz
Designer Gráfico: Infinitamente Estudio de Criação
Bailarinos: Alex Neoral, Carol Pires, Clarice Silva, Cosme Gregory, Felipe Padilha, Gabriela Lima, Marcio Jahú e Mônica Burity.

Serviço:
Focus Cia de Dança – 15 anos

De quinta a sábado às 20h | domingo às 19h

.Vértice – De 18 a 28 de fevereiro
. Quase uma – De 3 a 13 de março

A Focus Cia de Dança é patrocinada pela Petrobras.
www.focusciadedanca.com

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