Peça de Jé Oliveira retrata experiência de ser homem negro na periferia paulistana

Jé Oliveira, do Coletivo Negro, em 'Farinha com Açúcar...'. Foto: André Murrer

Selecionada pelo Programa Cena Aberta 2016 da Funarte, a peça-show Farinha com Açúcar ou sobre a Sustança de Meninos e Homens, do grupo teatral Coletivo Negro, tem suas raízes em uma pesquisa artística sobre a construção da masculinidade negra na periferia. As investigações foram conduzidas pelo dramaturgo, ator e diretor Jé Oliveira, membro fundador do grupo. A peça, que estará em temporada na Funarte SP entre 7 e 17 de abril, também foi contemplada na 25ª edição do Programa Municipal de Fomento ao Teatro de São Paulo, em 2014.

Durante um ano, Jé Oliveira entrevistou 12 homens negros de diversas idades e ocupações, em busca de alguma unidade nas trajetórias e de inspiração para uma narrativa sobre suas experiências. Foram eles Akins Kintê, poeta e diretor de cinema, Allan da Rosa, professor e artista, Aloysio Letra, artista, Fernando Alabê, músico, João Nascimento, percussionista, KlJay, DJ do Racionais MC’s – grupo a quem o Coletivo Negro presta tributo neste espetáculo -, Melvin Santhana, músico, Renato Ihu, produtor e pesquisador, Salloma Salomão, artista e intelectual, Seu Luís Livreiro, vendedor de livros, Will Oliveira, modelo, e Zinho Trindade, poeta.

“Os encontros que tive com cada entrevistado foram de vida que pulsa. Espero ter traduzido um pouco disso na encenação”, pretende Oliveira. Segundo o dramaturgo, a obra busca uma relação íntima com o público por meio da palavra – falada e cantada – e recorre para isso à construção poética da presença cênica. Paisagens sonoras e imagéticas se materializam por meio do ato de contar, expor, refletir e dialetizar a experiência do ser negro na urbanidade. Farinha com Açúcar.., na concepção do diretor, representa uma afirmação de luta. “Esse espetáculo é uma intenção sobre a vida, é uma afirmação da existência mesmo sob os escombros”, afirma.

Jé Oliveira será acompanhado no palco por cinco músicos que dão sustentação sonora às narrativas literárias e musicais do espetáculo: Cássio Martins, Fernando Alabê, Mauá Martins, Melvin Santhana e Djy Wojtila. Nascida do comprometimento do Coletivo Negro com as questões poéticas, étnicas e raciais, a obra foi feita para ser ouvida, sentida e vista.

Sobre o Coletivo Negro: O Coletivo Negro é um grupo de pesquisa cênico-poético-racial que há oito anos se debruça sobre a presença do negro no teatro brasileiro. Formado por Aysha Nascimento, Flávio Rodrigues, Jefferson Mathias, Jé Oliveira, Raphael Garcia e Thaís Dias, recebeu duas indicações ao Prêmio Cooperativa Paulista de Teatro com a obra Movimento Número 1: O Silêncio de Depois…, nas categorias Melhor Elenco e Grupo Revelação. Concorreu ao Prêmio Qualidade Brasil, por sua ocupação artística no TUSP (Teatro da USP). O grupo já se apresentou em alguns dos principais palcos da cidade de São Paulo e do país, destaque para: Auditório Ibirapuera, Itaú Cultural, TUSP, Teatro Villa Velha (Bahia), CCBB(Minas Gerais), SESC Santos, Cooperifa, Galpão do Folias, entre outros.

Programa Cena Aberta 2016

Espetáculo: Farinha com Açúcar ou sobre a Sustança de Meninos e Homens
De 7 a 17 de abril |De quintas a sábados, às 21h; domingos, às 20h

Idealização, atuação, direção geral e dramaturgia: Jé Oliveira | Banda: Cássio Martins (baixo), Djy Wojtila (DJ´), Fernando Alabê (percussão e bateria), Mauá Martins (pianos e MPC), Melvin Santhana (guitarras, violão e voz) | Direção musical: Fernando Alabê e Jé Oliveira | Arranjos e paisagens sonoras: Fernando Alabê, Jé Oliveira, Mauá Martins e Melvin Santhana | Cenografia e objetos: Júlio Dojcsar – CasadaLapa | Figurino: Éder Lopes | Light design: Camilo Bonfanti | Assistente: Danielle Meireles | Seleção de citações dos Racionais Mc’s para scratch: Jé Oliveira | Arte gráfica: Murilo Thaveira – CasadaLapa | Fotos: André Murrer | Assessoria de imprensa: Elcio Silva | Produção: Ana Flávia Rodrigues e Coletivo Negro
Duração: 80min | Classificação etária: 16 anos

Gratuito. Bilheteria abre uma hora antes do início do espetáculo – um ingresso por pessoa

Sala Carlos Miranda do Complexo Cultural Funarte São Paulo. Alameda Nothmann, 1058, Campos Elíseos, São Paulo, SP. Tel (11) 3662-5177

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