Mais uma estreia chega ao Teatro de Arena Eugênio Kusnet na quinta-feira, 28 de abril, pelo programa Cena Aberta da Funarte. Com dramaturgia e direção de Claudia Jordão, Flores Amarelas trata da temática LGBT pelo olhar materno, ao pôr em foco o amor de uma mãe pelo(a) filho(a) transgênero. O espetáculo é o primeiro trabalho da Cia. do Flores, de São Bernardo do Campo (SP), e fica no Arena até 8 de maio, de quinta a domingo.
Publicado no início de 2015 pelo grupo de pesquisa do universo LGBT Literatura Travessa, sob organização de Érica Rabelo, o texto de Flores Amarelas dialoga, livre de julgamentos ou imposições, com todos os tipos de público, indiferente a idades, identidades sexuais ou condições socioeconômicas. A dramaturgia é de Claudia Jordão, que também dirige o espetáculo e tomou como referências a foto Trabalhadores de Cacau, de Sebastião Salgado, e o romance Terras do Sem Fim (1943), de Jorge Amado.
Flores Amarelas tem como cenário uma celebração aos santos da Bahia, pela boa safra do cacau. No centro da encenação, a festa dá lugar às fazendas, à mata-deus e às histórias e segredos que permeiam a vida de cinco personagens: Orozina, Davi, Francisco, Jeremias e Antonio.
De acordo com o grupo, o processo de criação fez surgirem elementos de um espetáculo regionalista, e pequenas pistas vão revelando, no decorrer das cenas, o tema central da obra. A ação dramática é reforçada pela narrativa conduzida por duas velhas. Aos diálogos, juntam-se as danças e as músicas autorais, que “ se tornam dramaturgias na boca dos atores”, com inspiração em ritmos nordestinos como samba de roda, repente e forró.
“Na medida em que a semente floresce, revelam-se para o público a poesia das músicas, as graças e desgraças dos causos da mata-deus, as dores do preconceito e a revelação de uma história prometida, que deve ser a mais bonita de todas”, confirma a sinopse do espetáculo. Em algum momento desta evolução, a plateia se descobre diante da história de Davi, um homem que encontrou, na Terra do Cacau, um caminho para a libertação de sua identidade.
“Com a pretensão de reafirmar o tema – transgênero – todos os elementos trabalhados transmutam, exercendo no espetáculo funções e papéis variados. Os elementos: chapéus, bambus, faixas, folhas, saias, servem como pistas para o público identificar a anulação do gênero nas coisas”, pontuam ainda os integrantes da Cia. do Flores, já contemplada neste processo criativo com o Programa de Ação Cultural da Secretaria de Estado da Cultura de São Paulo (ProAC) e com o Prêmio Funarte de Teatro Myriam Muniz.
Programa Cena Aberta Funarte 2016
Espetáculo: Flores Amarelas
De 28 de abril* a 8 de maio | De quinta a domingo, às 20h
Dramaturgia e direção: Claudia Jordão | Elenco: Alef Barros, Alessandra Moreira, Fran Rocha, Lucas Vedovoto, Josy Santana, Osni Rossi
Duração: 70min | Classificação etária: livre
Ingressos: R$30 (meia: R$15)*. Bilheteria abre uma hora antes do espetáculo – um ingresso por pessoa. Não aceita cartão
*Excepcionalmente no dia 28 de abril, o espetáculo é gratuito