Oposto Teatro Laboratório ocupa o Arena (SP)

Estrelas. Foto: Tommy Bay

Contemplado com o Programa Cena Aberta Funarte 2016, o Oposto Laboratório de Teatro ocupa, com atividades artísticas e formativas, o Teatro de Arena Eugênio Kusnet, em São Paulo. A programação, em cartaz de 25 de maio a 5 de junho de 2016, apresenta o espetáculo Estrelas e a demonstração técnica O oposto, ambos com entrada no valor de R$30 (meia-entrada: R$15). Performances, palestras e workshops serão gratuitos.

Todas as ações realizadas durante a temporada são protagonizadas por mulheres. Em O oposto, a atriz criadora Marilyn Nunes, dirigida por Julia Varley, versa sobre “o princípio da oposição como meio de construção de presença cênica e de criação de espetáculos”. Já em Estrelas, também encenado por Marilyn Nunes e dirigido por Julia Varley, a atriz traz para a cena diversas personagens, em um enredo inspirado na obra A hora da estrela, de Clarice Lispector.

Também serão realizados três encontros com artistas e militantes feministas: Letícia Olivares e Stela Fischer apresentam a performance O que te prende Mulher? E outras histórias do Coletivo Rubro Obsceno; Thaís Medeiros dirige O tapete manifesto; e Marta Baião conta um pouco de sua experiência em Mal-amadas: uma poética do desmonte. Para compor as atividades, serão oferecidos, ainda, dois workshops: Do treinamento à criação cênica, com a atriz e arte-educadora Flávia Coelho, e Introdução à dramaturgia da atriz e do ator, com Marilyn Nunes, atriz e criadora do Oposto Teatro Laboratório.

Programa Cena Aberta Funarte 2016: Apresentação do espetáculo Estrelas e atividades formativas
Teatro de Arena Eugênio Kusnet

Demonstração técnica: O oposto
Dias 25 de maio e 1º de junho | Quartas, às 20h

A demonstração técnica é inspirada no trabalho sobre a oposição desenvolvido por François Delsarte (1811-1871), teórico francês que estudava a expressão humana; no otkas (preparação para o movimento), de Meyerhold, ator russo que viveu de 1874 a 1940; e na resistência e contraposição do mímico Étienne Decroux (1898-1991). A obra também é baseada em elementos da cultura brasileira, como a capoeira angola e o samba e, sobretudo, no processo prático realizado diretamente com as atrizes e atores do Odin Teatret. A demonstração sobre o oposto é apresentada, não como um método, mas como uma possibilidade de partida para quem busca o desenvolvimento da sua presença e da criação cênica. A ideia é cultivar a atenção do público, refutando a obviedade, o que é fácil, direto e o que poupa energia. É preciso encontrar o difícil, o complexo. O oposto “é o dentro e o fora, é a intenção e a ação, é o espírito e o corpo”.

Direção: Julia Varley | Atriz criadora: Marilyn Nunes
Duração: 60min | Classificação etária: 12 anos
Ingressos: R$30 (meia-entrada: R$15). Bilheteria abre uma hora antes do espetáculo. Um ingresso por pessoa – não aceita cartão

Espetáculo: Estrelas
De 26 de maio a 5 de junho | De quintas a sábados, às 20h; domingos, às 19h

O espetáculo solo é inspirado na obra A hora da estrela, de Clarice Lispector. No enredo, uma escritora com um pandeiro surge de trás do som de uma máquina de escrever. À beira da morte, ela trabalha em sua última novela, compondo os personagens enquanto os apresenta ao público: Macabéa, uma moça do subúrbio que conhece seu primeiro namorado Olímpico; Glória, a colega de trabalho que rouba seu namorado; e Madame Carlota, uma cartomante com quem se consulta. Por meio de seus personagens, a escritora traça uma retrospectiva de sua vida: o primeiro amor, a primeira decepção, a busca por quem se é, a consciência de uma vida miserável e sem sentido, a crença num futuro feliz e o confronto final com o inevitável. Com a morte da protagonista, a escritora encerra a sua novela e a sua jornada de vida.

Direção: Julia Varley | Atriz criadora: Marilyn Nunes | Luz: Marco Adda | Arranjo de sonoplastia: Jan Ferslev
Duração: 60min | Classificação etária: 12 anos
Ingressos: R$30 (meia-entrada: R$15). Bilheteria abre uma hora antes do espetáculo. Um ingresso por pessoa – não aceita cartão

Mulheres no teatro: O que te prende Mulher? E outras histórias do Coletivo Rubro Obsceno
Dia 28 de maio | Sábado, às 16h

As atrizes Leticia Olivares e Stela Fischer farão uma lecture performance sobre os processos criativos do Coletivo Rubro Obsceno. A performance é intercalada por textos, partituras corporais, imagens e vídeos de trabalhos que foram realizados até agora pelo Coletivo. Questões como o empoderamento das mulheres, a violência de gênero, a valorização do corpo tido como dissidente (trabalhos realizados com grupos de mulheres com HIV) e o envelhecimento são alguns dos temas tratados em suas ações.

O Coletivo Rubro Obsceno é um agrupamento teatral criado em 2013 na cidade de São Paulo, a partir dos encontros do The Magdalena Project Brasil. Entre suas criações estão a performance Para aquelas que não mais estão, parceria com a performer mexicana Violeta Luna; a Mostra ObsCENAs: encontro de mulheres artistas, com a participação de Julia Varley; e [des]velhecer, criação com mulheres com mais de 60 anos realizada no SESC Santana.

Com: Leticia Olivares e Stela Fischer
Duração: 45min | Classificação etária: livre
Entrada franca

Mulheres no teatro: Mal-amadas: uma poética do desmonte
Dia 4 de junho | Sábado, às 16h

No encontro, Marta Baião fala sobre As Mal-Amadas, grupo de teatro feminista em que se localiza e se organiza a experiência que deu origem à sua pesquisa de doutorado: Poética do Desmonte. A relação profissional com as Mal-Amadas teve início em 1992 em um processo que permitiu às mulheres em situação de violência romperem com o discurso hegemônico patriarcal. A Poética do Desmonte é um jogo de observação de fatos e de fotos do cotidiano. Imagens, posturas e hábitos caracterizam a domesticidade, que é exposta ao desmonte por meio de um conjunto de procedimentos híbridos. A proposta é referendada, entre outros, pelo Teatro Espontâneo de J. L. Moreno, pela épica brecthiana, pelo artivismo, por conceitos da antropóloga indiana Veena Das, pelo desconstrucionismo de Jacques Derrida, pelo feminismo de Joan Scott e Judith Butler e pelos Estudos da performance.

Marta Baião é artivista feminista, doutoranda em Artes Cênicas (ECA-USP), mestre em Artes Cênicas (ECA-USP), pós-graduada em Psicodrama (PUC-SP) e graduada em Artes Plásticas (Universidade Federal do Espírito Santo). Ela também é atriz e diretora e, desde 1992, trabalha com as Mal-Amadas Poética do Desmonte Grupo de Teatro Feminista. Coordena o CIM – Centro de Informação da Mulher Organização Feminista, criado em 1981, com o maior acervo de gênero da América Latina. Desenvolve, ainda, trabalhos na área visual: figurinos, cenários, adereços, bonecos, identidade visual e fotografia.

Entrada franca

Mulheres no teatro: O Tapete Manifesto
Dia 5 de junho | Domingo, às 16h

Tapete Manifesto é uma ação performática que traz à cena uma reflexão sobre a violência contra as mulheres e sobre a massificação e a vulgarização da morte nos dias atuais. É uma procissão simbólica, um manifesto poético-cênico inspirado nos tapetes devoção (realizados nas festas religiosas de Corpus Christi) contra a trágica tradição de assassinatos de mulheres no Brasil. A partir do espaço da performance, a proposta é sacralizar a vida das mulheres violentadas e assassinadas, criando no momento da confecção da obra uma nova realidade, um empoderamento da mulher e um rito de transformação da violência em poesia. A dramaturgia foi baseada em estatísticas, notícias e depoimentos pessoais dos participantes. Após a apresentação, haverá um bate-papo com o Coletivo Galeria Gruta sobre o processo de criação.

Thaís Medeiros é atriz, artista plástica, pesquisadora e poeta. Formada no Teatro Escola Macunaíma, ela realiza há 25 anos uma pesquisa continuada sobre o trabalho do ator. A partir de princípios desta arte, elaborou uma metodologia própria que tem como base a consciência corporal. A atriz também participou de vários festivais nacionais e internacionais conectados à rede The Magdalena Project, e foi contemplada com prêmios nacionais e internacionais nas artes plásticas. Em 2008, fundou o Coletivo Galeria Gruta, que realiza intervenções urbanas, performances, exposições, instalações e workshops.

Concepção e direção: Thaís Medeiros
Duração: 60min | Classificação etária: livre
Entrada franca

Workshop: Do treinamento à criação cênica

Dias 27 de maio e 3 de junho | Sextas, das 14h30 às 17h30

A oficina prática busca valorizar o conhecimento prévio dos participantes. O primeiro passo será reconhecer que as experiências devem ser trazidas para a sala de trabalho e que não é necessário começar do zero. Cada participante deverá trazer exercícios e práticas do seu repertório para compartilhar com o grupo. Depois desse primeiro momento, será apresentada uma estrutura para a organização do treinamento pessoal e para a criação de cenas.

Flávia Coelho é atriz e arte-educadora, mestranda no Instituto de Artes da UNESP. Atualmente, é assistente de direção de Julia Varley no processo de criação de seu segundo solo com Marilyn Nunes. Organiza as atividades do Laboratório de Processos de Criações Atorais (LAPCA).

Gratuito | Inscrições pelo e-mail opostoteatrolaboratorio@gmail.com

Workshop: Introdução à dramaturgia da atriz e do ator
Dias 1º e 2 de junho | Quarta e quinta, das 14h30 às 17h30

Pautando-se nos exercícios de treinamento do Odin Teatret e nos princípios da Antropologia Teatral, a oficina consiste em práticas que permitem ao corpo pensar por si mesmo, que trabalham o ritmo, as diferentes qualidades de energia e as composições. Será realizada, ainda, uma apresentação dos elementos de dramaturgia atoral, tais como: oposição, tridimensionalidade, resistência, introversão e extroversão, redução e dilatação. No treinamento vocal, será desenvolvido um trabalho com caixas de ressonância, volume, tons e musicalidade. A voz, entendida como parte do corpo, terá seu funcionamento estudado dessa forma. Todos esses elementos investigam a pré-expressividade da atriz e do ator e alicerçam o início de um trabalho de criação cênica atoral.

Marilyn Nunes é atriz, professora, colaboradora do Nordisk Teaterlaboratorium e mestranda em Artes pelo IA-UNESP, realizando pesquisas sobre treinamento atoral. Ganhadora de prêmios na área do teatro, já se apresentou em diversos países.

Gratuito | Inscrições pelo e-mail opostoteatrolaboratorio@gmail.com

Sobre o Oposto Teatro Laboratório: O coletivo, voltado para a pesquisa e o desenvolvimento técnico e artístico da atriz e do ator, foi criado em 2008, sob o nome de Cia Marilyn Nunes. Em 2016, passou a chamar-se Oposto Teatro Laboratório com o propósito de formalizar a participação de outros artistas, processo que já havia se iniciado nos anos anteriores. Inspirado no trabalho do Odin Teatret (alguns dos integrantes do grupo fazem parte deste processo de pesquisa prática), o coletivo concentra-se no desenvolvimento dos elementos da dramaturgia atoral, por meio do treinamento e de sua aplicação no contexto cênico da criação de espetáculos. Com suas produções atuais, o Oposto Teatro Laboratório integra-se ao Nordisk Teaterlaboratorium, que abarca também o Odin Teatret, localizado na Dinamarca, onde realiza residências anuais.

Teatro de Arena Eugênio Kusnet. Rua Dr.Teodoro Baima, 94 – Vila Buarque, São Paulo, SP

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