Uma nova – e brevíssima – temporada de Seca está prestes a chegar a Brasília. Dia 19 de agosto (sexta) o espetáculo, criado em 2010 pelo Grupo Cutucart, reestreia no Teatro Plínio Marcos do Complexo Cultural Funarte, pelo Programa Cena Aberta da instituição. As apresentações vão apenas até domingo, 21.
A ideia da encenação surgiu durante oficinas em que os atores – na época ainda estudantes no Centro Educacional 1, do Cruzeiro (DF) – eram desafiados a explorar o conceito de “falta”, em suas várias perspectivas. Os exercícios trouxeram à tona privações interiores dos alunos, que se misturaram às carências materiais encarnadas no cotidiano do sertão nordestino.
O professor responsável pela provocação, Getúlio Cruz, é também fundador do grupo e diretor do espetáculo, que já circulou por diversos festivais nacionais de teatro e recebeu prêmios de atuação, roteiro, cenário, iluminação e desenvolvimento corporal.
Criada coletivamente pelos integrantes do Cutucart, a peça adota a linguagem do Teatro Gestual, em que os diálogos verbais dão lugar à plasticidade dos movimentos, à poesia e à musicalidade. Não por acaso, a obra contou com a intervenção dos músicos Thuyan Santiago e Bruno Bernardes, que compuseram uma sonoplastia exclusiva.
O resultado de tudo isso – conta o grupo – é uma trilha musical que influencia e é influenciada pela cena, como um “fio condutor” artístico que torna “ainda mais vivos os sentimentos retratados”. Sentimentos, aliás, que integram uma realidade duramente vivida por muitos brasileiros: “No sertão nordestino o silêncio dita a tristeza de uma mulher que luta para não ser igual a tudo que está ao seu redor. Uma batalha que ela trava consigo mesma e com o frio marido, que a trata como um deserto. Dois garotos trazem esperança e alegria para ela, mas para ele são só mais dois. Os quatro são aquele lugar”, avisa a sinopse.
Sobre o Grupo Cutucart: Composto por artistas de diversas cidades satélites do Distrito Federal, o Grupo Teatral Cutucart surgiu a partir de oficinas ministradas na escola pelo professor Getúlio Cruz. Hoje, o Cutucart se distingue pela adoção da técnica gestual, inspirada em artistas como o mímico francês Marcel Marceau. Os integrantes do coletivo trabalham em revezamento, como atores, sonoplasta, cenógrafo e maquiador. Mesmo antes de se consolidar como um grupo de teatro amador, o Cutucart emplacou a peça Fragmentos no teatro na escola, e repetiu o feito em 2007, com Quem Casa, quer Casa, de Martins Pena. Em 2009, sua montagem de Uma Véspera de Reis, de Artur Azevedo, foi selecionada para o projeto Teatro na Mochila, da Fundação Athos Bulcão, e premiado no 1° Campeonato de Teatro Sub-17, da Funarte. No mesmo ano, o grupo passa a se chamar Cutucart, integra novos artistas e entra definitivamente no cenário cultural de Brasília como um coletivo criador, dedicado à pesquisa aprofundada dos movimentos. O espetáculo Seca estreou na Sala Conchita de Moraes, na Faculdade Dulcina de Moraes, e projetou-se em 2010 participando de festivais, sendo premiado em seis categorias no festival rio-pretense de teatro amador Luz, Palco, Ação (LuPA). No mesmo ano surgiu o espetáculo O Verbo é o Lixo.
Programa Cena Aberta Funarte 2016
Espetáculo: Seca
De 19 a 21 de agosto | Sexta e sábado, às 20h; domingo, às 19h
Dramaturgia: Grupo Cutucart | Colaboração dramatúrgica: Denis Bueno | Direção: Getúlio Cruz | Elenco: Bia Oliveira, Iury Persan, Wanderson de Sousa e Wesllen Masolliny | Concepção musical e trilha sonora: Bruno Bernardes e Thuyan Santiago | Concepção de luz: Wanderson de Sousa e Iury Persan | Operação de luz: AnaLu Rangel | Produção geral: Wanderson de Sousa e Bia Oliveira | Arte gráfica: Lucas Isacksson
Duração: 60min | Classificação etária: 12 anos
Ingressos: R$20 (meia: R$10). Bilheteria abre nos dias do espetáculo, a partir das 16h. Não aceita cartão
Teatro Plínio Marcos do Complexo Cultural Funarte Brasília. Eixo Monumental, Setor de Divulgação Cultural, Brasília, DF. Tel (61) 3322-2032