Instalação coreográfica ‘Bailique’ tem entrada franca em SP

Foto: Cacá Bernardes - Bruta Flor Filmes

“Um arquipélago. Corpos que se fazem e se desfazem, habitando um lugar que não existe mais”

O publico está convidado a participar, de 15 a 18 de fevereiro, quarta-feira a domingo, da instalação coreográfica Bailique, na Oficina Cultural Oswald de Andrade, em Bom Retiro, São Paulo, capital, com entrada franca. O projeto, contemplado com o Prêmio Funarte de Dança Klauss Vianna 2015, reúne as artistas Ana Luiza Anjos, Beatriz Cruz, Luiza Meira Alves, Monica Galvão e Papá Fraga. De 15 a 17 de fevereiro, o horário é das 17h às 20h; no dia 18, das 15 às 18h.

Na instalação, o movimento das artistas é uma metáfora do que acontece na geologia do arquipélago do Bailique. O conjunto de ilhas, que fica no Amapá, na foz do Rio Amazonas, é essencialmente constituído por sedimentos de areia, argila ou silte (partículas de rocha mais finas que grãos de areia). As costas das ilhas se deslocam, em processo contínuo. Isso é causado pela erosão – ocasionada pelo movimento das águas sobre a terra, que, na região norte das ilhas, vai desmanchando e mudando a forma do seu contorno, no fenômeno, as variações do nível do mar depositam mais sedimentos na foz do rio. Essa deslocamento lembrou às artistas uma dança; e inspirou o nome do trabalho, metáfora construída a partir desses processos geológicos. Eles são extremamente dinâmicos, muitas vezes violentos (como durante a Pororoca). Eles modificam constantemente o relevo local e transformam a paisagem bruscamente, num processo sem fim de erosão, transporte e depósito de areia, argila e pó de rocha.

Com inspiração nesse fenômeno, as criadoras da instalação friccionam o corpo a materiais e objetos, em grande parte coletados na cidade, ou colecionados pelos autores. A obra “dá voz a coisas, a escombros, corpos, portas, destroços, britas, papel, sal, gesso e roupas”, diz a produção. Isso sugere que esses elementos foram “retirados do mundo” e reorganizados para reconstruí-lo. “Um mundo feito de roupas, estruturas de pedra, com acabamento de gesso, comida (e conservação) feita com quilos de sal e memória…”. O simbolismo do arquipélago de Bailique é utilizado “para falar sobre o corpo e o mundo”; e sobre o que é consumido e descartado ao longo das margens e superfícies, “sejam elas do planeta ou da nossa própria pele”, informa o projeto. O movimento coreográfico das artistas pretende ainda criar e recriar o espaço, de forma constante, bem como construir todo um contexto, gradativamente.

Ao longo do processo do trabalho, cada criadora trouxe para ele um eixo de pesquisa em performance ou em dança, desenvolvido a partir das investigações de cada uma. Esses estudos ocorreram numa fase do projeto na qual as artistas foram levadas a interagir com “provocadores”, que atuam em dança, perfomance, artes visuais e geografia.

Bailique conta ainda com o trabalho do artista multimídia Felipe Julian, responsável pela sonorização da obra.

Bailique
Instalação coreográfica

De 15 a 17 de fevereiro, das 17h às 20h
18 de fevereiro, das 15h às 18h

Projeto contemplado com o Prêmio Funarte Dança Klauss Vianna 2015

Local: Oficina Cultural Oswald de Andrade
Rua Três Rios, nº 363, Bom Retiro, São Paulo (SP)
Entrada gratuita
Classificação indicativa: 14 anos

Ficha Técnica/artística
Artistas: Ana Luiza Anjos, Beatriz Cruz, Luiza Meira Alves, Monica Galvão e Papá Fraga
Sonorização: Felipe Julian
Provocações: Zélia Monteiro, Yuri Firmeza, Fernanda Raquel e Dri Quedas
Produção: Anna Zêpa e Isabela Tortato
Crédito das foto de divulgação: Cacá Bernardes – Bruta Flor Filmes