Artistas de vários países estão em projeto premiado pela Funarte no Piauí

Contemplado com o Prêmio Funarte de Dança Klauss Vianna 2015, o projeto Dança Doente apresenta, em Teresina (PI), de 15 de janeiro a 24 de fevereiro, um programa de residências, apresentações, palestras e concerto, com cerca de 40 artistas do Brasil, do Japão e de outros países: o Teresinatohoku. Há novas atrações nos dias 11 e 12 de fevereiro, sábado e domingo.

Através de Instalações, performances, espetáculos, festa e outras atividades, realizadas no espaço do Campo, no bairro de São João, o Teresinatohoku reúne artistas residentes e em trânsito. São performers, teóricos, dramaturgos e produtores culturais vindos da capital piauense e de vários estados do Brasil e do Japão, Canadá, Holanda, e Alemanha.

Programação 11 e 12 de fevereiro

Das 20h às 23h de sábado, dia 11, os artistas Daniel Lie (SP) e Márcio Nonato (BA) entrecruzam suas criações em uma instalação, transformando o local em uma fonte de experiências corporais, sensoriais e espaciais. Isto é apenas um pano na cabeça, de Márcio, é uma performance realizada em conjunto com artistas de Teresina, residentes do projeto, e com convidados. O trabalho vai dialogar com o ambiente da instalação de Daniel, Centro de morte para os vivos. Este trabalho é parte da pesquisa do artista para a obra homônima, que estreará em Viena, Áustria, em julho deste ano. O público tem circulação e tempo de permanência livres nos dois ambientes. Essa programação tem entrada franca, com doação sugerida de R$ 10, para manutenção do espaço.

Domingo, dia 12, às 18h, a palestra performática Nudity, de Fabien Marcil (Montreal, Canadá), tem como proposta provocar a reflexão sobre a nudez. Logo após o público poderá participar de uma festa, concebida e conduzida pelo DJ suíço Fred Scharf, a partir de produção do selo independente Vox Populi (Berlim, Alemanha) – fundado pelo também produtor musical e antropólogo. “Com isso, vamos celebrar coletivamente esse grande processo em construção que é o Teresinatohoku”, dizem os organizadores. Os ingressos têm preço único promocional de R$ 10, se comprados até às 20h. Após esse horário, o preço é de R$ 20.

Nas duas noites, continuará à venda o exemplar mais recente do Fanzine do Campo/Demolition Incorporada. Essa terceira publicação traz entrevista, imagens e textos de pesquisa do espetáculo Dança doente.

Sobre Isto é apenas um pano na cabeça e seu autor

Diz Márcio Nonato: “Tudo começa com um pano branco na cabeça, para que se faça emergir novas composições espaço corpóreas”. Segundo o artista, a obra traz o “não saber”, como “detonador de esvaziamento e ampliação do contexto, transformando-se e transformando-o”. O trabalho busca explorar “noções de identidade e dilatação” e a relação das pessoas com os sentidos, com as demais e com o ambiente.

Márcio Nonato de Salvador (BA) é artista de performance, diretor teatral e iluminador. Estudou interpretação teatral na Universidade Federal da Bahia (UFBA) e dança, na Fundação Cultural do Estado da Bahia (Funceb – BA). Foi do grupo Dimenti, por 14 anos. Desde 2007, desenvolve trabalhos autorais no Vagapara, onde realiza experimentos e pesquisas artísticas nas ruas. É “performer” e técnico de iluminação dos espetáculos De Repente fica tudo preto de gente e batucada, de Marcelo Evelin/Demolition Incorporada.

Sobre Centro de morte para os vivos e seu autor

Para apresentar sua obra, Daniel Lie questiona: “A presença de pessoas e a realização de atos dentro de um espaço podem deixar vestígios invisíveis? Como elementos que mudam com a passagem do tempo (alimento fermentando, água evaporando, frutas apodrecendo, plantas crescendo) podem nos influenciar? Como realizar uma coreografia para objetos dançarem por si só? Como criar relações horizontais?”. Essas são algumas perguntas que norteiam o processo de “experimentação espacial” de Lie, como parte da pesquisa de seu futuro trabalho, de mesmo nome. Nele, o artista plástico propõe “uma vivência espacial, com a construção de uma instalação e um ambiente para se deitar”.

Marcelo Evelin e a Demolition Incorporada situam Daniel como integrante da “inovadora cena artística de São Paulo”. Suas instalações, chamadas de “cibernéticas”, são criadas com minerais, plantas e frutas podres. “Elas produzem cenários densos em termos atmosféricos, nos quais a linearidade sazonal se dissolve em favor da compreensão processual. Um espaço estranho, governado por leis alternativas”, dizem os organizadores. “Como pesquisador neo-tropical, Lie utiliza suas instalações para criar espaços experienciais, produzindo sensualidade arcaica. Seu trabalho está firmemente enraizado na tradição brasileira da antropofagia, que não é apenas um movimento estético, mas também uma filosofia cosmopolita na América do Sul”, complementam.

Sobre a palestra Nudity e seu ministrante

Nudity é uma palestra performática, que situa os participantes numa “busca por um espaço de nudez”. O foco é discutir “conexão, fricção, o simples, o diverso e a relação com as próprias faltas”. A proposta é desvendar em conjunto uma série de possibilidades sobre o tema. O trabalho conta com a colaboração e participação de Arthur Doomer (PI).

O ministrante, Fabien Marcil, estudou performance e “novas práticas” na Concordia University, (Montreal, CA). Trabalhou na área de produção, em diferentes festivais, como o Kunsten Festival des Arts (Bélgica) e na Montreal Danse e Art Circulation (Canadá). Atualmente, colabora como artista de performance no espetáculo Dança doente e coordena a área de desenvolvimento internacional do La Serre – Arts Vivants.

Sobre o Teresinatohoku

O Teresinatohoku foi desenvolvido a partir do processo de criação do espetáculo Dança Doente, de Marcelo Evelin, de Teresina (também apresentado na cidade). A mais nova peça do coreógrafo tem como ponto de partida a capital piauiense e Tohoku, no Japão. O trabalho se inspira no universo enigmático do coreógrafo e dançarino Hijikata Tatsumi, nascido nessa região japonesa, que influenciou consideravelmente sua obra. A montagem tem estréia confirmada para maio deste ano em Bruxelas, Bélgica.

A ideia do Teresinatohoku foi elaborada a partir da principal residência que integrou o elenco de Dança Doente. Algumas ações da iniciativa são realizadas só com os residentes; outras, abertas ao público. O Teresinatohoku tem como um dos seus principais objetivos a convivência e a troca de experiências e processos entre os participantes e o público. O trabalho tem como ponto de partida Teresina e Tohoku e interliga, imaginariamente, os dois lugares “Eles se aproximam, por uma situação geográfica, climática e cultural comum: são regiões periféricas, isoladas, precárias e marcadas por situações climáticas extremas e adversas. A primeira atingida por altas temperaturas e a segunda, pelo frio”, comenta a Demolition Incorporada, que concebeu e realiza o Teresinatohoku. A iniciativa aborda essas duas realidades a partir das questões: “Qual o papel que a arte desempenha nessas regiões distantes e desconhecidas?” E “Qual a relação entre áreas geográficas específicas para a compreensão de mundo comum?”.

Sobre o projeto Dança Doente

A proposta Dança Doente é inspirada no universo da obra do dançarino e coreógrafo Japonês HijikataTatsumi (1928-1986), nascido no Tohoku – região que influenciou consideravelmente sua obra. O projeto começou em 15 de janeiro, com uma residência com 15 artistas piauienses; foi aberto ao público, através de espetáculos de dança contemporânea de Bruno Moreno (SP), Isabella Gonçalves (SP), Samuel Alvis (PI) e Ireno Junior (PI). Também fez parte da agenda o terceiro fanzine do Campo, criado em torno do material de pesquisa do espetáculo.

A programação do projeto Dança Doente e do Teresinatohoku segue até o dia 24. A divulgação da agenda é publicada semanalmente, no endereço:
https://www.facebook.com/campoartecontemporanea/

Teresinatohoku

De 15 de janeiro a 24 de fevereiro
Local: Campo – gestão e criação em arte contemporânea
Rua Padre José Rego, 160 – São João – Teresina (PI)

Ação integrante do projeto Dança Doente, contemplado pela Funarte no edital do Prêmio Funarte de Dança Klauss Vianna 2015
Realização: Marcelo Evelin e Campo – gestão e criação em arte contemporânea

Sábado, dia 11 de fevereiro, das 20h às 23h

Ações simultâneas

Performance de Márcio Nonato
Isto é apenas um pano na cabeça

Com artistas residentes e convidados

Instalação de Daniel Lie
Centro de morte para os vivos

Circulação e tempo de permanência livres para o público, nos dois ambientes
Entrada franca com doação sugerida de R$ 10 para manutenção do espaço
Classificação indicativa: 18 anos

Domingo, dia 12 de fevereiro, às 18h
Palestra de Fabien Marcil
Nudity

Logo após, até 0h do dia 13, segunda-feira
Festa com o DJ Fred Scharf
Classificação indicativa: 18 anos
Ingressos têm preço único promocional de R$ 10, se comprados até às 20h. Após esse horário, o preço é de R$ 20

Mais informações
https://www.facebook.com/demolitionincorporada/
https://www.facebook.com/campoartecontemporanea/

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