Divulgado o resultado final da seleção de obras para a XXIII Bienal de Música Brasileira Contemporânea

XXII Bienal de Música Brasileira Contemporânea - Foto: S. Castellano

A Fundação Nacional de Artes – Funarte divulgou nesta quarta, dia 16, o resultado final da XXIII Bienal de Música Brasileira Contemporânea, que será realizada entre 10 e 14 de novembro. Foram selecionadas 47 partituras em três categorias: orquestra sinfônica, música de câmara e música mista e acusmática. A elas se somam cinco partituras dos compositores homenageados, totalizando 52 obras. Esta edição conta com a parceria da Universidade Federal Fluminense – UFF.

Os compositores selecionados receberão um valor fixo de R$ 1.300,00, referente aos direitos autorais e à utilização das partituras. Os recursos totais para a realização da XXIII Bienal somam R$ 350.339,00 e serão utilizados no pagamento aos compositores, aos músicos intérpretes e em infraestrutura. 

A XXIII Bienal vai homenagear compositores que se tornaram referência na música brasileira contemporânea. São eles: Edino Krieger, Ernst Mahle, Edmundo Villani-Côrtes, Kilza Setti, Maria Helena Rosas Fernandes, Sérgio de Vasconcellos Corrêa, Jocy de Oliveira, Raul do Valle, Willy Corrêa de Oliveira, Marlos Nobre e Ricardo Tacuchian.

A chamada pública para seleção das obras foi aberta de 3 a 19 de setembro, e puderam se inscrever compositores brasileiros ou domiciliados no país há no mínimo três anos. Foram aceitas obras compostas a partir de 2015, não apresentadas em edições anteriores da Bienal. Cada proponente pôde participar com uma partitura.

Acesse aqui a portaria com a lista de obras

Sobre a análise da Comissão de Seleção

Os membros da Comissão de Seleção da Chamada Pública para a XXIII Bienal de Música Brasileira Contemporânea são os seguintes: Aloysio Moraes Rego Fagerlande, Ana Maria Ramos de Oliveira, Andréa Ernest Dias, José Augusto Mannis (via Skype), Pedro Sousa Bittencourt, Roberto Ricardo Duarte e Ubiratã Ferreira Rodrigues. A esta comissão se somou o Álvaro Carriello, representante da UFF, instituição responsável pela realização em parceria com a Funarte. A reunião da Comissão contou com a presença de José Duarte Miller Schiller, coordenador de música de concerto do Centro da Música da Funarte.

Das 260 partituras recebidas para avaliação, cinco foram de compositores homenageados, com participação automática e 255 inscritas. Na ocasião da reunião, a Comissão analisou os recursos referentes a seis das 255 partituras originalmente inscritas, cuja seleção obedeceu aos seguintes critérios: conformidade com as especificações constantes da Chamada Pública, referentes à instrumentação, apresentação e duração das obras propostas; qualidade musical, formação instrumental compatível com a disponibilidade de instrumentos e instrumentistas; e viabilidade de execução em no máximo cinco ensaios.

Acesse aqui a portaria de nomeação da Comissão de Seleção

Acesse aqui a ata de reunião da Comissão de Seleção

Sobre as Bienais

As Bienais de Música Brasileira Contemporânea foram criadas por Edino Krieger e Myrian Dauelsberg, em 1975, inspiradas nos dois Festivais de Música da Guanabara, realizados em 1969 e em 1970, no Theatro Municipal do Rio de Janeiro. As três primeiras Bienais foram organizadas pela Sala Cecília Meireles e, a seguir, assumidas pela Funarte, quando Krieger dirigia o então Instituto Nacional de Música da Fundação.

Desde o lançamento, em 1975, foram realizadas 22 bienais, sem nenhuma interrupção. Nessas 22 edições, foram apresentadas 1.740 obras, sendo 1.002 delas em primeira audição, o que significa a produção e o lançamento de material inédito que valoriza e amplia a importância do evento.

As Bienais propiciaram a participação de 472 compositores. Muitos deles, jovens que representam uma renovação de nomes e difusão da música de concerto produzida no Brasil, inclusive territorialmente. A produção se concentrava basicamente nos estados do Rio de Janeiro, São Paulo e Bahia. Hoje, através das sucessivas realizações, foram consolidados ou integrados centros musicais significativos em vários outros estados, como Paraná, Rio Grande do Sul, Minas Gerais, Espírito Santo, Pernambuco, Paraíba, Amapá, Ceará, Goiás, Mato Grosso, Santa Catarina, além do Distrito Federal.

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Leia abaixo texto de apresentação da XXIII Bienal de Música Brasileira Contemporânea

José Schiller, coordenador de Música de Concerto do Centro da Música da Funarte

“Chegamos à 23ª edição da Bienal de Música Brasileira Contemporânea. Cada uma delas reforça o significado e a importância de ações continuadas para a produção musical entre nós. Estamos entre as de maior duração inininterruptas em qualquer das linguagens artísticas do Brasil.

As 22 primeiras edições contemplaram 1.740 obras, e um total 472 compositores. Salvo engano, foram 1002 estreias de obras. Um universo que refletiu e propiciou a diversidade de linguagens, recursos expressivos, promoveu a convivência de compositores estabelecidos com as novas gerações.

Realizar e, principalmente, manter vivo um projeto como este é um aceno de que é possível a permanência ao longo de cenários e conjunturas descontínuas, sujeitas às variações que caracterizam a economia e todos os setores da vida em cada momento no país.

A XXIII Bienal de Música Brasileira Contemporânea deve sua concretização a uma parceria inestimável estabelecida entre a Funarte, através do seu Centro da Música, e o Centro de Artes da Universidade Federal Fluminense, que tornou viáveis todas as etapas, do planejamento à realização de cada concerto. Superando a limitação imposta pelo menor prazo de toda a história das Bienais.

Igualmente fundamental foi a disponibilidade dos músicos que aceitaram o desafio de integrar a comissão de seleção das partituras, e trabalharam incansavelmente para analisar e chegar ao repertório aqui proposto. Também em curto espaço de tempo imposto pelo calendário apertado, longe do desejável. A eles, toda a gratidão e reconhecimento.

Esta Bienal marca a primeira edição do evento sem a presença do Flávio Silva. Musicólogo de grande relevância, foi o responsável direto por oito Bienais, e acompanhou todas as que foram produzidas pela Funarte, onde trabalhou desde 1976. Sob sua coordenação, a Bienal atingiu as melhores condições para músicos e compositores, ganhou a dimensão abrangente e relevância que desafia a quem receba o encargo de mantê-la viva. A XXIII Bienal que ora inicia é dedicada à sua memória.

Rendemos também homenagem à compositora Vânia Dantas Leite, que nos deixou este ano. Professora e criadora, que teve enorme contribuição, especialmente no campo da música mista e acusmática entre nós, um nome emblemático para quem se refere ou trabalha com recursos tecnológicos e linguagens que envolvem a difusão eletroacústica.

A Bienal que começa hoje reúne 5 obras de compositores convidados como homenageados por sua trajetória ao atingir ou superar 80 anos de idade, e 47 selecionadas entre as inscritas em chamada pública específica. Além dos programas impressos, as informações estão disponíveis nos portais da Funarte e da Universidade Federal Fluminense.

Um destaque especial para a colaboração do Ensemble CEPROMUSIC. Um conjunto do México que nos visita para divulgar o repertório latino-americano atual e aceitou incondicionalmente preparar e apresentar 3 obras brasileiras indicadas pela Comissão de Seleção, em um dos concertos desta edição.

Imprescindível citar as parcerias essenciais para este projeto: a Universidade Federal do Rio de Janeiro e a Orquestra de Câmara da UFRJ; a Orquestra Sinfônica Nacional, da UFF. Todos os músicos, conjuntos e solistas que participam desta edição. Sem eles, não haveria a programação destes concertos. E finalmente, a equipe da Funarte. Nossos sinceros agradecimentos.”

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