Funarte debate, no Rio, políticas para as artes

As políticas públicas para as artes no Brasil estarão em debate, hoje e amanhã, 24 e 25 de setembro, no Palácio Gustavo Capanema, no Centro do Rio. Organizado pela Fundação Nacional de Artes, o IV Encontro Funarte de Políticas para as Artes conta com a participação de artistas, pesquisadores e gestores dos setores público e privado. Além dos debates, a programação abre espaço também para a apresentação de trabalhos e práticas bem-sucedidas na área cultural. Nesses dois dias, serão discutidas questões como acessibilidade e direitos culturais para pessoas com deficiência, política cultural nas universidades, economia criativa, memória cultural e arte na web, entre outros assuntos.

A abertura do evento foi nesta quinta (24), no Salão Portinari, e contou com a participação da diretora do Centro de Programas Integrados da Funarte, Ester Moreira, que representou o presidente da instituição, Guti Fraga; do representante regional do Ministério da Cultura no Rio de Janeiro e Espírito Santo, Fábio Lima; e do professor da USP, Gustavo Venturi, que coordenou a pesquisa ‘Públicos de Cultura’, realizada pelo SESC/SP e pela Fundação Perseu Abramo. Também estiveram presentes o diretor executivo da Funarte, Reinaldo Verissimo; os diretores Xico Chaves, do Centro de Artes Visuais, e Paulo César Soares, do Centro da Música; além dos coordenadores Heloísa Vinadé (Teatro), Marcos Teixeira (Circo) e Camilla Pereira (Comunicação); e o representante regional do MinC na região Nordeste, Naldinho Freire.

O representante regional do MinC, Fábio Lima, elogiou a iniciativa: “Em nome da ministra Marta Suplicy e da representação regional, saúdo a Funarte por ter compromisso de fazer circular o debate, reconhecendo assim a diversidade que deve ser considerada em qualquer debate público sobre cultura”. Ele destacou que ações como essa contribuem fundamentalmente para a correção de uma “distorção histórica que ainda concentra o debate, concentra as ações públicas e muitas vezes privadas num eixo muito segmentado e diminuto do território nacional.” Fábio Lima demonstrou também sua satisfação por constatar que uma das mesas de debate irá tratar da questão da acessibilidade e dos direitos culturais para pessoas com deficiência. “As políticas públicas de cultura não devem ser percebidas como um projeto de governo, mas sim como uma política de Estado e por ser uma política de Estado têm que incluir, têm que inserir, têm que reconhecer diferenças, respeitar a alteridade, praticá-la efetivamente na sua formulação”.

A diretora do Centro de Programas Integrados, Ester Moreira, disse que o presidente da Funarte não pode estar presente, mas que ao tomar conhecimento da realização do Encontro “imediatamente se apaixonou pela ideia porque ele, efetivamente, é um homem de diálogo”. Ester Moreira ressaltou que esta “é uma grande oportunidade que a Funarte abre para que a gente ouça, é um diálogo, mas a gente quer muito ouvir a sociedade para que a gente possa, com os resultados desses encontros, trazer para dentro das instituições públicas, da própria Funarte, as observações, as demandas, as reflexões da sociedade sobre as políticas que o Ministério da Cultura e, especialmente, a Funarte vem desenvolvendo para o fomento, a circulação e a difusão da arte, da cultura no Brasil”. Sobre a questão a acessibilidade, a diretora do Cepin ressaltou que durante o Encontro, bem como em outras ações da instituição, a Funarte conta com intérpretes de libras como parte da política de inclusão das pessoas com deficiência.

Em seguida, o professor da USP, Gustavo Venturi, apresentou a pesquisa ‘Públicos de Cultura”, coordenada por ele para o Sesc/SP. Foram entrevistadas 2.400 pessoas, com idade acima de 16 anos e residentes em zonas urbanas, em 139 municípios de 25 estados das cinco regiões brasileiras, entre 31 de agosto e 8 de setembro de 2013. Segundo Venturi, essa pesquisa veio de uma necessidade do Sesc, que se preocupava com o fato de que, apesar de a instituição oferecer bastantes produtos culturais, eventos e cursos, muitas vezes gratuitos, o público atingido não ser o esperado ou desejado.

Visando entender porque isso acontece geralmente, a pesquisa incluiu perguntas – estimuladas e espontâneas – sobre uso do tempo, durante a semana e nos fins de semana, como, por exemplo, o que as pessoas faziam geralmente e o que gostariam de fazer nas horas livres; com que frequência se dedicavam a atividades culturais e costumavam ir a esses eventos; com quem iam; principais razões para não terem ido a uma atividade cultural no último ano.

O levantamento também abordou preferências dos entrevistados, para saber o que mais gostavam de assistir na TV, frequência de filmes assistidos, quantidade de livros lidos, preferência por gêneros de filmes, leituras, peças de teatro, espetáculos de dança, exposições, entre outras perguntas. Alguns fatos constatados foram: com relação à fruição de bens culturais de cunho erudito, quanto maior a escolaridade e renda, maior o percentual com que as pessoas usufruem desses produtos. Com relação aos bens populares, a fruição é maior na população com ensino médio, e não superior; no entanto, a renda também é determinante para aumentar o acesso a eles.

A pesquisa pode ser acessada no Portal do Sesc, no link: http://www.sesc.com.br/portal/site/publicosdecultura/inicio/

Sobre o Encontro Funarte de Políticas para as Artes

Em 2014, o Encontro chega à quarta edição. No Rio de Janeiro, está sendo realizada a última etapa dos debates que já ocorreram em outras quatro capitais: Belém (PA), no dia 9 de setembro; Recife (PE), no dia 11 de setembro; Goiânia (GO), no dia 16; e Curitiba (PR), no dia 18.

A primeira edição do Encontro Funarte de Políticas para as Artes foi em 2011. A proposta é promover a reflexão e contribuir para a formulação e o aperfeiçoamento das políticas para as artes, além de abrir espaço para a apresentação de trabalhos e práticas bem-sucedidas no setor cultural.

Acesse aqui a programação completa

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