A Funarte MG vai reabrir suas portas em maio de 2010. O espaço está fechado para obras e a previsão é reinaugurá-lo com o lançamento de novos editais para ocupação, que deve incluir, além dos projetos nacionais, produções locais e uma área destinada a abrigar a pesquisa e os ensaios de grupos mineiros. Após a reforma, será possível realizar espetáculos de artes cênicas, música e artes visuais, com mais segurança e conforto para o público, artistas e técnicos.
Mesmo fechada para obras, desde outubro, quando parte das instalações foi danificada em função das fortes chuvas que caíram na capital mineira, a Funarte MG realizou toda a sua programação graças a parcerias firmadas com outros centros culturais e escolas públicas do município, que abrigaram as atividades previstas.
Além da reforma dos telhados, um projeto está sendo elaborado pelo Centro Técnico de Artes Cênicas da Funarte (CTAC). O estudo prevê instalação de pontes de luz de plateia, cerca de 120 pontos para projetores e refletores de luz, equipamentos digitais, criação de um espaço cênico alternativo e mais flexível, do tipo multiuso, além da possibilidade de ganhar um mobiliário desmontável que permita diversas configurações de plateias e palcos.
“Estamos bastante otimistas para o ano que vem, pois essa nova administração da Funarte, ou seja, a gestão de Sérgio Mamberti, trouxe avanços para Minas Gerais e nos possibilitou cumprir um extenso calendário de atividades produzidas pela própria representação mineira, além de nos incluir oficialmente na agenda dos programas nacionais da Fundação, como o Pauta Funarte, o Funarte em Cena, o Circuito Funarte de Capacitação em Artes Cênicas e a série Da Rua, de artes visuais. Avanços que devem ser consolidados ao longo de 2010”, analisa a coordenadora Mirian Lott.
Um ano inteiro de atividades
Apesar da interdição do espaço por causa dos danos causados pelas chuvas, em outubro de 2009, todas as atividades previstas na programação da Funarte MG foram realizadas graças às parcerias firmadas entre a representação Funarte e os espaços culturais vizinhos, como o Museu Inimá de Paula, que recebeu os shows do Pauta Funarte 2009; o Centro Cultural CentoeQuatro, que abrigou as atividades do projeto Arte em Foco e a exposição de artes visuais da série Da Rua: o lugar do convívio; além de escolas públicas que receberam vários espetáculos de teatro de Bonecos e de Dança, previstos para acontecerem na Funarte MG, em comemoração ao Mês das Crianças.
Até outubro, o espaço esteve em atividade permanente, e o balanço de 2009 é bastante positivo, “até a interdição teve também seu lado bom, pois propiciou o intercâmbio com outros espaços culturais e escolas, promovendo a expansão do nosso público”, avalia a coordenadora Mirian Lott.
No mês de abril, a Funarte MG promoveu e abrigou as comemorações do Mês do Choro, em parceria com o Clube do Choro de Belo Horizonte. Foram realizadas com palestras e oficinas de violão, sax, flauta, cavaquinho e percussão. Em maio, o Circuito Funarte de Capacitação em Artes Cênicas ofereceu oficinas de trapézio, tecido, lira e acrobacia de solo, ministradas por professores da Escola Nacional de Circo (ENC). O Pauta Funarte apresentou shows de Ataulfo Alves Jr., Juarez Moreira, Flávio Barbeitas, Grupo Senta Pua!, grupo Cappella em Trio, Coral Infanto-Juvenil do Palácio das Artes e Grupo de Percussão da UFMG.
Em junho, o espetáculo O Romance do Vaqueiro Benedito abriu o Programa Funarte em Cena e marcou a parceria da Funarte com o X Festival Internacional de Teatro de Bonecos de MG. Dando continuidade ao Programa, o público foi contemplado com a aula/espetáculo: Índia, Berçário de Títeres, ministrada pela pesquisadora e artista Magda Modesto. Ainda nesse mesmo mês foi retomado o Circuito Funarte de Capacitação em Artes Cênicas, com a oficina Mecanismos e Articulações, ministrada pelo artista Paulo Nazareno.
A Funarte MG serviu ainda de palco para o “5º Festival Mundial de Circo” que, no Ano da França no Brasil, foi aberto por um convidado especial, o Centre National des Artes du Cirque – CNAC, uma das mais importantes escolas superiores de circo da Europa, com o espetáculo 20º Première. A programação contou com oficinas para profissionais e iniciantes, seminário, palestras, mostra de filmes, lançamento de livros, exposições, apresentação do Circo Zanni (SP). Além da participação dos alunos da Escola Nacional de Circo da Funarte.
Em julho, o programa Funarte em Cena foi dedicado ao Teatro de Rua. Na programação, houve debate sobre Arquitetura para a Cena – A Rua como Espaço de Atuação Artística; Estratégias e Táticas – Perspectivas de ações conjuntas e produções artísticas compartilhadas; Frutos e Expectativas – O que é a Rede de Teatro de Rua; Acesso e Sustentabilidade – Formas de Consolidar o Fazer Teatral”. Também foram feitas apresentações dos grupos Circovolante (Mariana), Cia da Bobagem (BH), Teatro da Figura (BH), Cia Losna (Ouro Preto), Cia Circunstância (BH), Grupo do Beco (BH), Irmandade Atores da Pândega (Lagoa Santa), Palhaço Pindaíba (BH), Teatro Terceira Margem (BH), Cia Crônica (Contagem), Circo Estrela Gira (BH), Cia Malarrumada (BH), Estandarte Cia de Teatro (Ouro Preto), Cia Teatral Manicômicos (São João Del Rey), Cia Kabana (BH), Cia Candongas e Outras Firulas (BH). O Programa foi realizado em parceria com a Rede de Teatro de Rua de MG.
Ainda no mês julho, a Funarte MG se abriu ao II Encontro Internacional das Culturas Populares, que contou com um cortejo do Boi de Maracanã (São Luis-MA), Meninas de Sinhá e o Maracatu Baque Trovão. No final, houve apresentação do Coral Araras Grandes (Vale do Jequitinhonha) em um encontro com a Guarda de Moçambique da Comunidade dos Arturos (Contagem).
Em agosto, houve mais uma temporada de capacitação artística. Foram 14 oficinas nas áreas de Interpretação, Teatro de Rua, Clown, Dança Popular, Dança Contemporânea, Dramaturgia, Técnicas Cênicas (figurino, maquiagem, caracterização e produção) e Metodologia do Ensino, espalhadas por sete municípios do Estado (Belo Horizonte, Barbacena, Ituiutaba, Grão Mogol, Montes Claros, Uberaba e Jequitinhonha).“Tudo isso fez parte da política de descentralização, que é um dos principais objetivos da nossa coordenação”, explica Mirian Lott.
Com a realização do Circuito de Capacitação em Artes Cênicas, que é um programa nacional da Funarte, artistas, técnicos e pesquisadores de várias regiões do Estado de Minas Gerais tiveram a oportunidade de aprofundar e aprimorar seus saberes, com base nas seguintes oficinas: Teatro de Rua numa Perspectiva do Espaço Urbano; Dança Popular Cênica (Maracatu, Frevo e Caboclinhos); Conscientização do Movimento e Jogos Corporais em Angel Vianna; Dramaturgia em Processo: o Texto Teatral, Tradições e Rupturas; A Criação do Figurino Teatral: Vestir e Desnudar o Teatro; Maquiagem Teatral; e Metodologia para o Ensino de Dança.
Ainda em agosto, foi lançado um novo projeto: o Arte em Foco – uma aproximação da instituição com a pesquisa acadêmica nas áreas das artes e da cultura e que pode ser reaplicado pela Funarte em outras capitais do país. O primeiro ciclo de palestras contou com a participação do professor Celso Fernando Favaretto (USP) como mediador-pesquisador, versando sobre a “Arte Contemporânea Brasileira nos anos 60”. Favaretto elucidou o contexto histórico que permitiu, em meados de 1960, falar de uma nova forma de fazer arte, que já não mais se enquadrava no movimento tradicional de arte iniciado no período do Renascimento. O professor passou por diferentes áreas das artes – artes visuais, literatura, cinema, teatro – procurando pontuar como o conceito de arte contemporânea perpassa todas elas. Também nesse mês, foi apresentado o espetáculo Calendário da Pedra, um monólogo da premiada atriz Denise Stoklos.
Em setembro, o segundo encontro do projeto Arte em Foco teve a participação do professor José Geraldo Vinci de Moraes (USP), que falou sobre a “História da Música Brasileira”. E, em outubro, o projeto foi realizado no Espaço Cultural CentoeQuatro, com a participação da professora Christine Melo (FAAP), que falou sobre “Arte e Novas Mídias”.