A pesquisa Retratos da Leitura no Brasil, realizada pelo Instituto Pró-Livro, tem sido o principal estudo sobre o comportamento leitor no país, subsidiando o Estado brasileiro com informações e reflexões relevantes para a elaboração de políticas públicas do livro e leitura. A primeira edição da pesquisa, realizada em 2001, teve por objetivo básico a identificação da penetração da leitura de livros no país e o acesso a eles. Buscava, também: 1) Levantar o perfil do leitor de livros; 2) Coletar as preferências do leitor brasileiro; 3) Identificar as barreiras para o crescimento da leitura de livros; 4) Levantar o perfil do comprador de livros. Nesta segunda edição, o objetivo foi diagnosticar e medir o comportamento leitor da população, especialmente com relação aos livros, e levantar junto aos entrevistados suas opiniões relacionadas à leitura. O estudo teve, ainda, os seguintes objetivos secundários: Conhecer a percepção da leitura no imaginário coletivo; Definir o papel do leitor e do não leitor de livros; Identificar as preferências dos leitores; Identificar e avaliar os canais e formas de acesso à leitura e as principais barreiras A pesquisa considerou “leitor” quem declarou ter lido pelo menos um livro nos últimos três meses anteriores à entrevista, e “não leitor” quem declarou não ter lido nenhum livro neste mesmo período. Destacamos alguns deles. O que os brasileiros gostam de fazer em seu tempo livre?
A atividade leitora ficou apenas em quinto lugar. É curioso observarmos que a leitura não é considerada uma atividade que relaxa e descansa, mas um “trabalho” que cansa. Para a Presidente da Fundação Municipal de Cultura de Belo Horizonte, Maria Antonieta da Cunha, em seu diagnóstico da pesquisa, há um claro problema de acesso aos materiais de leitura, especialmente o livro e, mesmo tendo-os por perto, falta a descoberta, “a volta na chave que faz a súbita ligação e torna o sujeito capturado para a leitura”. A pesquisa também revelou a enorme concentração de livros: 66% dos livros estão nas mãos de apenas 20% da população, ao passo que 8% dela não têm nenhum livro em casa e 4% somente um. 67% da população brasileira disseram saber da existência de bibliotecas próximas à sua residência e 20% afirmaram não existir. Este dado revela a falta de conhecimento dos equipamentos culturais existentes nos municípios, isto porque o suplemento de cultura da Pesquisa de Informações Básicas Municipais (MUNIC), realizada em 2006 pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), mostrou que 89% dos municípios brasileiros possuem bibliotecas públicas. Cerca de metade dos não leitores disse não ter qualquer dificuldade para a leitura, o que nos revela a falta de estímulo à prática. Some-se a este dado o desinteresse (27%) e “falta de tempo” (29%) como razões alegadas pelos brasileiros não leitores para não terem lido livros no último ano. A falta de tempo pouco explica caso não compreendamos a lista de prioridades dos brasileiros em seu dia a dia. Parte da resposta vimos na questão referente às atividades no tempo livre. A pesquisa Retratos da leitura no Brasil é complexa e merece uma análise qualitativa minuciosa por parte dos gestores responsáveis pela elaboração das políticas públicas voltadas para a área do livro, leitura e literatura.
No intuito de ampliarmos o acesso dos dados da pesquisa, a colocamos à disposição dos interessados. Para ter acesso à pesquisa, clique aqui Demais informações: marcelogruman@funarte.gov.br, (21)2220-6191