Funarte lança livro sobre Luiz Carlos Mendes Ripper, no Rio

O lançamento do livro Luiz Carlos Mendes Ripper: Poesia e Subversão, na noite desta quinta (28/04), na Livraria da Travessa, em Botafogo, Zona Sul do Rio, reuniu cenógrafos, artistas, além de profissionais que conviveram com o cenógrafo. Escrito por Heloisa Lyra Bulcão e publicado pela Fundação Nacional de Artes – Funarte por meio de sua Gerência de Edições, a obra é resultado da pesquisa feita pela escritora e revela, em detalhes, os trabalhos do artista. Desenhista, figurinista, educador, diretor de arte, cenógrafo e encenador teatral, Luiz Carlos Mendes Ripper inovou na cenografia brasileira, rompendo os padrões da época . A apresentação foi feita pelo cenógrafo, diretor de arte, e professor da UFRJ Ronald Teixeira.

A autora Heloisa Lyra Bulcão, que também é cenógrafa, figurista, aderecista e doutora em artes cênicas pela UniRio, trabalhou com Ripper como assistente, tanto em pesquisa como em criação. Ela falou com admiração sobre o professor e amigo. “A forma dele criar era muito envolvente, intensa, e tinha também esse lado dele querer organizar e compartilhar o conhecimento.”  Heloisa contou que seu desejo de registrar sobre o processo criativo de Ripper veio desde a cenografia elaborada em conjunto para o espetáculo Cometa Vassourinha, quando o cenógrafo desenvolveu uma pesquisa muito incomum, em que ele registrava todas as etapas da criação, para que no futuro escrevesse uma publicação sobre a criação da cenografia. Mas a ideia não foi adiante. E após a morte do artista, em contato com o acervo deixado por Ripper, Heloisa decidiu ampliar sua pesquisa e fazer sua tese de doutorado sobre ele. O arquivo, que ela catalogou, organizou e digitalizou resultou num primeiro livro e, posteriormente, na edição, agora lançada pela Funarte. “Comecei a escrever este que é uma pesquisa de imagem e aprofundei a pesquisa para falar de cada cenografia dele no cinema, no teatro, na ópera, nos shows. Mostrar um pouco do modo de criar dele, a ousadia dele nos projetos e as preocupações e o pensamento. É um passeio pela cenografia do Ripper, mas também tem muito aprendizado.”

O cenógrafo e diretor de arte José Dias, presente ao lançamento, destacou que a contribuição de Ripper para a cenografia no Brasil deveu-se à ousadia do artista ao romper com o espaço e sempre lutar pela qualidade, pela forma, a textura sem se preocupar muito com o realismo, e sim com a proposta e a linguagem cênicas. “Ele era mais que um cenógrafo, ele era um diretor de arte. Ele não trabalhava só a cenografia, só o figurino, ele trabalhava todo o conceito do espaço cênico. Essa contribuição do Ripper foi muito bem-vinda, numa época tão carente que a gente estava, a da ditadura. E ele conseguiu romper com tudo isso. Quando ele recebia prêmios, ele fazia questão de ir com um figurino completamente diferente – vestia túnicas, quebrando essa coisa rígida que a gente é, obrigado, muitas das vezes, a cumprir.” Dias que assina o prefácio de Luiz Carlos Mendes Ripper: Poesia e Subversão, lembra que o amigo era também um incentivador de sua arte e se preocupava com a formação dos novos profissionais da cenografia. “Era um batalhador, e quando começamos a construir o Centro Técnico Pernambuco de Oliveira, a grande ideia dele era fazer com que aquilo fosse um centro de formação de técnicos, de qualificação e aperfeiçoamento de técnicos de todo o Brasil. E lutamos pra que isso acontecesse, eu, ele, o Orlando Miranda, o Carlos Miranda. Para que fosse um espaço de reciclagem, de cenotécnica, que formasse maquinistas e os profissionais técnicos de teatro”, completa.

Também estiveram presentes ao lançamento, o cenógrafo Colmar Diniz, os atores Herson Capri e Bayard Tonelli, este um dos integrantes do grupo Dzi Croquetes e que trabalhou com Ripper no Centro Técnico Pernambuco de Oliveira. Representando a Fundação Nacional de Artes – Funarte estiveram presentes a coordenadora de Comunicação, Camilla Pereira; a gerente de Edições, Filomena Chiaradia; a diretora do Centro de Conservação e Preservação Fotográfica (CCPF), Sandra Baruki e o coordenador de Circo, Marcos Teixeira, além de outros.

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