Cauby! Cauby!

Cauby era o cantor de todos e todas. Amado pelo público mais segmentado da chamada “MPB” e amado também pelo maravilhoso público da música popular de massa. Empregadas domésticas, trabalhadores precarizados, jovens estudantes universitários de classe média, críticos musicais, todos sabiam que ele era aquele que conseguia realizar a potência da canção através do canto, como poucos antes dele. Talvez Orlando Silva, o cantor das multidões; Augusto Calheiros, a patativa do Norte; Silvio Caldas e, quem o sabe, até mesmo Vicente Celestino.

Cauby nunca subestimou a sensibilidade popular. Por isso foi grande. Cantou em diversas línguas, com vasto repertório, numa diversidade estética, poética e musical que só o engrandeceu. E que nos engrandeceu. Aliás, falando em grandeza, tudo nele era grande, afirmado, estelar. Ele não tinha medo de ser força plena, potência maior, realização artística brilhante e excelsa.

A biografia sobre ele, escrita por Rodrigo Faour, nos ensinou a amá-lo ainda mais. Como todo grande artista popular, sua vida tinha muito de grandeza trágica, momentos que ficam entre o brilho exagerado do comum e a obscuridade do silêncio da singularidade inacessível de si. A dor profunda do artista na solidão/multidão do palco, do público, da cidade, da casa, da voz.

Ficamos todos menores sem ele. Ficamos todos pequenos diante da força popular da sua alma de artista, da sua performance exuberante, do seu rosto expressivo e luminoso, da intensidade da sua voz sem fim.

Marcos Lacerda
Fundação Nacional de Artes – Funarte  |  Centro da Música
Diretor

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